Total de visualizações de página

sábado, 8 de junho de 2013

A Independência das 13 Colonias Inglesas na América e o Processo de Ruptura

Guerra Revolucionária Americana (1775–1783)



Antes de tudo, com base no texto do historiador brasileiro Leandro Karnal, iremos destacar o por quê do interesse do reinol britânico nas colônias.

     A Revolução Industrial é, antes de mais nada, uma disciplina de trabalho (no século XVIII as pessoas passam a ser escravas do tempo sendo controladas pelo relógio), exploração máxima da mão-de-obra consequentemente provocando um aumento colossal da produção. Produção essa que provoca uma nova busca de mercados consumidores e de maiores necessidades de matérias-primas como algodão, ferro, carvão e etc. Sendo assim, as 13 colônias inglesas na América são vistas como fontes em potencial para erigir o processo industrial inglês. Ou seja, a Inglaterra já era a ‘‘Rainha do Mar mediterrâneo, com sua marinha de guerra era praticamente imbatível nos mares e agora seria a ‘‘A Personificação da Industrialização.’’

     Ao final do século XVII e a totalidade do século XVIII, foi marcado por sangrentas guerras nas europa e na América. Podemos analisar que essas guerras tiveram uma importância para o processo de independência das 13 colônias (Estados Unidos ainda não existia) em relação à Inglaterra. A primeira guerra ocorreu em meados no final do século XVII, foi a Guerra da Liga de Augsburgo, onde na Inglaterra se chamou de Guerra do Rei Guilherme, o principal objetivo da guerra foi a consequência da Inglaterra com relação a política expansionista do Rei Luís XIV (França), no começo a Inglaterra indiferente a essa política, muda de comportamento quando expulsa os protestantes franceses motivada por Luís XIV, quando o Rei Guilherme sobe ao trono do país declara guerra a França.
     No final da guerra, França e Inglaterra fecham um contrato, denominado Tratado de Ryswick (1697), onde estabelecia a devolução do Porto Royal para a França.
Entre 1703 à 1713, ocorreu a Guerra da Rainha Ana ou da Sucessão Espanhola, na época o Rei da Espanha, Carlos II havia falecido sem deixar nenhuma herança. A ideia da política de casamentos entre o reinol europeu acabava por deixar muitos reis sucessores em potencial. A Áustria tinha apoio da Inglaterra que era contra a França, onde seu objetivo era colocar no trono espanhol Filipe, neto de Luís XIV.
     Durante esse conflito, os ingleses enfrentaram duas frentes de batalha, uma que era no norte onde colonos franceses e os índios eram aliados (o mesmo ocorreu na Guerra do Rei Guilherme), e no sul, a Carolina do Sul enfrentava os espanhóis da Flórida.
     A atenção dos europeus em relação à América, juntava ou até mesmo impedia com os interesses dos colonos, os colonos do Sul queriam dominar o Mississipi, os do Norte queriam o domínio do comércio de peles e a posse dos bancos pesqueiros da Terra Nova. A Inglaterra a fim de ajudar os colonos, enviando uma tropa de 10 mil soldados para a América, acaba atrapalhando a luta das 13 colônias contra os franceses e os espanhóis.

 
O Tratado de Utrecht, que colocou fim à guerra, beneficiou também as 13 colônias, privativamente os do Norte. Os colonos adquiriram o controle da baía de Hudson e o domínio do comércio de peles da região.

     A Guerra da Orelha de Jenkins, acontecida em 1739 a 1742, agitou a vida na América posteriormente a Guerra de Sucessão Espanhola, utilizando o ataque espanhol ao navio do capitão Jenkins (durante o qual ele perde a orelha), os colonos atacaram possessões espanholas, dirigindo-se a Flórida e depois à Cartagena, localizada na Colômbia, três mil e quinhentos colonos foram comandados pelos oficiais ingleses, durante esses ataques, porém a febre amarela atacou-os no Caribe, apenas seiscentos colonos conseguiram sobreviver, acrescentando o ressentimento contra o exército inglês.     

     Já a Guerra da Sucessão Austríaca, que ocorreu em 1740 até 1768, que foi outro problema de sucessão e que provocaria um atrito entre as nações da Europa. A Inglaterra apoiava Maria Teresa, entretanto os franceses não aceitavam que uma mulher poderia assumir o trono. Na América, ficou conhecido como Guerra do Rei Jorge.

