Educação Jesuíta na Colônia
Para nos inteirarmos
de toda a dinâmica da Companhia de Jesus é preciso antes entender toda
conjuntura histórica em que ela se erigiu, para que possamos analisar e
compreender seus verdadeiros objetivos.
A Europa
se encontrava em muitos conflitos e entre eles podemos acentuar, sobretudo, os
conflitos religiosos. O Renascimento Cultural e Humanístico e a Reforma
Protestante (1521-1555) colaboraram para modificações e transformações no campo
político, econômico, cultural e religioso no continente europeu, os quais envolveram
líderes do reino (reis, príncipes, etc.) tanto de cunho católico como
protestante. Apesar de todos os conflitos travados na Europa, a Reforma
Protestante foi a que mais levantou perturbação e inquietação no seio da Igreja
Católica e mobilizou uma atitude e ação imediatista para resolução deste
’’problema’’.
O objetivo
real e final dos padres da Contra Reforma era na verdade uma nova organização
da estrutura interna, o que era reivindicado por muitos membros do corpo
eclesiástico. Na Europa os jesuítas fundaram colégios para educar e instruir os
filhos que eram membros das elites que tinha se enriquecido e aumentado seu
status social durante o período mercantilista. A Companhia de Jesus surge com
diversos propósitos, porém atrelado aos interesses mesquinhos e totalitaristas
da Igreja e da Coroa. Quanto aos ‘’negros da terra’’ (forma lusitana de chamar
os índios da colônia), o objetivo era catequizá-los e convertê-los a fé da
‘’única e verdadeira Igreja de Deus aqui na Terra’’. Para os filhos dos colonos
a Ordem jesuítica tinha como projeto transformá-los em novos padres e os
preparar para as universidades de Portugal, sobretudo para a mais ilustre e
renomada da época que era a de Coimbra.
Para
alcançar através da evangelização os ‘’gentios’’ e os ‘’infiéis’’ os Jesuítas
se organizaram de duas formas diferentes. Para alcançar o coração dos gentios
era necessário viver com eles, mesmo os Jesuítas abominando o modo de vida dos
nativos era preciso ‘’ajudá-los’’ cuidando de suas doenças, ensinando técnicas
artesanais e agrícolas, com o intuito de catequizá-los. Com isso nasce as
missões e os aldeamentos. Já com os infiéis era preciso atuar de forma distinta
a dos gentios, dessa forma propuseram o batismo das crianças e a educação dos
jovens, doutrinando-os assim a controlarem sua moralidade baseado na
religiosidade européia (o que em nada tinha a ver com a realidade desse povo). Outra
forma muito peculiar deles para catequizar e ‘’educar’’ era através de
convencimento, um método tradicional (que chegava a ser cômico) ocorria através
de uma tentativa de aproximação com os índios por meio de mímicas, saudações
com gestos com as mãos e corpo, presentes e discursos (esse último quase sempre
não se entendia nada pelos índios). Essas imensas dificuldades acabaram por
fazer eclodir a ídeia reacionária dos padres de se criar os colégios.
Os
Jesuítas necessitavam de uma região (terreno) para iniciarem o processo
educacional na colônia e isso só seria possível mediante a posse de terras e
construções dos colégios. Esses por sua vez seriam de impacto colossal para a
realização do objetivo da Ordem.
Se
tratando da historiografia brasileira, principalmente no que tange ao período
colonial, o papel da Companhia de Jesus possui um lugar central. A ações do Jesuítas
estavam subordinadas aos interesses econômicos e jurídicos da coroa portuguesa
e foram apoiadas e outorgadas pela Igreja (incluindo a organização de
aldeamentos indígenas). Com a segregação dos indígenas em suas grandes aldeias,
os Jesuítas nos seios das populações aborígines desenvolveram uma influência
destrutiva e profunda. Alteraram assim toda vida social dos índios. Esses povos
acostumados a vida dispersa e Nômade, se degradavam quando compelidos a grande
concentração e sedentarização absoluta e diária. Os ‘’soldados de cristo’’ atuaram
mesmo que isso soe de forma paradoxal tanto de forma maléfica quanto benéfica,
dependendo da ótica em que se analisará a sua aculturadora atuação na colônia.
