Total de visualizações de página

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

A Ordem que Dominou o Novo Mundo


Educação Jesuíta na Colônia





 Para nos inteirarmos de toda a dinâmica da Companhia de Jesus é preciso antes entender toda conjuntura histórica em que ela se erigiu, para que possamos analisar e compreender seus verdadeiros objetivos.
     A Europa se encontrava em muitos conflitos e entre eles podemos acentuar, sobretudo, os conflitos religiosos. O Renascimento Cultural e Humanístico e a Reforma Protestante (1521-1555) colaboraram para modificações e transformações no campo político, econômico, cultural e religioso no continente europeu, os quais envolveram líderes do reino (reis, príncipes, etc.) tanto de cunho católico como protestante. Apesar de todos os conflitos travados na Europa, a Reforma Protestante foi a que mais levantou perturbação e inquietação no seio da Igreja Católica e mobilizou uma atitude e ação imediatista para resolução deste ’’problema’’.
     O objetivo real e final dos padres da Contra Reforma era na verdade uma nova organização da estrutura interna, o que era reivindicado por muitos membros do corpo eclesiástico. Na Europa os jesuítas fundaram colégios para educar e instruir os filhos que eram membros das elites que tinha se enriquecido e aumentado seu status social durante o período mercantilista. A Companhia de Jesus surge com diversos propósitos, porém atrelado aos interesses mesquinhos e totalitaristas da Igreja e da Coroa. Quanto aos ‘’negros da terra’’ (forma lusitana de chamar os índios da colônia), o objetivo era catequizá-los e convertê-los a fé da ‘’única e verdadeira Igreja de Deus aqui na Terra’’. Para os filhos dos colonos a Ordem jesuítica tinha como projeto transformá-los em novos padres e os preparar para as universidades de Portugal, sobretudo para a mais ilustre e renomada da época que era a de Coimbra.
     Para alcançar através da evangelização os ‘’gentios’’ e os ‘’infiéis’’ os Jesuítas se organizaram de duas formas diferentes. Para alcançar o coração dos gentios era necessário viver com eles, mesmo os Jesuítas abominando o modo de vida dos nativos era preciso ‘’ajudá-los’’ cuidando de suas doenças, ensinando técnicas artesanais e agrícolas, com o intuito de catequizá-los. Com isso nasce as missões e os aldeamentos. Já com os infiéis era preciso atuar de forma distinta a dos gentios, dessa forma propuseram o batismo das crianças e a educação dos jovens, doutrinando-os assim a controlarem sua moralidade baseado na religiosidade européia (o que em nada tinha a ver com a realidade desse povo). Outra forma muito peculiar deles para catequizar e ‘’educar’’ era através de convencimento, um método tradicional (que chegava a ser cômico) ocorria através de uma tentativa de aproximação com os índios por meio de mímicas, saudações com gestos com as mãos e corpo, presentes e discursos (esse último quase sempre não se entendia nada pelos índios). Essas imensas dificuldades acabaram por fazer eclodir a ídeia reacionária dos padres de se criar os colégios.
     Os Jesuítas necessitavam de uma região (terreno) para iniciarem o processo educacional na colônia e isso só seria possível mediante a posse de terras e construções dos colégios. Esses por sua vez seriam de impacto colossal para a realização do objetivo da Ordem.
     Se tratando da historiografia brasileira, principalmente no que tange ao período colonial, o papel da Companhia de Jesus possui um lugar central. A ações do Jesuítas estavam subordinadas aos interesses econômicos e jurídicos da coroa portuguesa e foram apoiadas e outorgadas pela Igreja (incluindo a organização de aldeamentos indígenas). Com a segregação dos indígenas em suas grandes aldeias, os Jesuítas nos seios das populações aborígines desenvolveram uma influência destrutiva e profunda. Alteraram assim toda vida social dos índios. Esses povos acostumados a vida dispersa e Nômade, se degradavam quando compelidos a grande concentração e sedentarização absoluta e diária. Os ‘’soldados de cristo’’ atuaram mesmo que isso soe de forma paradoxal tanto de forma maléfica quanto benéfica, dependendo da ótica em que se analisará a sua aculturadora atuação na colônia. Mesmo sendo responsáveis pela destruição de uma cultura para impor sua cultura eurocentrista, os jesuítas foram os grandes responsáveis pela construção e propagação da língua geral, o tupi-guarani. Isso porque para os jesuítas uma grande barreira era a língua falada pelos nativos. Mesmo tendo muitas dificuldades com seus costumes nudistas, migrações nômades, rituais de antropofagia, etc.; A língua dos nativos era uma das grandes barreiras para a missão de convertimento.
     Direcionando sua cultura e seus ‘’ensinamentos’’ aos curumins, os jesuítas assim destruíam qualquer probabilidade de transmissão de valores, crenças, costumes e cultura dos índios mais velhos para os mais novos (posto que os ensinamentos dos ancestrais sempre foram muito respeitados entre os índios). Vale ressaltar que os jesuítas respaldavam seu método pedagógico no ‘’Ratio Studiorium’’ que se tratava de um documento antigo romano que servia para regulamentar o ensino nos colégios jesuíticos; Na verdade, um manual pormenorizado que indicava a responsabilidade, desempenho, subordinação e outros relacionamentos que envolvia a hierarquia escolar, professores e alunos, além de abranger métodos de organização e administração escolar.
O documento oficial era dividido em três disciplinas: Letras ou Humanidades, Filosofia e Ciências, Teologia ou Ciências Sagradas. Quanto às avaliações, era avaliado o nível de interesse do aluno na realização da tarefa, além do envolvimento e o desenvolvimento, isso era realizado diariamente.
  

Conclusão

     O ensino era uma simbiose entre a Catequese e o ensinamento das primeiras letras para disseminar a língua portuguesa como marca do conquistador no Novo Continente.
Essa forma de educação foi utilizada pelo reinol lusitano para que justificasse a tomada de posse das terras ‘‘brasílicas’’ e principalmente conseguir a aproximação indígena.
Visto por esse ângulo, o ensino jesuítico foi utilizado apenas e tão somente como instrumento para "amansar" e "domesticar" os indígenas que segundo os textos dos colonizadores, não tinham Deus, Ordem e nem Lei. Isto é, não tinham Religião, Nação e nem Justiça.
     Essa disciplina que os jesuítas passavam naquela época era ministrada no método: ler, escrever e contar, alguns historiadores também afirmam que os jesuítas ensinavam através de brincadeiras, jogos, etc. Ciência julgada como suficiente para "educar" os novos habitantes, acrescido da transmissão da Religião Católica Romana e também da linguagem. No entanto, era colossal que esses "educadores" ensinassem de forma alienante uma obediência e submissão, necessário para subjugá-los, explorá-los e cativá-los. O fato é tão verídico que se for examinado no mesmo texto veremos as estigmas dessa dicotomia entre dominador (português) e dominado (povos indígenas), não omitindo, no entanto o interesse pelo ouro e prata que poderiam ser encontrados no "Eldorado Brasileiro", bem como perceberemos se for relida a história que por ordem do Marquês de Pombal, os jesuítas foram praticamente expulsos do Brasil, uma vez que já haviam cumprido o grande interesse da coroa lusitana. 




                                                                                    Por: Driele Nunes e Filipe Avelar.