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sábado, 17 de novembro de 2012

Racismo Norte-Americano está no sangue...



Secessão Nos EUA


      Após as guerras contra o México, a tomadas de território a oeste (o que culminou na dizimação da população indígena), o sentimento expansionista continuou presente dentro dos interesses Americanos por vários motivos (o sonho de construir um país de costa a costa exemplificaria um desses motivos), entretanto as regiões norte e sul apresentavam expectativas diversificadas quanto ao aumento territorial. O sul com seu sistema essencialmente escravista e agrícola e o norte fundamentalmente industrial e com uma nascente classe média, apesar das divergências entre as necessidades encontradas, ainda assim, demonstra-se um pensamento de comum acordo nas duas regiões, a concepção da superioridade branca, sendo esta inquestionável nos dois pólos dos E.U.A, deixando explicita que tanto no norte, porém de forma mais acanhada, quanto no sul o racismo se fazia presente e como resultado os negros eram mantidos excluídos das questões política.

 Porém no século XIX, surgiram questões que acentuaram a separação das regiões norte e sul, entre esses dilemas constata-se a superação do sul nas questões políticas devido a sua maior representatividade nas cadeiras do Congresso (pela lei uma parte da população escrava fazia parte desse cálculo), estendendo dessa forma a influência política dos sulistas, assim sendo uma das preocupações do sul era extensão da escravidão para os novos territórios anexados, de forma a perpetuar seu Imperialismo do algodão e manter a maioria de representantes dentro do governo federal.

 Nas questões relacionada ao norte presencia-se a indignação sobre o projeto do governo voltado para as regiões de Kansas e Nebrasca, a lei Kansas-Nebrasca, que facultava aos estados se pretendiam ou não a aceitação do sistema escravocrata, o que permitiu uma revolta da parte dos  nortistas indignados por seu governo e congresso terem se rendido a escravocracia.
  A partir desse momento o Kansas transforma-se no principal palco dos embates políticos em torno das questões de controle político da região, salienta-se ainda a abertura que a região sofreu para os imigrantes que acabaram apresentando condutas a favor ou contra o sistema escravista. Nesse período os abolicionistas vindo da Nova Inglaterra mostra forte apoio aos Nortistas através do fornecimento de armas e dinheiro, porém em contrapartida uma parcela dos imigrantes demonstram seu apoio para os sulista através da venda de votos ilegalmente, o que tornou possível a criação de um Legislativo composto por escravistas eleitos por voto ilegal, revoltados os políticos do Kansas favoráveis ao solo livre separaram-se e formaram um novo Legislativo e elegem um novo governador.
 Na década de 1860, a escravidão surge como uma das principais questões nas eleições desse mesmo ano. E por resultado Abraham Lincoln (Republicano), que era a favor dos ideais de solo livre, trabalho e cidadãos livres ganha as eleições. Entretanto uma maioria sulista não seria favorável a vitória de Lincoln, que por eles era considerado um abolicionista, e apesar do apoio as questões de interesse nortista ainda assim alguns nortistas o tinham na concepção de um conservador por resultado de que ele não defendia abertamente uma luta para finalizar o regime escravista, não obstante o condenasse como um grande erro da humanidade.
  Devido a abolição de escravos em 1808, os sulistas começam a cogitar a separação do sul, porém Lincoln já havia declarado que não aceitaria uma secessão (separar o que está unido) e atacaria com força todos os que apoiassem a ideia de separação. Após uma convocação, a Carolina do Sul anulou sua ratificação da Constituição Federal, alguns políticos que procuravam uma reconciliação entre as regiões entram em desespero devido a essa situação. Em seguida os estados do Alabama, Flórida, Mississipi, Geórgia e Texas anunciam sua separação da União e formas os Estados Confederados da América e elegem Jefferson Davis como seu presidente.
 Os conflitos militares começam em Charleston (Carolina do Sul), onde se encontrava um forte de tropas da União que foi tomada pelos confederados sulistas que exigiram a saída imediata das tropas adversárias. A partir desse momento o atual presidente Lincoln envia reforço militar, dando inicio assim a guerra e nesse mesmo período mais quatro estados se retiram da união e integram-se ao território dos confederados.
 No inicio da guerra um sentimento de otimismo toma conta tanto do lado da União quanto do lado dos Confederados. A união por contar com uma superioridade tecnológica achava que enfrentariam uma guerra curta e fácil, enquanto que os confederados, por sua vez, mostraram-se esquecidos pela capacidade enorme de contingente e recursos que seu adversário possuía. Apesar da superior capacidade dos estados da união, o sul contava com grandes nomes das Forças Armadas Americanas o que possibilitou na sua resistência frente a ameaça nortista.
     O sul porém começou a encontrar dificuldades por conta da falta de recursos, o que acabou piorando seu desempenho dentro da guerra. Na esperança de conseguir obter melhores resultados e recursos, os estados confederados tentam buscar o apoio de alguma das nações européias, então os confederados começam a cancelar as exportações para Inglaterra na esperança que ela os apoie (o que se mostrou ser uma péssima idéia, posto que o ingleses tinha um grande estoque dos produtos fornecidos pelo Sul), o que acabou sendo “um tiro no próprio pé” pois os estados sulistas perderam lucros que poderiam obter se mantivessem a exportação do algodão. No mesmo período o atual presidente Lincoln proíbe a entrada e saída de produtos de primeira necessidade nos estados sulistas, assim devido a falta de recursos e bens, as fugas do serviço militar começam a se tornar frequentes, as vitórias conquistadas pelos nortistas, fazem com que senhores de escravos convoquem seus escravos para integrar parte das forças armadas.
 Em seguida o presidente Lincoln inicia de forma lenta, gradual e indenizatória a emancipação dos escravos na qual o governo pagaria a quantia equivalente ao valor do escravo para os fazendeiros. Esse sistema proposto por Lincoln serviu para reafirmar seu objetivo que era manter a União.