Mesmo sendo responsáveis pela destruição de uma cultura para impor sua cultura eurocentrista, os jesuítas foram os
grandes responsáveis pela construção e propagação da língua geral, o tupi-guarani. Isso porque para os
jesuítas uma grande barreira era a língua falada pelos nativos. Mesmo tendo
muitas dificuldades com seus costumes nudistas, migrações nômades, rituais de
antropofagia, etc.; A língua dos nativos era uma das grandes barreiras para a
missão de convertimento.
Direcionando sua cultura e seus ‘’ensinamentos’’ aos curumins, os
jesuítas assim destruíam qualquer probabilidade de transmissão de valores,
crenças, costumes e cultura dos índios mais velhos para os mais novos (posto
que os ensinamentos dos ancestrais sempre foram muito respeitados entre os
índios). Vale ressaltar que os jesuítas respaldavam seu método pedagógico no ‘’Ratio Studiorium’’ que se tratava de um
documento antigo romano que servia para regulamentar o ensino nos colégios
jesuíticos; Na verdade, um manual pormenorizado que indicava a responsabilidade, desempenho, subordinação e outros
relacionamentos que envolvia a hierarquia escolar, professores e alunos, além
de abranger métodos de organização e administração escolar.
O documento oficial era dividido em três
disciplinas: Letras ou Humanidades, Filosofia e Ciências, Teologia ou Ciências
Sagradas. Quanto às avaliações, era avaliado o nível de interesse do aluno na
realização da tarefa, além do envolvimento e o desenvolvimento, isso era
realizado diariamente.
Conclusão
O ensino era uma simbiose entre a
Catequese e o ensinamento das primeiras letras para disseminar a língua
portuguesa como marca do conquistador no Novo Continente.
Essa forma de educação foi utilizada pelo reinol lusitano para que justificasse a tomada de posse das terras ‘‘brasílicas’’ e principalmente conseguir a aproximação indígena.
Visto por esse ângulo, o ensino jesuítico foi utilizado apenas e tão somente como instrumento para "amansar" e "domesticar" os indígenas que segundo os textos dos colonizadores, não tinham Deus, Ordem e nem Lei. Isto é, não tinham Religião, Nação e nem Justiça.
Essa forma de educação foi utilizada pelo reinol lusitano para que justificasse a tomada de posse das terras ‘‘brasílicas’’ e principalmente conseguir a aproximação indígena.
Visto por esse ângulo, o ensino jesuítico foi utilizado apenas e tão somente como instrumento para "amansar" e "domesticar" os indígenas que segundo os textos dos colonizadores, não tinham Deus, Ordem e nem Lei. Isto é, não tinham Religião, Nação e nem Justiça.
Essa disciplina que os jesuítas passavam
naquela época era ministrada no método: ler, escrever e contar, alguns
historiadores também afirmam que os jesuítas ensinavam através de brincadeiras,
jogos, etc. Ciência julgada como suficiente para "educar" os novos
habitantes, acrescido da transmissão da Religião Católica Romana e também da
linguagem. No entanto, era colossal que esses "educadores" ensinassem
de forma alienante uma obediência e submissão, necessário para subjugá-los,
explorá-los e cativá-los. O fato é tão verídico que se for examinado no mesmo
texto veremos as estigmas dessa dicotomia entre dominador (português) e
dominado (povos indígenas), não omitindo, no entanto o interesse pelo ouro e
prata que poderiam ser encontrados no "Eldorado Brasileiro", bem como
perceberemos se for relida a história que por ordem do Marquês de Pombal, os
jesuítas foram praticamente expulsos do Brasil, uma vez que já haviam cumprido
o grande interesse da coroa lusitana.
Por: Driele Nunes e Filipe Avelar.
Acho que este texto me é bastante familiar rsrs
ResponderExcluirrsrsr não é atoa que foi criado pela gente!
ExcluirOlá, Filipe e Driele! Na Amazônia, a presença dos jesuítas foi fortíssima. Aqui, temos uma igreja, Igreja de Santo Alexandre, que hoje é museu de arte sacra, local que, antes de ser igreja era a Escola dos Jesuítas. No acervo do museu, é impressionante a característica dos traços nativos em esculturas sacras, tipo assim: Jesus menino é a imagem de um curumim, muito interessante! No século XVII e XVIII, haviam missões que se encarregavam de fazer a catequese, para tanto, era praticado o "descimento" dos nativos de suas tribos de origem. Era a política do descimento, o nativo "descido", era o nativo cristianizado e inserido no sistema colonial mercantilista português. Obrigada!
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