Cinco Coisas
que Você Precisa Saber Sobre as eleições nos EUA
Um mês antes de os americanos
irem às urnas, em 6 de novembro, a BBC explica cinco questões centrais a essas
eleições:
1. Economia, o grande tema
Cerca de 80% dos eleitores dizem que a economia terá grande influência na maneira como vão votar, segundo uma pesquisa publicada na semana passada pela empresa Rasmussen Reports.
"O assunto mais importante é a economia, e empregos são apenas uma parte - muito importante - disso", disse o fundador da empresa, Scott Rasmussen. "E não é algo que preocupa apenas os desempregados - 28% dos trabalhadores temem perder seu emprego em breve".
"E tem o mercado
imobiliário. Apenas 47% dos que possuem casa própria acham que a casa vale mais
do que a hipoteca, o que é um índice inacreditável nos EUA. Nos ensinaram que
íamos crescer, comprar uma casa e ver seu valor subir", disse.
"Tantas pessoas se sentem traídas."
Os ex-presidentes Jimmy Carter e
George Bush (o pai), que governaram durante um único mandato cada, deixaram a
Casa Branca em períodos de deterioração econômica. Tanto que a campanha o
sucessor de Bush, Bill Clinton, tornou famoso o slogan "É a economia,
estúpido".
O desemprego continua acima dos
8% há 43 meses e a dívida federal passou dos US$ 16 trilhões, levando muitos
comentaristas a se perguntarem por que Obama não está atrás nas pesquisas. Ou a
questionarem se a economia seria mesmo um tema tão importante quanto os
eleitores dizem ser.
Os números não são apenas
negativos, disse Rasmussen. "Os americanos não sentem que estão melhores
do que estavam há quatro anos, mas tampouco sentem que estão piores, é por isso
que a eleição está tão competitiva."
Mas o fato de o presidente
liderar as pesquisas não quer dizer que a economia não seja uma questão
importante, acrescentou. Muitas pessoas que rejeitam Obama não estão certos de
que Romney faria melhor.
Além disso, muitos americanos
ainda culpam o antecessor George W Bush pelos problemas econômicos.
2. Apenas alguns Estados
realmente importam
Tudo depende dos chamados swing States (Estados-pêndulo), onde se trava a verdadeira batalha. Isso porque grande parte dos Estados Unidos é democrata ou republicana, e há pouca probabilidade de mudanças nesses locais.
Ohio, cujo índice de desemprego
está abaixo da média nacional, tem a reputação de líder nacional: em cada
eleição desde 1960, o Estado vem selecionando o candidato vitorioso nas
eleições presidenciais.
Os gastos de ambos os partidos
com suas campanhas nesse Estado, com 18 votos de colégios eleitorais, chegam a
dezenas de milhões de dólares.
Residências situadas em Ohio vêm
recebendo chamadas telefônicas automatizadas falando sobre as campanhas duas
vezes por semana nos últimos seis meses. E todas as noites o horário nobre na
televisão é dominado por anúncios políticos.
"Morei em seis Estados
diferentes e nunca vi tal saturação na TV, rádio e outras mídias", disse
Tim Gaddie, de 37 anos, estudante da Bowling Green State University, em Ohio.
"Na última eleição, estava
em Indiana e aqui o envolvimento é definitivamente maior. A coisa mais
irritante são os telefonemas, mas também têm seu lado bom. Acho bom que as
pessoas se importem, se envolvam e queiram ter uma discussão".
Existem dois Estados Unidos
durante a campanha eleitoral: um onde é difícil escapar do bombardeio dos
slogans e mensagens das campanhas e outro onde a vida segue quase normalmente.
3. O eleitorado está mudando
3. O eleitorado está mudando
A cada mês, 50 mil hispânicos ganham o direito ao voto nos Estados Unidos. A comunidade ultrapassou a marca dos 50 milhões em 2010 e corresponde hoje a 16,3% da população nacional.
Que significado terá o
crescimento da população hispânica para os Estados Unidos?
Esta é a primeira eleição em que ambos os candidatos apareceram em canais de televisão em língua espanhola, participando de um fórum sobre imigração.