     Durante essa guerra, nas colônias, o forte francês de Louisbourg foi apanhado por uma expedição saída Boston. Quando foi assinado um tratado de paz (Tratado de Aix-La-Chapelle), a Inglaterra prometeu a devolução do forte para a França. Mais uma vez os interesses dos ingleses eram sobrepostos aos interesses dos colonos. A Guerra do Rei Jorge, ajudou também para a dispersão do interesse da França e da Inglaterra pelo vale de Ohio, interesse que era bastante importante no conflito seguinte.

     Dois anos do começo da Guerra dos Sete Anos na Europa (1756-1763), começava na América os conflitos denominados de Guerra Franco-Índia, o início do choque ligava exatamente às pretensões dos colonos de se expandirem sobre as áreas indígenas de Ohio.

     Em junho de 1754, organizaram uma conferência das colônias inglesas em Albany (Nova York), pela primeira vez, ocorre um plano de união entre as colônias, formado pelo bostoniano Benjamin Franklin, para dar mais força aos colonos na luta contra os inimigos, mas essa ideia de união desagradou a Inglaterra, que temia os efeitos posteriores dela.

     A Guerra Franco-Índia e a dos Sete Anos acabaram eliminando o Império da França pela América do Norte, derrotada na América e na Europa, a França entrega para a Inglaterra uma parte de suas propriedades no Caribe e no Canadá.

      De várias formas, a Guerra dos Sete Anos é a principal e mais importante de todas as guerras do século XVIII, do mesmo jeito nas outras guerras os interesses ingleses quase não eram parecidos com os interesses dos colonos da América.

     Com a derrota da França, as invasões francesas acabaram se afastando, deixando os colonos menos dependentes do poder militar inglês para sua defesa.

     A Guerra dos Sete Anos tinha estabelecido uma presença militar nas colônias, a coroa decidiu manter um exército regular na América, a um custo muito alto por ano. Para a sustentação do exército, os colonos passaram a aumentar seus impostos, virando uma situação desagradável para os colonos.
     No final da Guerra dos Sete Anos, também trouxe outros problemas entre os colonos e os índios, vencido o inimigo francês, os colonos queriam uma expansão mais forte entre os montes Apalaches e o rio Mississipi, áreas tradicionais de grandes tribos indígenas, o resultado disso foi uma nova fase de conflitos entre os índios e os colonos. Várias tribos unidas numa confederação devastaram inúmeros fortes ingleses com táticas de guerilha, contra essa rebelião liderada por Pontiac, os ingleses usaram vários recursos, incluindo espalhar varíola entre os índios.

     Apesar da derrota os índios, o governo britânico decidiu apaziguar, em setembro de 1763, o rei Jorge III proibiu o acesso dos colonos, a várias áreas dos Apalaches e o Mississipi, o decreto de Jorge III reconhecia a soberania indígena sobre as áreas.

     A Declaração de 1763, é uma origem de grande importância para a revolta colonial à Inglaterra, porque fere os interesses de expansão dos colonos, tanto os que exploravam as peles quanto os que plantavam fumo viam nessas terras ricas, que o decreto agora reconhecia como indígena, uma ótima oportunidade de ganho, foi importante também porque representou uma mudança grande da Coroa inglesa em relação às colônias da América. O ano de 1763 marcou uma mudança na história das relações entre a Inglaterra e suas colônias.

     A Inglaterra se tornou posteriormente a Guerra dos Sete Anos, a grande potencia mundial e passou a desenvolver uma política crescente de domínio político e econômico sobre as colônias.
     A Lei do Açúcar, em 1764, representou outro ato dessa nova política, essa lei reduzia de seis para três o impostos sobre o melaço estrangeiro, mas estabelecia impostos adicionais sobre o açúcar, artigos de luxos, vinho, seda café e roupas brancas. Desde 1733 existia uma lei igual, entretanto os impostos sobre os produtos perdiam-se na ineficiência das alfândegas inglesas nas colônias.