No ano de 1861, foi aprovada a “Lei do confisco”, de modo que qualquer propriedade que fora usada em favor dos confederados (como gado, algodão, matérias primas e escravos) que caísse em posse dos nortistas seria confiscada imediatamente; O que provocou uma fuga coletiva de escravos das fazendas, pois já sabiam que do lado da União poderiam alcançar a liberdade. Com a pressão exercida por políticos radicais do norte, a escravidão foi abolida dos territórios do Distrito de Colúmbia e nesse mesmo período é aprovada a segunda lei do confisco que torna livre todo escravo capturado ou fugido.
 Com a aprovação do “Homestead Act”, introduzido para evitar a concentração de estrangeiros no leste e diminuir a taxa de desemprego, acabou permitindo que Lincoln voltasse a controlar todo o país e impedir a sua fragmentação.
 Após uma série de conflitos o Norte, mais desenvolvido e com benefícios proporcionados pela guerra tais como a expansão econômica, fortalecimentos das indústrias, sobretudo, têxtil e bélica com os combates tendo ocorrido principalmente dentro do território sulista, acabou derrotando o sul que ficou desmotivado e desmoralizado para prosseguir com a guerra. A guerra de secessão foi o conflito armado que mais causou prejuízo aos Estados Unidos (morreram mais de 970 mil pessoas (cerca de 3% da população americana na época), porém um sentimento buscando justificar ou encobertar o horror da guerra vai surgir nos americanos como uma consequência da Emancipação dos Escravos.
  Após a guerra de secessão os Estados Unidos encontrava-se preso dentro de um dilema político, pois não saberia como realizar a reconstrução do país dentro de um consenso entre o congresso e a presidência, causando, sobretudo ao fato de não concordarem entre si em como deveria acontecer a reintegração dos estados perdedores. A reconstrução poderia acontecer de duas formas: De forma mais radical (apoiada pelo congresso), onde os fazendeiros não obteriam a garantia de indenização pela perda de escravos e a readmissão dos estados sulistas seria por meio da liderança de políticos leais a união, além de quererem que os negros tivessem os direitos básicos da cidadania norte americana, e a reconstrução de forma mais controlada (apoiada pela presidência) onde os escravos libertos não teriam nada a mais que a sua liberdade, o que despertou o desejo dos proprietários sulistas de utilizar mão de obra de ex-escravos de forma compulsória.
  A tensão entre congresso e a presidência começou antes do término da guerra, causada principalmente pelo fato do presidente Lincoln utilizar do seu poder para reintegrar estados confederados que jurassem fidelidade a união, o que provocou uma insatisfação dentro do congresso que acreditava que a reintegração dos estados confederados deveria, dentro da perspectiva dos congressistas, acontecer por decisão do congresso, uma vez que os estados confederados haviam prejudicado o seu direito de pertencer a união.
 Dentro do congresso existiam grupos que tentavam fazer oposição aos planos do presidente Lincoln, abolicionistas radicais que exigiam como pré-condição para a readmissão dos estados sulistas o alistamento eleitoral dos negros (na esperança que com a adoção dessa medida aumentasse a sua base política com os votos dos libertos gratos pela medida), sem contar nos que fizeram planos contra os projetos de Lincoln por não acreditarem no arrependimento dos estados do sul.
Em julho, o congresso unido contra as propostas do presidente Lincoln cria sua própria lei de reconstrução a lei Wade-Davis, que exige o juramento de fidelidade a união por mais da metade do eleitorado sulista para que o projeto de reconstrução pudesse ter inicio. Em sequência, aqueles jurassem que nunca apoiaram a confederação voluntariamente poderia votar numa eleição para delegados de uma convenção constitucional. O que permitiria um esvaziamento do poder político do sul, Lincoln, porém, invalidou a lei, recusando a assiná-la antes do recesso dos congressistas, o que acabou os irritando.