Esta é a primeira eleição em que ambos os candidatos apareceram em canais de televisão em língua espanhola, participando de um fórum sobre imigração.
Em 2008, Obama obteve 68% dos
votos da população hispânica e deve conseguir mais ou menos o mesmo apoio dessa
vez, disse Gabriel Sánchez, especialista em política hispânica da Universidade
do Novo México.
"A questão não é se Romney
pode conseguir votos latinos suficientes para vencer, mas se o comparecimento
dos latinos vai ser alto o suficiente para o presidente vencer."
Conscientes de que a linha dura de Romney em relação à imigração pode estar custando caro em matéria de votos, republicanos influentes como Jeb Bush pediram que o candidato modere o tom quando falar sobre esse assunto.
Conscientes de que a linha dura de Romney em relação à imigração pode estar custando caro em matéria de votos, republicanos influentes como Jeb Bush pediram que o candidato modere o tom quando falar sobre esse assunto.
4. Não se trata apenas de Estados Unidos
A política externa ainda é tida como um assunto de segundo plano entre eleitores americanos, embora o assassinato, no mês passado, do embaixador americano na Líbia, Christopher Stevens, tenha empurrado o tema mais para cima na agenda da campanha. Agora, Irã, Israel e Afeganistão estão sendo amplamente discutidos na imprensa americana.
Romney, acusado de oportunista ao atacar Obama após a morte de Stevens, disse que o presidente tem sido muito brando no trato com o Irã e que traiu Israel.
Ele também jurou que vai falar
duro com a China em relação ao que chamou de "manipulação da moeda",
aumentando as chances de que haja uma guerra de comércio.
"Em um eleitorado tão grande
e diverso como o americano, haverá sempre um assunto quente de política
exterior", disse Shaun Bowler, professor de ciência política da
Universidade da Califórnia em Riverside.
"Por exemplo, você talvez
veja árabes americanos muito motivados por discussões sobre a questão
palestina, ou cubanos americanos motivados por políticas em relação a Cuba. No
clima atual, ainda há espaço para que a política externa desempenhe um
papel."
Outros temas que podem "trazer a política externa para o centro das discussões", diz ele, são o programa nuclear do Irã e a reação de Israel, o conflito na Síria ou atentados terroristas.
5. Quem quer que seja o vencedor, prepare-se para mais impasses políticos
Outros temas que podem "trazer a política externa para o centro das discussões", diz ele, são o programa nuclear do Irã e a reação de Israel, o conflito na Síria ou atentados terroristas.
5. Quem quer que seja o vencedor, prepare-se para mais impasses políticos
A eleição no dia 6 de novembro não escolherá apenas o presidente dos Estados Unidos: Todos os assentos na Câmara dos Representantes (deputados) e um terço dos assentos no Senado estão sendo disputados.
Se por um lado essas disputas não
têm recebido muita atenção, por outro podem ser decisivas para o sucesso do
presidente eleito, seja ele Obama ou Romney.
Os republicanos controlam a
Câmara e os democratas controlam o Senado. Então, a não ser que uma dessas
instituições mude de lado, os impasses recentes podem continuar. O número de
leis aprovadas em 2011 foi tão pequeno que criou-se o termo "do-nothing
Congress" (em tradução livre, Congresso do faz nada).
Essa inércia - que ganhou
proeminência no ano passado, quando o Congresso americano não conseguiu chegar
a um acordo de longo prazo sobre o teto da dívida pública do país - contribuiu
para baixos índices de aprovação do Legislativo pela opinião pública.