     No mesmo ano, o governo inglês, cria a Lei da Moeda, proibindo a emissão de papéis de credito na colônia, que, ate então eram usados como moeda. O comandante do exército britânico na América, o general Thomas Gage, sugeriu e fez aprovar no mesmo ano a Lei de Hospedagem, essa lei determinava formas como os colonos deveriam abrigar os soldados da Inglaterra na América e fornece-lhes alimento.



A lei da Hospedagem e a lei da Moeda revelaram mudanças na política inglesa. O objetivo da Lei da Moeda era restringir a autonomia das colônias, e a Lei da Hospedagem desejava tornar as colônias mais baratas para o tesouro inglês.

     No entanto, somente na Lei do Selo, em 1765 , que percebemos uma resistência organizada dos colonos a esta onda de leis mercantilistas. A Inglaterra estabeleceu, em 22 de março de 1765, que todos os contratos, jornais, cartazes e documentos públicos fossem taxados, a leia caiu como uma bomba foram realizados vários protestos em Boston e em outras cidades, foi convocado no Congresso da Lei do Selo, em Nova York, os representantes das colônias que elaboraram a  Declaração dos Direitos e Reivindicações, esse documento foi de bastante interesse.
     Com a Lei do Selo, a Coroa havia incomodado a elite das colônias, a reação foi grande, houve um movimento de boicote ao comércio inglês, no verão de 1765, decaindo o comercio da Inglaterra, em quase todas as colônias. Em 1766, o Parlamento inglês teve que abolir a rigorosa lei.
     Em 1767, o ministro da Fazenda, Charles Townshend, decretou medidas que foram conhecias como Atos Townshend, que lançavam impostos sobre o vidro, corantes e chá. O resultado dessas leis foi de novos protestos, novos boicotes e declarações dos colonos contra as medidas, as leis acabaram sendo revogadas.

     Entretanto, em Boston, quase no mesmo tempo em que foram anulados os Atos Townshend, um choque entre americanos e soldados ingleses tornaria as relações entre as duas partes muito difícil. Protestando contra os soldados, um grupo de colonos havia atirado bolas de neve contra o quartel, o comandante, assustado, mandou os soldados defenderem o local, no entanto , acabaram atirando contra os manifestantes, cinco colonos morreram, seis outros foram feridos, mas conseguiram sobreviver, foi no dia 5 de março de 1770, ficou conhecido como O Massacre de Boston.
     De novo, entra em cena o chá, novamente surge o mercantilismo que a Inglaterra parece disposta a implantar nas colônias e novamente a reação dos colonos. Para favorecer a Companhia das Índias Orientais, que estava na falência, o governo inglês lhe concede o monopólio da vende do chá para as colônias americanas. Os colonos tinham o mesmo hábito britânico do chá, tal como na Inglaterra, o preço da bebida vinha baixando, tornando-a cada vez mais popular, com o monopólio do fornecimento de chá nas mãos de uma companhia, os preços subiram.