  Após o assassinato de Lincoln, o presidente Andrew Johnson assume o cargo apesar das dificuldades encontradas com o pós-guerra.
Os negros com o fim da guerra conseguiram a sua liberdade, porém isso não significou sua inclusão social dentro do país, os negros no pós-guerra não conseguiram suas próprias terras, além de terem sido obrigados a trabalhar com seus ex-senhores por meio de contratos que previam baixo pagamento e garantiam a segurança do empregador.
 Descontentes com as medidas impostas, os negros exigiram o direito de trabalhar por pequena quantidade de terra de forma que pudessem manter sua independência, isso lógico que com a garantia de uma porcentagem dos lucros da colheita para o proprietário. Apesar da relutância em aceitar esse sistema, os proprietários de terra ficaram satisfeitos com o esse novo modelo de contrato, pois quase não exigia muito capital e o arrendatário assumia todo o risco da colheita. Vale ressaltar que graças a esses contratos gerou-se uma relação de servidão, posto que os trabalhadores tinham que contrair débito até a venda da colheita resultando em dívidas que na maioria das vezes não conseguiam ser quitadas.
 Em maio de 1865, o presidente Johnson deu início ao seu esquema para distanciar os fazendeiros sulistas do poder, através da administração de governos provisórios com o objetivo de declarar ilegais as emendas confederadas, repudiando dívidas assumidas pelos sulistas e sancionando a décima terceira emenda. Após todas essas medidas a reconstrução estava completa, porém com a aprovação das convenções sulistas, o presidente Johnson pareceu consentir com que elas determinassem o estatuto civil e político dos negros. Sendo assim os códigos negros (Black Code), que limitavam a liberdade dos ex-escravos em diversos aspectos. Entre as medidas adotadas por essas leis estava a de que os negros não tinham permissão de escolher seus empregadores. O que acabou fazendo com que os nortistas rotularem essas medidas como uma “escravidão disfarçada”.
 O conflito entre presidente e congresso continuou de forma a se assimilar com o que deveria ser a reconstrução. Em junho de 1866 a décima quarta emenda constitucional é aprovada e estende o direito de cidadania para todos aqueles que nasceram em âmbito nacional. A emenda foi endossada pelo próprio presidente Johnson, exceto pelo Tennessee que a rejeitou.
 O congresso, em 1867, deu início a “reconstrução radical” com o objetivo de confiscar e redistribuir grandes latifúndios e vigiar com tutela federal que os negros recebessem educação (como se isso fosse um favor que o governo estivesse fazendo para os negros). Esse método de reconstrução ficaria em vigor só até a ratificação da décima quinta emenda, que proibiria a descriminação por “raça, cor ou anterior condição de servidão”.
 Após a aprovação da décima quinta emenda, foram criados meios de barrar a universalidade social de seu conteúdo dentro do pleito eleitoral. Cinco anos depois os sulistas adotam a Lei Jim Crow, adotada rapidamente por todo o território sulista, que seguia a ideologia de “separados, mas iguais”, o que acaba ocasionando no distâciamento de negros e brancos (paradoxo separar o que é homogêneo).
Com a vitória de Hayes nas eleições de 1877 começa o período de redenção no país, onde os governos radicais sulistas caem e passam o controle para os democratas brancos. Este grupo acreditava em práticas liberais e na supremacia branca.
 Apesar de todos esses fatores mesmo após o inicio da fase de redenção do pós-guerra civil, os Estados Unidos não conseguiram chegar num consenso de como administrar e reerguer seu país, devido principalmente pelas desavenças que ocorriam entre congresso e presidência na qual uma buscava se mostrar mais poderosa que a outra, além de um modo que sabiam como proceder com os escravos emancipados em seu território, usando nessa situação o uso de políticas voltadas para o privilégio da supremacia branca.

Por: Filipe Avelar e Driele Nunes.


 

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