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sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Genocídio praticado pelos EUA...


O Massacre de My Lai

     My Lai era o nome da aldeia vietnamita que em 16 de março de 1968 mais de 500 civis na maioria mulheres, crianças e idosos foram torturados, violentados sexualmente e executados pelos soldados do Exército dos Estados Unidos da América. Alguns corpos foram mutilados pelos soldados americanos. Foi o maior massacre de civis ocorrido durante a Guerra do Vietnã (1955-1975).
     Na véspera da operação, integrantes da Companhia Charlie, da 11ª Brigada de Infantaria, mandados à região por denúncias de que a área estaria servindo de refúgio para guerrilheiros da FNL (Frente Nacional de Libertação do Vietnã), foram informados pelo comando norte-americano que os habitantes de My Lai e das aldeias vizinhas saíam para o mercado da região as sete da manhã para compra de comida e que, consequentemente, aqueles que ficassem na área seriam guerrilheiros vietcongs ou simpatizantes.


Como consequência, integrantes de um dos pelotões da companhia, comandados pelo tenente William Calley, rumaram para o local. Muitos soldados dessa unidade haviam sido mortos ou feridos em combates, nos dias anteriores.

     Quando as tropas penetraram na aldeia, o tenente Calley, lhes disse: "É o que vocês estavam esperando: uma missão de procurar e destruir". Calley diria mais tarde ter recebido ordens para "limpar My Lai", considerada um feudo dos combatentes da FNL. "As ordens eram para matar tudo o que se mexesse", diria mais tarde um dos militares americanos ao jornalista Seymour Hersh, que daria a conhecer ao mundo o horror praticado pelo exército dos EUA naquela aldeia .
Sob o comando de Calley, o pelotão não poupou ninguém. Em apenas quatro horas, mataram os animais, queimaram as choupanas, violaram e mutilaram as mulheres, assassinaram homens e trucidaram as crianças. Para sobreviver, alguns habitantes tiveram que fingir-se de mortos, passando horas no meio dos cadáveres. No final da orgia de sangue, havia 504 cadáveres dos aldeões, em sua grande maioria idosos, mulheres e crianças (cerca de 170), todos desarmados e assassinados a sangue frio. Ron Haeberle, fotógrafo militar que acompanhava o pelotão, encarregou-se de imortalizar a chacina.


No Ocidente, o episódio é conhecido como o massacre de My Lai, e no Vietnã, como Son My, o nome do povoado a que pertenciam as quatro aldeias, entre elas My Lai, que serviram de cenário para a orgia matinal de atrocidades, celebrada pelos homens da Companhia Charlie, dirigida pelo capitão Ernest Medina.
Cerca de vinte pessoas sobreviveram. As casas foram incendiadas, e as quatro aldeias reduzidas a cinzas. Quando acabou a guerra, em 1975, alguns voltaram para recomeçar a vida na terra de seus ancestrais. Seis deles permanecem na comunidade, rebatizada pela República Socialista do Vietnã como Tinh Khe.
O massacre só foi interrompido graças à iniciativa heróica do piloto de helicóptero, Hugh Thompson, Jr., que vendo do alto a matança, pousou o aparelho e ameaçou atirar com as metralhadoras de sua própria nave contra os soldados americanos.


O crime só veio a público um ano depois, devido a denúncias saídas de dentro do exército, por soldados que testemunharam ou ouviram os detalhes do caso – e um deles, Ronald Ridenhour, escreveu a diversos integrantes do governo americano, inclusive ao Presidente Nixon – e chegaram a órgãos de imprensa e às televisões. Jornalistas independentes conseguiram fotos dos assassinatos e as estamparam na mídia mundial, ajudando a aumentar o horror e os esforços dos pacifistas a pressionar o governo Nixon a se retirar do Vietnã.
Em março de 1970, 25 soldados foram indiciados pelo exército dos Estados Unidos por crime de guerra e ocultação de fatos e provas no caso de My Lai. Comparado pela mídia aos genocídios de Oradour-sur-Glane e Lídice durante a Segunda Guerra Mundial, que causou a condenação e execução de diversos oficiais nazistas, apenas o tenente William Calley, comandante do pelotão responsável pelas mortes foi indiciado e julgado.

Condenado à prisão perpétua, Calley foi perdoado dois dias depois da divulgação da sentença pelo Presidente Richard Nixon, cumprindo uma pena alternativa de três anos e meio em prisão domiciliar na base militar de Fort Benning, na Geórgia.
  

Envolvidos no massacre

Oficiais:
  • William L. Calley. 2º Tenente. Líder do 1º Pelotão da Companhia Charlie. Foi o único a ser condenado pelo massacre.
  • Frank A. Barker. Tenente-Coronel, comandante da Força-Tarefa Barker. Ordenou a destruição da aldeia e de seus habitantes. Foi morto em combate no dia 13 de junho de 1968.
  • Stephen Brooks. Tenente. Líder do 2º Pelotão da Companhia de Charlie.
  • Oran K. Henderson. Coronel. Sobrevoou a aldeia em seu helicóptero e ordenou o ataque.
  • Samuel W. Koster. General, comandante da Divisão Americal. Cuidou de encobrir o que acontecera em My Lai.
  • Eugene Kotouc. Capitão da inteligência militar. Forneceu as informações sobre a aldeia atacada. Suspeito de ter participado de torturas e execuções sumárias, após o episódio de My Lai.
  • Ernest Medina. Capitão, comandante da Companhia Charlie. Planejou, autorizou e supervisionou as operações em My Lai.
  • Michael Bernhardt. Sargento. Por ter se recusado a participar da matança dos civis em My Lai, recebeu ameaças do capitão Medina. A partir de então, foi designado para várias missões muito arriscadas, mas saiu ileso delas. Foi uma das testemunhas no inquérito sobre o massacre. Em 1970, recebeu o prêmio "Humanista Ético".
  • Herbert Carter. Feriu-se acidental ou intencionamente (recebeu um tiro no pé), sendo retirado do local onde ocorria o massacre.
  • Dennis Conti. No inquérito, declarou que, inicialmente, recusou-se a atirar contra os camponeses de My Lai, mas depois disparou com seu lançador de granada M79 sobre um grupo de pessoas que tentava fugir do massacre.
  • James Dursi. Matou uma mulher e sua criança, mas depois (segundo seu depoimento no Inquérito) negou-se a continuar matando.
  • Ronald Grzesik. Líder de equipe. Participou do agrupamento dos moradores de My Lai, mas alegou ter se recusado a matá-los.
  • Robert Maples. Afirmou, no Inquérito, ter se recusado a participar do massacre.
  • Paul Meadlo. Incialmente negou, mas depois admitiu sua participação na carnificina.
  • David Mitchell. Sargento. Apesar do depoimento de testemunhas que afirmaram tê-lo visto atirando sobre os civis de My Lai, foi declarado inocente no Inquérito.
  • Varnado Simpson . Suicidou-se em 1997, alegando não suportar o sentimento de culpa por ter cometido vários assassinatos em My Lai.
  • Harry Stanley. Alegou ter se recusado a participar da matança.
  • Ezequiel Torres. Torturou um velho aldeão de My Lai que ele encontrou com uma perna enfaixada (considerada suspeita). Atirou contra um grupo de dez mulheres e cinco crianças em uma cabana. Depois, recebeu ordens de Calley para disparar sua M60 contra os civis da aldeia. Ele teria disparado um única vez e depois se recusado a continuar. Então, Calley lhe teria tirado a arma das mãos, disparando ele próprio.
  • Frederick Widmer. No inquérito, descreveu com detalhes ter matado um menino de My Lai que estava com um braço despedaçado por um tiro. Ele olhou bem na cara da criança e disparou. “Gosto de pensar que pratiquei um ato de clemência. Mas sei que não foi direito” - declarou.

   
Citações:
"Eram muitos soldados, aproximaram-se da casa atirando nas galinhas e os patos. Matavam tudo o que viam. Sentimos um medo atroz. Na casa, estávamos minha mãe, minha filha de 16 anos, meu filho de seis e eu, que estava grávida. Apontaram suas armas para nós e pediram que saíssemos e fôssemos até o açude. (...) Havia muita gente no açude. Empurraram-nos para dentro dele a coronhadas. Juntávamos as mãos e implorávamos para que não nos matassem, mas eles começaram a disparar. Senti como se as balas me mordessem nas costas e na perna, vi como elas arrancaram metade do rosto de minha filha, e então desmaiei. O frio me devolveu a consciência. Meu filho pequeno jazia a meu lado. Não conseguia andar. Arrastei-me para chegar à minha casa e beber água porque estava com uma sede terrível. No caminho encontrei os corpos nus de muitas jovens. Eles as haviam violado e assassinado"
- Ha Thi Quy, 83 anos em 2008.
"Ainda ouço com nitidez os gritos dos soldados que irromperam em minha casa naquela manhã. ‘Tudi maus, tudi maus!’ Não sei o que isso queria dizer. Nem sei se era inglês ou uma imitação de vietnamita, mas era o que gritavam enquanto apontavam para nós e faziam sinais para sairmos. ‘Tudi maus, tudi maus!’ Minha mãe me disse para fugir e me esconder. Minhas irmãs corriam atrás de mim seguidas pela minha mãe com meus dois irmãos pequenos; o menor, tinha dois anos. Quando íamos entrar no abrigo, nos metralharam. Seus corpos caíram sobre mim".
- Cong Pham Thanh, que tinha onze anos no dia do massacre.
"Sobrevoamos uma vala em que haviam sido mortos mais de cem vietnamitas. Andreotta percebeu movimentos, então Thompson aterrissou novamente. Andreotta foi diretamente até a vala. Teve que caminhar entre cadáveres que chegavam à altura de sua cintura para resgatar um menino pequeno. Eu fiquei de pé, em campo aberto. Ele se aproximou e me entregou o menino, mas a vala estava tão cheia de cadáveres e de sangue que ele não conseguia sair. Estendi o meu rifle para ele e o ajudei a sair".
- Larry Colbrun, artilheiro do helicóptero pilotado por Hugh Thompson.
"Não se passa um só dia que seja em que eu não sinta remorsos pelo sucedido em My Lai. Se me perguntar porque eu fiz aquilo, só posso dizer que eu não passava de um segundo tenente a receber ordens do meu superior hierárquico, e que obedeci".
- Wiliiam Calley, citado por um diário da cidade de Columbus, na Georgia.


Oficial do massacre de My Lai pede perdão 40 anos depois

Tenente que comandava a companhia responsável pela morte de 300 a 500 pessoas falou pela primeira vez sobre os acontecimentos de 1968.
Foi num tom de voz pausado e seguro, embargado pela emoção no final, que o antigo tenente William L. Calley pediu perdão pelo massacre da população da aldeia vietnamita de My Lai, sucedido a 16 de Março de 1968.
"Não se passa um só dia que seja em que eu não sinta remorsos pelo sucedido em My Lai", disse Calley, citado por um diário da cidade de Columbus, na Georgia, onde proferiu o pedido de desculpas quarta-feira, ainda que as suas declarações só tenham sido conhecidas ontem.
Calley, que foi o único oficial condenado pela justiça militar americana no massacre em que terão morrido entre 300 a 500 pessoas (ver caixa), falava numa reunião dos Kiwanis Internacional (organização de apoio e formação de jovens), tendo sido aplaudido longamente de pé por quase todos os 50 convidados, segundo testemunho de alguns presentes.
"Sinto remorsos pelos vietnamitas que foram mortos, pelos seus familiares, pelos soldados americanos envolvidos no caso e pelas famílias destes. Lamento profundamente o sucedido", disse Calley, actualmente com 66 anos.
Ciclicamente requisitado por jornalistas para dar entrevistas sobre o sucedido, Calley recusou sempre - constituindo a intervenção de quarta-feira a primeira vez que o antigo tenente alguma vez se referiu publicamente ao caso, que, na época, provocou uma onda de reacções críticas na América e no mundo.


Fonte: History Channel.

Caio Prado Jr...




Relatório de leitura do texto

‘‘Sentido da Colonização’’

Do livro: Formação do Brasil Contemporâneo – Caio Prado Jr.

Breve Comentário do trabalho:
  

Temos por objetivo, criar um relatório de leitura analisando o pensamento do historiador Caio Prado Júnior apontando as inovações e as contribuições do livro ‘‘A Formação do Brasil Contemporâneo’’.

Relatório de Leitura do Texto: ‘‘Sentido da Colonização’’ – Caio Prado Junior.

Caio Prado Junior nascido em 11 de fevereiro de 1907, falecido em São Paulo, 23 de novembro de 1990, foi historiador, geógrafo, escritor, político e editor brasileiro.
Abordaremos nessa resenha o trabalho do historiador e sua ótica acerca da evolução do Brasil no decorrer de três séculos que passamos sobre o domínio lusitano.
Em seu capítulo ‘‘O Sentido da Colonização’’, o historiador buscou analisou a sociedade colonial brasileira com respaldo em ideias desenvolvidas por Karl Marx seguindo a linha do ‘‘Materialismo Histórico’’. Sua ideia central é de que o autor vê na colônia uma sociedade cuja estrutura e funcionamento foram determinadas pelo comércio exterior e portanto, um mero empreendimento a serviço do capital de comércio europeu.

‘‘O início do século XIX não se assinala para nós unicamente por estes acontecimentos relevantes que são a transferência da sede da monarquia portuguesa para o Brasil e os atos preparatórios da emancipação política do país’’. (p.7). Em 22 de janeiro de 1808, Dom João e sua corte lusitana desembarcam no Rio de Janeiro. Foi a primeira vez que a família real portuguesa pisava no solo dos trópicos.
Para Caio Prado Júnior, o passado colonial e escravista do Brasil, cuja razão de sua existência era a de produzir em larga escala, visando o mercado exterior, com sua necessária permanência da mão de obra escrava, está profundamente impressa nas instituições econômicas e sociais nos dias de hoje (devemos nos lembrar que Caio Prado Júnior escreveu esse livro durante a Segunda Grande Guerra Mundial em 1942 e ainda assim podemos ver que sua obra não se encontra obsoleta, a julgar pela composição atual de nossa organização política). Para o autor, o caráter colonial permanecia na estruturação da sociedade brasileira.

As Navegações Lusas em busca de Capital


‘‘No alvorecer do século XV, a história portuguesa muda de rumo’’ [...] ‘‘Portugal vai se transformando num país marítimo; desliga-se por assim dizer, do continente, e volta-se para o oceano que se abria para o outro lado; não tardará, com suas empresas e conquistas no ultramar, em se tornar uma grande potência colonial ’’. (p.16).
Devemos lembrar que Portugal foi pioneiro nas Grandes Navegações no século XV, pois foi o primeiro reino da Europa a se estabelecer politicamente. Possuíam uma religião pré-estabelecida (Católica) e não sofria de guerras políticas ou religiosas, como o caso da França e Inglaterra por exemplo. Podemos ainda mencionar seu posicionamento geográfico pois Portugal em toda sua costa é banhada pelo Oceano Atlântico (o que facilitou a expensão).

O desenvolvimento desse ‘‘capitalismo’’ (aspas pois o termo é anacrônico para a época) está relacionado a expansão marítimo-comercial européia, cujos resultados foram o descobrimento de novas rotas de comércio para o Oriente e o descobrimento, expansão e conquista colonial da América. A burguesia lusitana almejava assegurar um fornecimento de mercadorias e metais preciosos ao mesmo tempo abalar o monopólio italiano, em particular o da cidade de Gênova que nesse momento estava em seu apogeu devido aos mercadorias orientais. No solo de Portugal não se produzia nada, o povo luso era um fiasco em produção além do fato que seu solo não era fértil para plantio em larga escala (que era seu objetivo). Sem contar que também não possuíam exército de trabalhadores para serviço braçal como afirma o próprio autor:
‘‘Em Portugal, a população era tão insuficiente que a maior parte do território se achava ainda, em meados do século XVI, inculta e abandonada’’. (p.27).
Como mencionamos acima, a limitação do mercado consumidor, o esgotamento das minas de metais preciosos e o monopólio italiano no Mediterrâneo provocaram a busca de uma alternativa para expansão comercial. Ou seja, a expansão-marítimo comercial européia foi resultante da busca soluções para uma série de problemas que não só Portugal, mas toda Europa vinha enfrentando no século XIV. A solução final seria trazer um produto que todos pudessem consumir a um preço bem customizado, as especiarias (que já eram explorada nas Índias).

Para Caio Prado Júnior, as expansão marítima dos países da Europa, depois do século XV, expansão de que o descobrimento e a colonização da América constituem o capítulo que particularmente nos interessa aqui, se origina de simples empresas comerciais levadas a efeito pelos navegadores daqueles países.
Em suma, Caio Prado Júnior foi o pioneiro a abordar os trezentos anos de período colonial. Embora sua obra possa parecer de leitura redundante, sua obra é essencial para compreendermos o Brasil contemporâneo e globalizado. Embora o autor seja um historiador da história econômica, Raízes do Brasil faz um analisa rica tanto no que tange a cultura, artes e até mesmo indústria.
Caio Prado Júnior foi neto do maior exportador de café do mundo. Aristocrata e de linhagem refinada, sua obra ressalta os frutos de seu tempo (1942) e por isso sua obra embora possa parecer elitista, seu livro deve ser lido com cuidado para que os leitores não venham a cometer anacronia psicológica.


Referência bibliográfica: Caio Prado Jr. ‘‘Sentido da Colonização’’. In: Formação do Brasil Contemporâneo. São Paulo: Brasiliense, 1996 (23° Ed.).

Por Filipe Avelar