     Primeiro a população procurou substituir o chá por café e chocolate apara escapar do monopólio, na noite de 16 de dezembro de 1773, 150 colonos disfarçados de índios atacaram 3 navios no porto de Boston e atiraram o chá ao mar, foi a Boston Tea Party, cerda de 340 caixas de chá fora jogadas ao mar (motivo de debate entre os historiadores é como 150 homens brancos fizeram isso sem serem notados por nenhuma guarnição vigilante no local). Provavelmente utilizaram essa técnica para caso ocorresse alguma investigação os índios receberem a culpa pelo ocorrido.  
     A reação do Parlamento foi forte, foram decretadas leis que os americanos passaram a chamar de “leis intoleráveis”, a mais conhecida interditava o porto de Boston até que fosse pago o prejuízo causado pelos colonos. A colônia de Massachusetts foi transformada em colônia real, o qual emprestava grande poderes a seu governador.
     A Independência das 13 colônias, foi bastante influenciada por muitos autores do Iluminismo, um dos mais importantes para os colonos foi John Locke. O filósofo criou a ideia de um Estado de base contratual, esse contrato entre o Estado e os seus cidadãos teria por objetivo garantir os “direitos naturais do homem”, que Locke identificava como a liberdade, a felicidade e a prosperidade, para Locke a maioria tem o direito de fazer valer seu ponto de vista, e quando o Estado não cumpre seus objetivos e não assegura aos cidadãos a possibilidade de defender seus direitos naturais, os cidadãos podem e devem fazer uma revolução, ou seja, Locke também era favorável ao direito à rebelião.
     O filosofo inglês defendia a participação política para determinar a validade de uma lei, as leis que a Inglaterra implantava eram votadas sem que os colonos participassem da votação, por várias vezes os colonos se recusaram a aceitar leis votadas pelo parlamento, alegando direito de participar em decisões que os afetariam.
     É de grande interesse identificarmos na Declaração de Independência das 13 colônias, trechos que foram extraídos das ideias de Locke, o filosofo inglês, ao justificar um movimento em seu país, acabou servindo de base, quase um século depois, para um movimento contra o domínio da Inglaterra, a mesma Inglaterra que tanto amava.
     Quando a Inglaterra começou a sua política mercantilista, os colonos americanos passaram, de forma crescente, a protestar contra esses fatos. É importante lembrar que não havia na América do Norte, de forma alguma, uma nação unificada contra a Inglaterra, na verdade as 13 colônias não uniram por um sentimento nacional, mas por um sentimento antibritânico. Foi o crescente ódio a Inglaterra e não ao amor pelos Estados Unidos que tornava forte o movimento pela independência.
     As sociedades secretas foram uma das primeiras reações dos colonos contra medidas inglesas, uma das mais famosas foi Os filhos da Liberdade, que estabeleceu uma grande rede de comunicações, facilitando a articulação entre os colonos, eles também foram uma escola política, pois seus membros liam as principais obras políticas, para darem base intelectual ao movimento.
     Ocorreu também um grupo feminista nomeado Filhas da Liberdade, com o mesmo objetivo, as mulheres também organizaram Ligas do Chá com ideia de boicotar a importação de chá inglês, nas grandes cidades como Nova York e Boston, mulheres encabeçavam campanhas contra produtos elegantes importados da Inglaterra e incentivavam produtos feitos em casa, mais simples, entretanto mais “patrióticos”.
     Na Carolina do Norte, um grupo de mulheres chegou a elaborar um documento chamado Proclamação Edenton, dizendo que o sexo feminino tinha todo o direito de participar da vida política, mais tarde, quando a guerra entre colônias e a Coroa Britânica começou, as colonas demonstraram mais uma habilidade, foram administradoras das fazendas e negócios enquanto os maridos lutavam.
     Com a continuação das medidas para as 13 colônias, os colonos organizaram o Congresso Continental da Filadélfia, depois conhecido como Primeiro Congresso da Filadélfia, representantes de quase todas colônias acabaram elaborando uma petição ao rei Jorge, protestando contra medidas, depois de protestar contra medidas inglesas, os colonos encerraram o documento dizendo que prestavam lealdade a sua Majestade, o conservadorismo da elite colonial reunida no Congresso não foi suficiente para uma  generosa influencia de Locke no texto enviado ao rei.
     A reação inglesa foi duvidosa, ao mesmo tempo em que houve tentativas de conceder maiores regalias ao colonos, foi aumentando o numero de soldados ingleses na América, esse incremento da força militar acabou estimulando um inevitável choque entre as forças dos colonos e as inglesas.
     Em meio ao início de hostilidades deu-se o Segundo Congresso da Filadélfia, esse Congresso acabaria reunindo todas as colônias, inclusive a resistente Geórgia, inicialmente, apenas renovou seus protestos junto ao rei, que acabou se decidindo a declarar as colônias “rebeldes”, a opinião dos congressistas estava dividida enquanto panfletos como os de Thomas Paine (senso comum), pregavam enfaticamente a separação e atribuíam ao rei os males da colônia.
       No dia 10 de janeiro de 1776, o folheto “senso comum”, chega às livrarias da Filadélfia, em meio a agitações políticas do inverno de 1776, as 50 paginas desse folheto divulgado como anônimo teriam uma grande importância, fundamental como elemento de propaganda, suas afirmações firam sendo espalhadas pelas colônias com grande velocidade , como o nome já diz , Paine revelou um sentimento que era crescente entre os colonos, um senso comum e “bom”.
     A Inglaterra é negada em sua condição de mátria por seus erros, pregando o autor a separação.
Em 2 de julho de 1776, o Congresso da Filadélfia acaba decidindo a separação e encarrega uma comissão de redigir a Declaração da Independência, a Declaração fica pronta dois dias depois, em 4 de julho de 1776, com o surgimento de um novo país: Os Estados Unidos da América.
As tradições políticas e historiográficas norte-americanas elegeu alguns políticos como “pátrios” ou “pais fundadores”, eles figuraram, com rostos felizes, nas também notas de dólar. George Washington e Benjamin Franklin. Para a França absolutista do rei Luis XIV, os soldados que haviam lutado na Independência, voltaram para a Europa com ideias liberais e de republica, haviam lutado contra uma tirania na América e, de volta a pátria, reencontravam um soberano absolutista, no entanto, só 13 anos depois da Independência norte-americana a liberdade ocorrerá na França.
     Para o resto da América, os Estados Unidos serviriam como exemplo, uma Independência concreta e possível passou a ser grande modelo para as colônias ibéricas que desejavam se separar das metrópoles, os princípios iluministas, que também influenciavam a America ibérica, demonstraram ser aplicáveis em termos concretos. Soberania popular, resistência a tirania, fim do pacto colonial, tudo isso os Estados Unidos mostrava as outras colônias com seu feito.
     Para os índios, a Independência foi negativa, pois , a partir dela que aumentou a pressão expansionista dos brancos sobre os territórios ocupados pelas tribos indígenas.
     Para os negros escravos, foi um ato que em si nada representou, temos noticia de um grande aumento no numero de fugas durante o período da Guerra de Independência, Thomas Jefferson declarou que em 1778, a Virginia perdeu trinta mil escravos pela fuga, no entanto, nem a Inglaterra, nem os colonos se interessavam que a Guerra da Independência se tornasse uma guerra social entre escravos e latifundiários, os que de fato não ocorreu.
     Com todas as limitações, o movimento de independência significava um fato histórico novo e fundamental, a promulgação da soberania “popular” como elemento suficiente forte para mudar e derrubar formas estabelecidas de governo, e da capacidade, tão inspirada em Locke, de romper o elo entre governantes e governados quando os primeiros não garantissem aos cidadãos seus direitos fundamentais, existia uma firme defesa da liberdade, a principio limitada, mas que se foi estendendo em diversas áreas.