Temas centrais em debate nos EUA
Economia
Ética do Governo
Impostos
Saúde
Políticas Energéticas
Educação
Previdência Social
Imigração
Segurança Nacional
Fonte: Rasmussen
Dez importantes estados-pêndulo
Com base em sua população, cada estado possui um número de votos de colégios eleitorais
Quase todos os estados trabalham com um sistema do tipo 'o vencedor leva tudo'
Flórida (29 votos)
Pensilvânia (20)
Ohio (18)
Carolina do Norte (15)
Virgínia (13)
Wisconsin (10)
Colorado (9)
Iowa (6)
Nevada (6)
New Hampshire (4)
O presidente é eleito com 270 votos dos colégios eleitorais
A resposta soberana do Brasil contra a arrogância dos EUA
O Brasil respondeu à altura ao representante de
Comércio Exterior do governo dos EUA, Ron Kirk, que enviou ao Itamaraty uma
carta impertinente e mal educada criticando as medidas tomadas pelo governo
para proteger a economia nacional.
Na carta, os norte-americanos pedem ao Brasil que volte atrás nessa decisão, considerada por eles como "protecionista". Ron Kirk argumentou que as medidas "vão contra os esforços mútuos" de liberalizar o comércio no âmbito mundial, "erodem" as negociações comerciais multilaterais e prejudicariam "significativamente" as exportações dos EUA em áreas "cruciais" da sua pauta de exportações. "Os aumentos de tarifa significativamente restringem o comércio a partir dos níveis atuais e claramente representam medidas protecionistas", escreveu.
Na carta, os norte-americanos pedem ao Brasil que volte atrás nessa decisão, considerada por eles como "protecionista". Ron Kirk argumentou que as medidas "vão contra os esforços mútuos" de liberalizar o comércio no âmbito mundial, "erodem" as negociações comerciais multilaterais e prejudicariam "significativamente" as exportações dos EUA em áreas "cruciais" da sua pauta de exportações. "Os aumentos de tarifa significativamente restringem o comércio a partir dos níveis atuais e claramente representam medidas protecionistas", escreveu.
Além da crítica às medidas tomadas por um governo
cioso da soberania nacional, a carta trouxe algumas ameaças muito claras,
falando em “responder na mesma moeda”, e manifestando, “em termos fortes e
claros”, a preocupação dos Estados Unidos em relação às medidas tomadas pelo
Brasil (e também pelo Mercosul).
A resposta brasileira foi uma clara e direta
reafirmação da soberania brasileira e de repúdio contra a arrogância. Segundo o
Itamaraty, a carta é "injustificável" e "inaceitável".
"Não gostamos nem do conteúdo nem da forma. Consideramos injustificadas as
críticas, não têm fundamento", disse o porta-voz do Ministério das
Relações Exteriores. Trata-se, enfatizou, de uma forma de comunicação que “não
é aceitável, não ajuda e não reflete” o “bom relacionamento" entre os dois
países.
No passado, os governos brasileiros foram, quase
sempre, submissos às pressões vindas de Washington, principalmente durante os
mandatos de Fernando Henrique Cardoso.
Isso mudou, como a resposta do Itamaraty confirma e o Brasil não aceita mais a bisbilhotice estrangeira nos negócios nacionais. A tomada de decisões em defesa da economia brasileira não ultrapassou os parâmetros estabelecidos pela Organização Mundial do Comércio (OMC), uma vez que a nova alíquota média para taxar as importações, que passou dos 12% para 25% para produtos industrializados estrangeiros, está muito abaixo do limite de 35% estabelecido por aquela entidade.
Isso mudou, como a resposta do Itamaraty confirma e o Brasil não aceita mais a bisbilhotice estrangeira nos negócios nacionais. A tomada de decisões em defesa da economia brasileira não ultrapassou os parâmetros estabelecidos pela Organização Mundial do Comércio (OMC), uma vez que a nova alíquota média para taxar as importações, que passou dos 12% para 25% para produtos industrializados estrangeiros, está muito abaixo do limite de 35% estabelecido por aquela entidade.
As novas alíquotas representam medidas de defesa
contra medidas predatórias dos países ricos e dos EUA que, elas sim, ameaçam o
desenvolvimento brasileiro. São medidas necessárias e soberanas, e o julgamento
sobre sua conveniência cabe apenas às autoridades brasileiras. A reação dos EUA
contra elas, considerada “absurda” pelo ministro da Economia Guido Mantega,
revela uma pretensão de mando e submissão superada, que o Brasil não aceita,
nem pode aceitar.