Para concluir, em sinopse, podemos dizer que o processo de independência das colônias beneficiou mais aos grandes comerciantes do Norte e aos latifundiários escravistas do Sul (muitos desses eram contrários a guerra como falamos anteriormente). No entanto, os princípios de liberdade expressos na declaração de independência e na Constituição transformaram-se, mesmo com o caráter excludente inicialmente atribuído a cidadania, na grande bandeira política das gerações posteriores que lutaram pela ampliação dos direitos de cidadania. Assim, mesmo com escravismo sobre negros e espoliação dos indígenas, o caráter revolucionário do movimento de independência dos Estados Unidos reside em uma questão: a partir dele, homens desprezados que ajudaram a construir o pais (negros, índios aculturados, brancos pobres, mulheres etc.), voltaram a sofrer as mesmas opressões de sempre que caracterizaria os EUA como uma nação evidentemente preconceituosa. Ao longo desse processo histórico, surgiram uma visão da liberdade e uma concepção da cidadania que se constituíram como o ponto de partida para a construção das modernas leituras sobre cidadania e democracia que são vigentes nos EUA atuais. Aqui interessa-nos, sobretudo, a formulação que será dada ao conceito de cidadania e suas repercussões na edificação daquilo que os norte-americanos entendem como cidadania e democracia nos dias atuais. O mais espantoso é o estaria por acontecer 85 anos após a independência dessas 13 colônias, pois a lenta discussão preparatória acerca da Constituição atormentava e atrapalhada o prosseguimento de outras medidas. Unidade em torno de um governo centralizadamente forte ou liberdade para as colônias agirem de forma mais autônoma? Essa problemática tinha sido erguida ainda antes da Independência e continuou protelada e mal resolvida até o final do século XIX, acabando no que eclodiria no evento que causou mais mortes aos americanos do que as duas guerras mundiais, a Guerra Civil Americana (Guerra da Secessão 1861-1865) com quase 1 milhão de americanos mortos. 

Historiadores: Filipe Avelar, Driele Soares e Renan Mendes.

Um comentário: