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sábado, 17 de novembro de 2012

Racismo Norte-Americano está no sangue...



Secessão Nos EUA


      Após as guerras contra o México, a tomadas de território a oeste (o que culminou na dizimação da população indígena), o sentimento expansionista continuou presente dentro dos interesses Americanos por vários motivos (o sonho de construir um país de costa a costa exemplificaria um desses motivos), entretanto as regiões norte e sul apresentavam expectativas diversificadas quanto ao aumento territorial. O sul com seu sistema essencialmente escravista e agrícola e o norte fundamentalmente industrial e com uma nascente classe média, apesar das divergências entre as necessidades encontradas, ainda assim, demonstra-se um pensamento de comum acordo nas duas regiões, a concepção da superioridade branca, sendo esta inquestionável nos dois pólos dos E.U.A, deixando explicita que tanto no norte, porém de forma mais acanhada, quanto no sul o racismo se fazia presente e como resultado os negros eram mantidos excluídos das questões política.

 Porém no século XIX, surgiram questões que acentuaram a separação das regiões norte e sul, entre esses dilemas constata-se a superação do sul nas questões políticas devido a sua maior representatividade nas cadeiras do Congresso (pela lei uma parte da população escrava fazia parte desse cálculo), estendendo dessa forma a influência política dos sulistas, assim sendo uma das preocupações do sul era extensão da escravidão para os novos territórios anexados, de forma a perpetuar seu Imperialismo do algodão e manter a maioria de representantes dentro do governo federal.

 Nas questões relacionada ao norte presencia-se a indignação sobre o projeto do governo voltado para as regiões de Kansas e Nebrasca, a lei Kansas-Nebrasca, que facultava aos estados se pretendiam ou não a aceitação do sistema escravocrata, o que permitiu uma revolta da parte dos  nortistas indignados por seu governo e congresso terem se rendido a escravocracia.
  A partir desse momento o Kansas transforma-se no principal palco dos embates políticos em torno das questões de controle político da região, salienta-se ainda a abertura que a região sofreu para os imigrantes que acabaram apresentando condutas a favor ou contra o sistema escravista. Nesse período os abolicionistas vindo da Nova Inglaterra mostra forte apoio aos Nortistas através do fornecimento de armas e dinheiro, porém em contrapartida uma parcela dos imigrantes demonstram seu apoio para os sulista através da venda de votos ilegalmente, o que tornou possível a criação de um Legislativo composto por escravistas eleitos por voto ilegal, revoltados os políticos do Kansas favoráveis ao solo livre separaram-se e formaram um novo Legislativo e elegem um novo governador.
 Na década de 1860, a escravidão surge como uma das principais questões nas eleições desse mesmo ano. E por resultado Abraham Lincoln (Republicano), que era a favor dos ideais de solo livre, trabalho e cidadãos livres ganha as eleições. Entretanto uma maioria sulista não seria favorável a vitória de Lincoln, que por eles era considerado um abolicionista, e apesar do apoio as questões de interesse nortista ainda assim alguns nortistas o tinham na concepção de um conservador por resultado de que ele não defendia abertamente uma luta para finalizar o regime escravista, não obstante o condenasse como um grande erro da humanidade.
  Devido a abolição de escravos em 1808, os sulistas começam a cogitar a separação do sul, porém Lincoln já havia declarado que não aceitaria uma secessão (separar o que está unido) e atacaria com força todos os que apoiassem a ideia de separação. Após uma convocação, a Carolina do Sul anulou sua ratificação da Constituição Federal, alguns políticos que procuravam uma reconciliação entre as regiões entram em desespero devido a essa situação. Em seguida os estados do Alabama, Flórida, Mississipi, Geórgia e Texas anunciam sua separação da União e formas os Estados Confederados da América e elegem Jefferson Davis como seu presidente.
 Os conflitos militares começam em Charleston (Carolina do Sul), onde se encontrava um forte de tropas da União que foi tomada pelos confederados sulistas que exigiram a saída imediata das tropas adversárias. A partir desse momento o atual presidente Lincoln envia reforço militar, dando inicio assim a guerra e nesse mesmo período mais quatro estados se retiram da união e integram-se ao território dos confederados.
 No inicio da guerra um sentimento de otimismo toma conta tanto do lado da União quanto do lado dos Confederados. A união por contar com uma superioridade tecnológica achava que enfrentariam uma guerra curta e fácil, enquanto que os confederados, por sua vez, mostraram-se esquecidos pela capacidade enorme de contingente e recursos que seu adversário possuía. Apesar da superior capacidade dos estados da união, o sul contava com grandes nomes das Forças Armadas Americanas o que possibilitou na sua resistência frente a ameaça nortista.
     O sul porém começou a encontrar dificuldades por conta da falta de recursos, o que acabou piorando seu desempenho dentro da guerra. Na esperança de conseguir obter melhores resultados e recursos, os estados confederados tentam buscar o apoio de alguma das nações européias, então os confederados começam a cancelar as exportações para Inglaterra na esperança que ela os apoie (o que se mostrou ser uma péssima idéia, posto que o ingleses tinha um grande estoque dos produtos fornecidos pelo Sul), o que acabou sendo “um tiro no próprio pé” pois os estados sulistas perderam lucros que poderiam obter se mantivessem a exportação do algodão. No mesmo período o atual presidente Lincoln proíbe a entrada e saída de produtos de primeira necessidade nos estados sulistas, assim devido a falta de recursos e bens, as fugas do serviço militar começam a se tornar frequentes, as vitórias conquistadas pelos nortistas, fazem com que senhores de escravos convoquem seus escravos para integrar parte das forças armadas.
 Em seguida o presidente Lincoln inicia de forma lenta, gradual e indenizatória a emancipação dos escravos na qual o governo pagaria a quantia equivalente ao valor do escravo para os fazendeiros. Esse sistema proposto por Lincoln serviu para reafirmar seu objetivo que era manter a União.

No ano de 1861, foi aprovada a “Lei do confisco”, de modo que qualquer propriedade que fora usada em favor dos confederados (como gado, algodão, matérias primas e escravos) que caísse em posse dos nortistas seria confiscada imediatamente; O que provocou uma fuga coletiva de escravos das fazendas, pois já sabiam que do lado da União poderiam alcançar a liberdade. Com a pressão exercida por políticos radicais do norte, a escravidão foi abolida dos territórios do Distrito de Colúmbia e nesse mesmo período é aprovada a segunda lei do confisco que torna livre todo escravo capturado ou fugido.
 Com a aprovação do “Homestead Act”, introduzido para evitar a concentração de estrangeiros no leste e diminuir a taxa de desemprego, acabou permitindo que Lincoln voltasse a controlar todo o país e impedir a sua fragmentação.
 Após uma série de conflitos o Norte, mais desenvolvido e com benefícios proporcionados pela guerra tais como a expansão econômica, fortalecimentos das indústrias, sobretudo, têxtil e bélica com os combates tendo ocorrido principalmente dentro do território sulista, acabou derrotando o sul que ficou desmotivado e desmoralizado para prosseguir com a guerra. A guerra de secessão foi o conflito armado que mais causou prejuízo aos Estados Unidos (morreram mais de 970 mil pessoas (cerca de 3% da população americana na época), porém um sentimento buscando justificar ou encobertar o horror da guerra vai surgir nos americanos como uma consequência da Emancipação dos Escravos.
  Após a guerra de secessão os Estados Unidos encontrava-se preso dentro de um dilema político, pois não saberia como realizar a reconstrução do país dentro de um consenso entre o congresso e a presidência, causando, sobretudo ao fato de não concordarem entre si em como deveria acontecer a reintegração dos estados perdedores. A reconstrução poderia acontecer de duas formas: De forma mais radical (apoiada pelo congresso), onde os fazendeiros não obteriam a garantia de indenização pela perda de escravos e a readmissão dos estados sulistas seria por meio da liderança de políticos leais a união, além de quererem que os negros tivessem os direitos básicos da cidadania norte americana, e a reconstrução de forma mais controlada (apoiada pela presidência) onde os escravos libertos não teriam nada a mais que a sua liberdade, o que despertou o desejo dos proprietários sulistas de utilizar mão de obra de ex-escravos de forma compulsória.
  A tensão entre congresso e a presidência começou antes do término da guerra, causada principalmente pelo fato do presidente Lincoln utilizar do seu poder para reintegrar estados confederados que jurassem fidelidade a união, o que provocou uma insatisfação dentro do congresso que acreditava que a reintegração dos estados confederados deveria, dentro da perspectiva dos congressistas, acontecer por decisão do congresso, uma vez que os estados confederados haviam prejudicado o seu direito de pertencer a união.
 Dentro do congresso existiam grupos que tentavam fazer oposição aos planos do presidente Lincoln, abolicionistas radicais que exigiam como pré-condição para a readmissão dos estados sulistas o alistamento eleitoral dos negros (na esperança que com a adoção dessa medida aumentasse a sua base política com os votos dos libertos gratos pela medida), sem contar nos que fizeram planos contra os projetos de Lincoln por não acreditarem no arrependimento dos estados do sul.
Em julho, o congresso unido contra as propostas do presidente Lincoln cria sua própria lei de reconstrução a lei Wade-Davis, que exige o juramento de fidelidade a união por mais da metade do eleitorado sulista para que o projeto de reconstrução pudesse ter inicio. Em sequência, aqueles jurassem que nunca apoiaram a confederação voluntariamente poderia votar numa eleição para delegados de uma convenção constitucional. O que permitiria um esvaziamento do poder político do sul, Lincoln, porém, invalidou a lei, recusando a assiná-la antes do recesso dos congressistas, o que acabou os irritando.
  Após o assassinato de Lincoln, o presidente Andrew Johnson assume o cargo apesar das dificuldades encontradas com o pós-guerra.
Os negros com o fim da guerra conseguiram a sua liberdade, porém isso não significou sua inclusão social dentro do país, os negros no pós-guerra não conseguiram suas próprias terras, além de terem sido obrigados a trabalhar com seus ex-senhores por meio de contratos que previam baixo pagamento e garantiam a segurança do empregador.
 Descontentes com as medidas impostas, os negros exigiram o direito de trabalhar por pequena quantidade de terra de forma que pudessem manter sua independência, isso lógico que com a garantia de uma porcentagem dos lucros da colheita para o proprietário. Apesar da relutância em aceitar esse sistema, os proprietários de terra ficaram satisfeitos com o esse novo modelo de contrato, pois quase não exigia muito capital e o arrendatário assumia todo o risco da colheita. Vale ressaltar que graças a esses contratos gerou-se uma relação de servidão, posto que os trabalhadores tinham que contrair débito até a venda da colheita resultando em dívidas que na maioria das vezes não conseguiam ser quitadas.
 Em maio de 1865, o presidente Johnson deu início ao seu esquema para distanciar os fazendeiros sulistas do poder, através da administração de governos provisórios com o objetivo de declarar ilegais as emendas confederadas, repudiando dívidas assumidas pelos sulistas e sancionando a décima terceira emenda. Após todas essas medidas a reconstrução estava completa, porém com a aprovação das convenções sulistas, o presidente Johnson pareceu consentir com que elas determinassem o estatuto civil e político dos negros. Sendo assim os códigos negros (Black Code), que limitavam a liberdade dos ex-escravos em diversos aspectos. Entre as medidas adotadas por essas leis estava a de que os negros não tinham permissão de escolher seus empregadores. O que acabou fazendo com que os nortistas rotularem essas medidas como uma “escravidão disfarçada”.
 O conflito entre presidente e congresso continuou de forma a se assimilar com o que deveria ser a reconstrução. Em junho de 1866 a décima quarta emenda constitucional é aprovada e estende o direito de cidadania para todos aqueles que nasceram em âmbito nacional. A emenda foi endossada pelo próprio presidente Johnson, exceto pelo Tennessee que a rejeitou.
 O congresso, em 1867, deu início a “reconstrução radical” com o objetivo de confiscar e redistribuir grandes latifúndios e vigiar com tutela federal que os negros recebessem educação (como se isso fosse um favor que o governo estivesse fazendo para os negros). Esse método de reconstrução ficaria em vigor só até a ratificação da décima quinta emenda, que proibiria a descriminação por “raça, cor ou anterior condição de servidão”.
 Após a aprovação da décima quinta emenda, foram criados meios de barrar a universalidade social de seu conteúdo dentro do pleito eleitoral. Cinco anos depois os sulistas adotam a Lei Jim Crow, adotada rapidamente por todo o território sulista, que seguia a ideologia de “separados, mas iguais”, o que acaba ocasionando no distâciamento de negros e brancos (paradoxo separar o que é homogêneo).
Com a vitória de Hayes nas eleições de 1877 começa o período de redenção no país, onde os governos radicais sulistas caem e passam o controle para os democratas brancos. Este grupo acreditava em práticas liberais e na supremacia branca.
 Apesar de todos esses fatores mesmo após o inicio da fase de redenção do pós-guerra civil, os Estados Unidos não conseguiram chegar num consenso de como administrar e reerguer seu país, devido principalmente pelas desavenças que ocorriam entre congresso e presidência na qual uma buscava se mostrar mais poderosa que a outra, além de um modo que sabiam como proceder com os escravos emancipados em seu território, usando nessa situação o uso de políticas voltadas para o privilégio da supremacia branca.

Por: Filipe Avelar e Driele Nunes.


 

sábado, 13 de outubro de 2012

Politicagem no ''Sonho Americano''



Cinco Coisas que Você Precisa Saber Sobre as eleições nos EUA





Um mês antes de os americanos irem às urnas, em 6 de novembro, a BBC explica cinco questões centrais a essas eleições:

1. Economia, o grande tema

Cerca de 80% dos eleitores dizem que a economia terá grande influência na maneira como vão votar, segundo uma pesquisa publicada na semana passada pela empresa Rasmussen Reports.

"O assunto mais importante é a economia, e empregos são apenas uma parte - muito importante - disso", disse o fundador da empresa, Scott Rasmussen. "E não é algo que preocupa apenas os desempregados - 28% dos trabalhadores temem perder seu emprego em breve".
"E tem o mercado imobiliário. Apenas 47% dos que possuem casa própria acham que a casa vale mais do que a hipoteca, o que é um índice inacreditável nos EUA. Nos ensinaram que íamos crescer, comprar uma casa e ver seu valor subir", disse. "Tantas pessoas se sentem traídas."
Os ex-presidentes Jimmy Carter e George Bush (o pai), que governaram durante um único mandato cada, deixaram a Casa Branca em períodos de deterioração econômica. Tanto que a campanha o sucessor de Bush, Bill Clinton, tornou famoso o slogan "É a economia, estúpido".
O desemprego continua acima dos 8% há 43 meses e a dívida federal passou dos US$ 16 trilhões, levando muitos comentaristas a se perguntarem por que Obama não está atrás nas pesquisas. Ou a questionarem se a economia seria mesmo um tema tão importante quanto os eleitores dizem ser.
Os números não são apenas negativos, disse Rasmussen. "Os americanos não sentem que estão melhores do que estavam há quatro anos, mas tampouco sentem que estão piores, é por isso que a eleição está tão competitiva."
Mas o fato de o presidente liderar as pesquisas não quer dizer que a economia não seja uma questão importante, acrescentou. Muitas pessoas que rejeitam Obama não estão certos de que Romney faria melhor.
Além disso, muitos americanos ainda culpam o antecessor George W Bush pelos problemas econômicos.





2. Apenas alguns Estados realmente importam


Tudo depende dos chamados swing States (Estados-pêndulo), onde se trava a verdadeira batalha. Isso porque grande parte dos Estados Unidos é democrata ou republicana, e há pouca probabilidade de mudanças nesses locais.
Ohio, cujo índice de desemprego está abaixo da média nacional, tem a reputação de líder nacional: em cada eleição desde 1960, o Estado vem selecionando o candidato vitorioso nas eleições presidenciais.
Os gastos de ambos os partidos com suas campanhas nesse Estado, com 18 votos de colégios eleitorais, chegam a dezenas de milhões de dólares.
Residências situadas em Ohio vêm recebendo chamadas telefônicas automatizadas falando sobre as campanhas duas vezes por semana nos últimos seis meses. E todas as noites o horário nobre na televisão é dominado por anúncios políticos.
"Morei em seis Estados diferentes e nunca vi tal saturação na TV, rádio e outras mídias", disse Tim Gaddie, de 37 anos, estudante da Bowling Green State University, em Ohio.
"Na última eleição, estava em Indiana e aqui o envolvimento é definitivamente maior. A coisa mais irritante são os telefonemas, mas também têm seu lado bom. Acho bom que as pessoas se importem, se envolvam e queiram ter uma discussão".
Existem dois Estados Unidos durante a campanha eleitoral: um onde é difícil escapar do bombardeio dos slogans e mensagens das campanhas e outro onde a vida segue quase normalmente.

3. O eleitorado está mudando

A cada mês, 50 mil hispânicos ganham o direito ao voto nos Estados Unidos. A comunidade ultrapassou a marca dos 50 milhões em 2010 e corresponde hoje a 16,3% da população nacional.
Que significado terá o crescimento da população hispânica para os Estados Unidos?

Esta é a primeira eleição em que ambos os candidatos apareceram em canais de televisão em língua espanhola, participando de um fórum sobre imigração.
Em 2008, Obama obteve 68% dos votos da população hispânica e deve conseguir mais ou menos o mesmo apoio dessa vez, disse Gabriel Sánchez, especialista em política hispânica da Universidade do Novo México.
"A questão não é se Romney pode conseguir votos latinos suficientes para vencer, mas se o comparecimento dos latinos vai ser alto o suficiente para o presidente vencer."

Conscientes de que a linha dura de Romney em relação à imigração pode estar custando caro em matéria de votos, republicanos influentes como Jeb Bush pediram que o candidato modere o tom quando falar sobre esse assunto.


4. Não se trata apenas de Estados Unidos

A política externa ainda é tida como um assunto de segundo plano entre eleitores americanos, embora o assassinato, no mês passado, do embaixador americano na Líbia, Christopher Stevens, tenha empurrado o tema mais para cima na agenda da campanha. Agora, Irã, Israel e Afeganistão estão sendo amplamente discutidos na imprensa americana.
Romney, acusado de oportunista ao atacar Obama após a morte de Stevens, disse que o presidente tem sido muito brando no trato com o Irã e que traiu Israel.
Ele também jurou que vai falar duro com a China em relação ao que chamou de "manipulação da moeda", aumentando as chances de que haja uma guerra de comércio.
"Em um eleitorado tão grande e diverso como o americano, haverá sempre um assunto quente de política exterior", disse Shaun Bowler, professor de ciência política da Universidade da Califórnia em Riverside.
"Por exemplo, você talvez veja árabes americanos muito motivados por discussões sobre a questão palestina, ou cubanos americanos motivados por políticas em relação a Cuba. No clima atual, ainda há espaço para que a política externa desempenhe um papel."

Outros temas que podem "trazer a política externa para o centro das discussões", diz ele, são o programa nuclear do Irã e a reação de Israel, o conflito na Síria ou atentados terroristas.


5. Quem quer que seja o vencedor, prepare-se para mais impasses políticos

A eleição no dia 6 de novembro não escolherá apenas o presidente dos Estados Unidos: Todos os assentos na Câmara dos Representantes (deputados) e um terço dos assentos no Senado estão sendo disputados.
Se por um lado essas disputas não têm recebido muita atenção, por outro podem ser decisivas para o sucesso do presidente eleito, seja ele Obama ou Romney.
Os republicanos controlam a Câmara e os democratas controlam o Senado. Então, a não ser que uma dessas instituições mude de lado, os impasses recentes podem continuar. O número de leis aprovadas em 2011 foi tão pequeno que criou-se o termo "do-nothing Congress" (em tradução livre, Congresso do faz nada).
Essa inércia - que ganhou proeminência no ano passado, quando o Congresso americano não conseguiu chegar a um acordo de longo prazo sobre o teto da dívida pública do país - contribuiu para baixos índices de aprovação do Legislativo pela opinião pública.

Temas centrais em debate nos EUA

Economia

Ética do Governo

Impostos

Saúde

Políticas Energéticas

Educação

Previdência Social

Imigração

Segurança Nacional

Fonte: Rasmussen


Dez importantes estados-pêndulo

Com base em sua população, cada estado possui um número de votos de colégios eleitorais

Quase todos os estados trabalham com um sistema do tipo 'o vencedor leva tudo'

Flórida (29 votos)

Pensilvânia (20)

Ohio (18)

Carolina do Norte (15)

Virgínia (13)

Wisconsin (10)

Colorado (9)

Iowa (6)

Nevada (6)

New Hampshire (4)

O presidente é eleito com 270 votos dos colégios eleitorais

A resposta soberana do Brasil contra a arrogância dos EUA

O Brasil respondeu à altura ao representante de Comércio Exterior do governo dos EUA, Ron Kirk, que enviou ao Itamaraty uma carta impertinente e mal educada criticando as medidas tomadas pelo governo para proteger a economia nacional.
Na carta, os norte-americanos pedem ao Brasil que volte atrás nessa decisão, considerada por eles como "protecionista". Ron Kirk argumentou que as medidas "vão contra os esforços mútuos" de liberalizar o comércio no âmbito mundial, "erodem" as negociações comerciais multilaterais e prejudicariam "significativamente" as exportações dos EUA em áreas "cruciais" da sua pauta de exportações. "Os aumentos de tarifa significativamente restringem o comércio a partir dos níveis atuais e claramente representam medidas protecionistas", escreveu.
Além da crítica às medidas tomadas por um governo cioso da soberania nacional, a carta trouxe algumas ameaças muito claras, falando em “responder na mesma moeda”, e manifestando, “em termos fortes e claros”, a preocupação dos Estados Unidos em relação às medidas tomadas pelo Brasil (e também pelo Mercosul).
A resposta brasileira foi uma clara e direta reafirmação da soberania brasileira e de repúdio contra a arrogância. Segundo o Itamaraty, a carta é "injustificável" e "inaceitável". "Não gostamos nem do conteúdo nem da forma. Consideramos injustificadas as críticas, não têm fundamento", disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores. Trata-se, enfatizou, de uma forma de comunicação que “não é aceitável, não ajuda e não reflete” o “bom relacionamento" entre os dois países.
No passado, os governos brasileiros foram, quase sempre, submissos às pressões vindas de Washington, principalmente durante os mandatos de Fernando Henrique Cardoso.

Isso mudou, como a resposta do Itamaraty confirma e o Brasil não aceita mais a bisbilhotice estrangeira nos negócios nacionais. A tomada de decisões em defesa da economia brasileira não ultrapassou os parâmetros estabelecidos pela Organização Mundial do Comércio (OMC), uma vez que a nova alíquota média para taxar as importações, que passou dos 12% para 25% para produtos industrializados estrangeiros, está muito abaixo do limite de 35% estabelecido por aquela entidade.
As novas alíquotas representam medidas de defesa contra medidas predatórias dos países ricos e dos EUA que, elas sim, ameaçam o desenvolvimento brasileiro. São medidas necessárias e soberanas, e o julgamento sobre sua conveniência cabe apenas às autoridades brasileiras. A reação dos EUA contra elas, considerada “absurda” pelo ministro da Economia Guido Mantega, revela uma pretensão de mando e submissão superada, que o Brasil não aceita, nem pode aceitar.

 


quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Sociedade das Nações e suas negociações de ''paz''



O ''Sucesso'' da ONU



   Parece que quanto mais tempo passa, mais o povo vai se alienando mediante aos fatos.
   E os Estados Unidos da América continuam se sentindo ‘‘escolhidos por Deus’’ para ‘‘salvar’’ o mundo e realizar o desejo de ser a ‘‘polícia do mundo’’. Para que possamos entender um pouco esse pensamento ‘‘anti EUA’’ torna-se necessário fazermos uma pequena viagem ao passado Yankee.
   Comecemos falando do genocídio indígena durante os séculos de colonização, disfarçado sob a máscara de uma guerra justa, ou guerra indígena. Pura barbárie! Historiadores afirmam que 90%, repito, 90% da população indígena foi dizimada. Não só ao entrar em contato com o homem branco (epidemias) como também pelo massacre e opressão pela parte dos brancos racistas. Lembremos da Doutrina Monroe que estabeleceu o imperialismo americano na América, impedindo que os ingleses o fizessem, mas sem nos esquecermos das atrocidades em Cuba, Nicarágua, El Salvador. ‘‘América para os Americanos’’, ou melhor enfatizando,os EUA "salvaram os povos vizinhos do domínio europeu" transformando os países latino-americanos em seu quintal de exploração econômica e dominação cultural.
   A Guerra de Secessão dentro dos EUA (1861-1865) foi o conflito que causou mais mortes ao povo norte-americano num total estimado de 970 mil pessoas (cerca de 3% da população americana na época).
   Bom ressaltarmos aqui também o papel americano no pós Primeira Guerra Mundial,  porque foi como o "salvador do mundo" que os americanos se posicionaram, provocando dependência econômico-financeira por parte dos países europeus. A sua política de omissão perante o massacre imposto pelos Nazistas aos povos da europa (os EUA não mexerem com Hitler pois ele estava ‘‘limpando’’ a europa da ‘‘ameaça comunista’’). Claro! Os EUA sempre foram a ‘‘personificação do bem’’ enquanto a URSS era a ‘‘personificação do mal’’ e eles tentaram mostrar isso para o mundo quando os soviéticos invadiram o Afeganistão.
   E a ONU? Historicamente, a Organização das Nações Unidas teve como organização precursora a Liga das Nações. A Liga (ou Sociedade) das Nações surgiu em consequência dos horrores da Primeira Guerra Mundial e foi a primeira tentativa de consolidar uma organização universal para a paz. Acreditava-se que futuros conflitos só poderiam ser impedidos se fosse criada uma instituição internacional permanente, encarregada de negociar e ‘‘garantir a paz’’. O principal precursor da idéia fora o presidente norte-americano Woodrow Wilson (1856–1924).
   A Liga das Nações, porém, fracassou por defeitos de origem. Não dispunha de um poder executivo forte, nem contava com representantes da União Soviética e dos Estados Unidos – a nação de seu idealizador. O governo de Moscou não era aceito, e Washington não ingressou na organização por rejeitar o Tratado de Versalhes. Mesmo nos melhores tempos, o número de membros não passou de 50. Já em 1923, tornou-se evidente a fraqueza da Liga, quando os franceses invadiram a região alemã da Renânia, para cobrar reparações de guerra.
   Um dos poucos êxitos da organização foi o pacto de segurança firmado entre Alemanha, França, Grã-Bretanha e Bélgica, além da resolução diplomática de alguns conflitos internacionais. Genebra, porém, nada pôde fazer para impedir a crise econômica mundial, no final da década de 20. A miséria geral impulsionou as forças nacionalistas que se opunham ao Tratado de Versalhes.
   A invasão da Manchúria pelo Japão, em 1931, foi uma prova do fracasso da Liga das Nações. Condenado um ano e meio depois pelo ato de agressão, o Japão abandonou a organização. A Alemanha seguiu o mesmo caminho a 14 de outubro de 1933. Adolf Hitler, interessado apenas em armar seu país, usou uma série de pretextos para abandonar a conferência de desarmamento e ridicularizar a Liga das Nações.
   As invasões da Abissínia pela Itália, em 1935, e da Finlândia, pela União Soviética, em 1939, revelaram que a Liga das Nações não passava de uma organização de fachada. Seu último ato foi expulsar a URSS, que havia sido admitida como membro em 1934. A esta altura, porém, a Segunda Guerra Mundial já estava a pleno caminho, o que frustrou de vez as intenções pacifistas dos idealizadores da Liga das Nações.
   Mas precisamos dar uma ‘‘pulada’’ no tempo e irmos mais adiante para que possamos analisar as atrocidade e barbáries cometidas não só pelos EUA mas também pela ONU (com sede em Nova Iorque) para realizarem assim seu projeto de hegemonia. Uma assombrosa ‘‘necessidade’’ que essa nação possui é a de criar inimigos. No passado foram os ingleses, espanhóis, mexicanos, guerra civil, URSS. Mais recente foi o ‘‘Eixo do Mal’’ composto por Irã, Iraque e Coréia do Norte, etc. A economia dos EUA sempre foi a base da guerra. A arrogância é a característica mais marcante do governo dos Estados Unidos da América.
   Ok, então vamos iniciar nossa série de ‘‘perguntas’’ acerca das ações e omissões da ONU nos lembrando da época do Governo de George Walker Bush.

   Na época da invasão do Afeganistão pelas Forças Armadas dos EUA em outubro de 2001, Bush bateu à porta do inferno a pretexto de capturar o ‘‘diabo’’, sem se importar se o resto do planeta virasse um purgatório. Na época, até a morte se tornou um perigo porque na falta de prova que Deus existia, o belicista texano decidiu bancar o Todo-Poderoso, mas quase levou a nação americana para as trevas.
   Num cenário dantesco, havia quem se preocupasse com o futuro das Nações Unidas, como se ainda houvesse esperança nas alternativas diplomáticas. Nunca houve! E bastam algumas poucas perguntas para se concluir que nunca haverá.
  
O que fazia a ONU no massacre da Guerra da Coréia e Guerra do Vietnã? Onde estava a ONU quando a Rússia (então União Soviética) invadiu a Checoslováquia (1968) e mais recentemente a Chechênia (1999)? Quando a França espancou a Argélia? Quando a África do Sul aprisionou Nelson Mandela, por 27 anos, para exterminar sem resistência a maioria negra? Quando a Indonésia arrebentou o Timor? Quando a Sérvia trucidou a Croácia, Bósnia e Kosovo? Quem intervém na luta sangrenta entre palestinos e israelenses? Onde estavam Kofi Anan e Butros Ghali durante os massacres em Angola, Congo, Etiópia, Ruanda, Sudão e Uganda? Como o ex-oficial nazista Kurt Waldhein pôde ser secretário-geral das Nações Unidas?
   Trata-se de omissão criminosa diante de matanças com mais de 4 milhões de corpos – vítimas de uma combinação letal: o mau uso do poder do dinheiro e a banalização da força das armas. O jogo sujo se deve ao FRACASSO DA DEMOCRACIA e à fraqueza da humanidade, cúmplice e refém do colonianismo, imperialismo e totalitarismo.
   De todos os temores impostos por mais guerras covardes e estúpidas que a ‘‘polícia do mundo’’ fará, deve-se poupar o medo de que a ONU desapareça. Afinal onde ela estará quando os EUA deflagrar de vez a Terceira Guerra Mundial?

Filipe Avelar


domingo, 19 de agosto de 2012


Lutas do Povo Brasileiro

INVASÃO HOLANDESA - A LUTA DOS ESTRANGEIROS

     Com a expulsão dos holandeses da Bahia, a Companhia das Índias Ocidentais, teve grandes prejuízos econômicos. Uma poderosa esquadra foi aparelhada para atacar Pernambuco, em conseqüência da produção açucareira. O governador Matias de Albuquerque não dispunha de forças suficientes para resistir: fugiu, então, para o interior, onde fundou o Arraial do Bom Jesus. Para combater os holandeses, adotou a tática da guerrilha, que estava dando bons resultados até que Calabar decidiu auxiliar os holandeses.
     Maurício de Nassau realizou uma habilidosa administração, fazendo diminuir a revolta dos luso-brasileiros contra a ocupação holandesa.
     Na Batalhas de Guararapes, os holandeses foram obrigados a render-se.
     Um fato pouco discutido na história do Brasil é a forte presença dos judeus em Pernambuco. A sociedade pernambucana era dividida em escravos e senhores. Os judeus eram comerciantes e artesãos. Os judeus preferiam os holandeses, porque prometiam espaço econômico e político, mas acabavam vítimas da repressão holandesa, sendo seus cultos proibidos e as sinagogas fechadas. Seu líder era o rabino Isaac Aboab da Fonseca. Expulso, partiu em 12 de setembro de 1624, acompanhado de vários membros da antiga comunidade. Foram para o norte da América e fundaram a cidade de Nova Iorque.
     O estudo histórico afirma que a luta contra os holandeses criou um sentimento favorável aos nativos como índios, negros e brancos que defenderam a pátria, em comum amor por sua terra. Como conseqüência aclamaram Amador Bueno, em São Paulo no ano de 1641, como se refugiando no mosteiro São Bento para não morrer.
     A rebelião conhecida como Nosso Pai, em 1666, em Pernambuco era para libertar Pernambuco de Portugal. O capitão-general Jerônimo Furtado de Mendonça foi derrotado, preso e mandado para a Europa e ficou encarcerado numa fortaleza na Ásia.
     Essa invasão, a holandesa envolveu muitas pessoas e muitas foram mortas. Criou heróis como Filipe Camarão e Henrique Dias.

BECKMAN - A LUTA DA NOBREZA

     Foi liderada pelo senhor de engenho Manuel Beckman e seu irmão Tomás, tendo como palco o Estado do Maranhão, em São Luís em 25 de fevereiro de 1684.
     O motivo foi a falta de mão-de-obra, porque poucos negros chegavam ao Maranhão e os índios não podiam ser escravizados. Isso criou vários choques entre colonos e religiosos deste 1624, antes da rebelião de Beckman.
     Chega no Maranhão, em 1653, padre Vieira. Em 1655, atribui aos jesuítas os cuidados dos negócios indígenas. Em 1661, há um sério conflito, e os jesuítas são expulsos. Em 1667, sobe ao trono o rei D. Pedro II e os jesuítas voltam a ter influência, e padre Vieira obtém do rei um decreto dando liberdade aos índios.
     Sem índios escravos, falta mão-de-obra, então a Companhia de Comércio oferecia-se  mandar alimentos importados e a comprar a produção maranhense. Mas isso não aconteceu pois, não chegavam os produtos e os negros eram poucos e o valor era alto.
     Um novo governador foi enviado, Gomes Freire de Andrade, que chegou para aplicar duras penas aos líderes rebeldes. Manuel Beckman e mais dois chefes do movimento foram enforcados.

EMBOABAS - A LUTA PELO OURO

     Os paulistas abriram os sertões para descobrir ouro e os portugueses injustiçados com a ambição dos paulistas, provocou conflitos e isso gerou a Guerra dos Emboabas. Os portugueses eram conhecidos como emboabas. A guerra começa com o cerco de Sabará pelos emboabas, incendiando aldeias e matando pessoas. Os paulistas procuram desforra. Ocorreu uma sangrenta matança de diversos paulistas, no chamado Capão da Traição, não importa quem o consiga, ou paulistas ou emboabas. O final da Guerra dos Emboabas foi desfavorável aos paulistas. Quando voltam derrotados são chamados de covardes e retornam à luta para vencerem.
     A guerra durou dois anos (1708 a 1710) e o que os paulistas queriam era apenas o ouro.




MASCATES - A LUTA DOS COMERCIANTES

1º Os senhores de engenho foram incapazes de imaginar sua fortuna entrando em declínio, em função da queda dos preços do açúcar no mercado europeu. Sofrendo a crise dos preços do açúcar , os senhores de engenho começaram a recorrer aos mascates. Enquanto os mascates prosperavam nos seus negócios, os senhores de engenho tornavam-se, dia-a-dia, mais endividados.
2º Conscientes de sua importância como classe social, os comerciantes do Recife solicitaram ao rei de Portugal, que seu povoado fosse elevado a categoria de vila. Queriam ver Recife dona de sua própria Câmara Municipal, independente de Olinda, para a qual devia impostos e obediência administrativa.

     Para garantir suas posses os senhores brasileiros fizeram a guerra. Ao final do conflito, os mascates saíram vitoriosos.

BALAIADA - A LUTA DOS QUE NÃO SABEM

     Foi uma revolta popular ocorrida na Província do Maranhão entre 1838 a 1841. Envolveu grande número de sertanejos. Teve início com uma luta que envolveu pessoas de dois grupos políticos opostos: os bem-te-vis, que defendiam posições liberais, e os cabanos, que defendiam posições conservadoras.
     Raimundo Gomes Vieira, conhecido como Cara Preta, aproveitou um incidente ocorrido em 13 de dezembro de 1838, na Vila da Manga, para provocar a luta e resolveu assaltar a cadeia, para libertar os presos.
     A luta entre bem-te-vis e cabarros alastrou-se pelo sertão de todo a Província, e o líder oposicionista Raimundo Teixeira Mendes é assassinado.
     Manuel dos Anjos Ferreira, fabricante de balaio, e por isso apelidado de Balaio, foi à luta porque queria vingança. É bem característico dos balaios, pois todos queriam vingar-se de alguma coisa.
     Em julho de 1839, os balaios conseguiram conquistar a cidade de Caxias, no interior maranhense.
     Para conter a revolta dos balaios, o Governo Regencial enviou tropas. A esta altura, os próprios políticos bem-te-vis, perdendo o controle sobre os sertanejos, resolveram apoias as tropas governamentais. Tais tropas eram comandadas, em 04 de fevereiro de 1840, pelo Coronel Luís Alves de Lima e Silva, o futuro duque de Caxias que, sem muita dificuldade, conseguiu controlar a região.
     Os principais chefes da Balaiada foram:
¦ Manuel dos Anjos Ferreira: fazedor de balaios
¦ Cosme Bento das Chagas: líder dos escravos fugitivos
¦ Raimundo Gomes: vaqueiro
    
     Raimundo Gomes continuou lutando, sendo preso e morreu no navio que o levava a São Paulo.
     Cosme, foi capturado vivo, foi morto por enforcamento.
     Em 13 de maio de 1841, Caxias dava por finda a repressão.

2 - INDEPENDÊNCIA OU MORTE?
INCONFIDÊNCIA MINEIRA - A LUTA DOS POETAS E RICOS

     Dona Maria I, rainha de Portugal, por um alvará de 1785 proibiu quaisquer manufaturadas do Brasil. Dentro os fatores que tornaram precária a situação econômica de Portugal, no séc. XVIII, conta-se o célebre Tratado de Mthuen. (1703).
     Esse tratado em questão, aparentemente favorável a ambas as partes, estipulava o seguinte:

¦ ficariam os portos de Portugal abertos aos tecidos de origem inglesa
¦ os vinhos portugueses passariam a pagar, na Inglaterra, apenas 2/3 dos direitos de importação que pesavam sobre os demais.

     O famoso Marquês de Pombal, dirigiu a partir de 1750 os destinos de Portugal. O ouro,  que há muito tempo vinha sendo explorado, estava diminuindo e o trabalho dos mineiros foi-se tornando cada vez menos rendoso. Em Minas Gerais, contudo, deviam os mineradores responsabilizar-se por um mínimo de cem arrobas, quando havia atraso no pagamento as autoridades procediam à Derrama, ou seja, a cobrança de todos os impostos atrasados.
     Devido a isso, começou-se a Inconfidência Mineira. Foi na verdade uma rebelião de gente rica.
     Os grandes inconfidentes eram homens de famílias abastadas que lutavam para implantar a democracia e a livre-concorrência econômica.
     Participavam desse grupo:

¦ Cláudio Manoel da Costa: minerador, poeta e escritor
¦ Alvarenga Peixoto: minerador latifundiário
¦ Tomás Antonio: poeta
¦ Joaquim José da Silva Xavier: alferes

     O projeto dos inconfidentes incluía medidas como:

¦ Constituir uma República
¦ Instalar uma Universidade
¦ desenvolver manufaturas no País
¦ estimular a agricultura, doando terras as famílias pobres

     Belos planos, mas que foram por água abaixo, porque entre eles havia um traidor chamado Joaquim Silvério dos Reis. Ele contou tudo ao governador, este, para que a revolta não estourasse, mandou suspender a cobrança dos impostos atrasados, a derrama, porque sem a derrama os inconfidentes perdem o maior motivo para sensibilizar o povo e estimular o apoio à revolta.
     O resultado foi a prisão de Tiradentes em 10 de maio de 1789, no Rio. Os outros foram presos em Minas, dias após.
     Depois de muitos interrogatórios, saiu a sentença: Tiradentes foi condenado a morte e os outros foram expulsos do Brasil e mandados para a África.
     Tiradentes foi enforcado, seu corpo dividido em partes colocados em postes e sua cabeça apodreceu em Vila Rica.
     Apesar de todas as atrocidades, a chama da liberdade que Tiradentes acendeu não se apagou. Haveria ainda outras lutas, até que o sonho de independência dos inconfidentes de tornasse realidade.





A REPÚBLICA DE 1817

A LUTA DE “QUASE” TODOS



                            No século XIX, apesar de todas as lutas, o Brasil ainda era colônia de Portugal. As idéias de independência e revolução se espalhavam, então, o governador de Pernambuco, sabendo dos planos através de uma denúncia, mandou prender os líderes do movimento. O general Barbosa de Castro, que estava encarregado de prendê-los, foi morto no próprio quartel. Ao saber, desta notícia, o Governador mandou Alexandre Tomás submeter os rebeldes, este, porém, também foi recebido a tiros, morrendo em seguida.
                            Em 8 de março de 1817 estava constituído um governo republicano em Recife. Em 19 de março a Paraíba instala a sua República. Nos dias 02 e 15 de maio ocorreram combates de Utinga e Pindoba. O governo republicano renuncia e a 20 de maio de 1817 os portugueses esmagam a República.
                            Em seguida, foi constituído um Governo Provisório que tinha como propostas básicas:
     - proclamar a República;
     - abolir alguns impostos;
     - elaborar uma Constituição.
                            Essa Constituição, estabelecia a liberdade religiosa e de imprensa, bem como a igualdade de todos perante a lei. Não querendo ferir os interesses dos senhores de engenho, os revolucionários pernambucanos adotaram, quanto à escravidão negra, uma posição que contrariava a ideologia liberal de Revolução. Diziam desejar a abolição da escravidão, mas de forma “lenta, regular e legal”.
                            Todos os líderes do Movimento, entre eles Teotônio Jorge, José de Barros Lima, Pedro de Sousa em 10 de julho de 1817. Muito sangue correu, era o governo português mantendo a todo custo, o seu poder.





CONFEDERAÇÃO DO EQUADOR
 a luta contra a contra - revolução

                            Em 1821 João VI volta para Portugal, e os portugueses reorganizam as formas de explorar a colônia. A burguesia mercantil queria liberdade comercial. Com a presença inglesa cada vez mais forte na economia brasileira, era claro que um dos dois grupos, a burguesia mercantil ou os brasileiros republicanos faria a independência.
                            As coisas começam a mudar. Mesmo José Bonifácio, chamado de Patriarca da Independência só acerta a causa da separação de Portugal em agosto de 1822.
                            O 7 de setembro foi mais um golpe contra-revolucionário para esmagar as insurreições libertárias e republicanas que um ato contra Portugal. Foi um ato contra-revolucionário que enfraqueceu a verdadeira revolução libertária, atrelando o Brasil à Inglaterra e mantendo as mesmas relações econômicas e políticas da colônia, permanecendo os privilégios dos grandes senhores latifundiários e da burguesia mercantil: posse da terra, da administração e dos escravos.
                            Seguro no poder, Pedro I trai seus compromissos políticos, ao dissolver a Assembléia Constituinte de 1823 e outorgar uma Constituição.
                            Em 1824, surge a insurreição conhecida como Confederação do Equador, que é o movimento revolucionário pernambucano que se manifesta em reação à política absolutista de D. Pedro I.
                            A trincheira do veterano das revoluções libertárias foi ocupada por Frei Caneca, que atacava D. Pedro I, classificando o Poder Moderador com a “chave da opressão da Nação Brasileira”.
                            Ao tomar conhecimento das proporções do movimento revolucionário que se espalhava pelo Nordeste, D. Pedro I, rapidamente, tratou de organizar tropas militares para impedir que a Confederação do Equador se impusesse como uma realidade definitiva.
                            Por altos preços, o Imperador contratou uma esquadra naval, comandada pelo escocês Lorde Cochrane, uma força terrestre comandada pelo brigadeiro Lima e Silva para matar os revoltosos.
                            Em 12 de setembro de 1824, soldados vencem os confederados em Recife, que fogem para Olinda e rendem-se.
                            Diversos líderes do movimento foram presos e condenados à morte; outros conseguiram fugir.
                            Entre os condenados estava frei Caneca que recebeu a pena de enforcamento. Esta pena, contudo, foi transformada em fuzilamento, porque não havia em Pernambuco nenhum carrasco que se dispusesse a levar o frei à força. E, assim, a violência oficial sufocou a Confederação do Equador.
                            Assim, em 7 de setembro de 1822, foi proclamada a Independência, rompendo-se oficialmente os laços da dominação política portuguesa.

3 - O POVO SEDUZIDO

SABINADA - a luta bem falada
                            Os liberais de Salvador estavam agrupados e deram origem às idéias que iriam desembocar na rebelião conhecida como SABINADA.
                            O plano de sabinos era proclamar uma República na Bahia, mas eles não pretendiam que o regime republicano vigorasse para sempre. Este duraria enquanto o rei-menino fosse menor e estivesse impossibilitado de assumir o poder.
                            As camadas inferiores da população não participaram da Sabinada. Era portanto, uma revolta da camada média.
                            Há pontos em comum entre os Sabinos e os Farrapos. O líder farroupilha Bento Gonçalves esteve preso em Salvador, onde influiu sobre o ânimo dos baianos. Os Sabinos eram ideológicos e os Farrapos mais pragmáticos.
                            A Sabinada obtém a vitória em 7 de novembro de 1837 com a adesão de parte das tropas do governo. O Império contra-ataca e vence em 15 de março de 1838. Sabino foi deportado para o Mato Grosso, onde morreu.


FARROUPILHA - a luta traída em Porongos


                            A Revolução Farroupilha, também conhecida como a Guerra dos Farrapos, foi a mais longa revolta de todo o período regencial e imperial e ocorreu na Província do Rio Grande do Sul.
                            Os motivos de ordem econômica estão entre suas principais causas: o R.S. era um grande produtor de charque. O seu mais importante centro consumidor eram as Províncias do Nordeste. Os produtores gaúchos reclamavam do Governo Central uma maior proteção para o seu negócio , em da concorrência que sofriam de Países como o Uruguai, a Argentina e o Paraguai que exportavam para o Brasil. Reclamavam também dos baixos preços para os seus produtos, dos autos impostos, etc...
                            Num manifesto de 29 de agosto de 1938, Bento Gonçalves, com razão, denunciava o assalto do Governo Central contra o Rio Grande, pois o Rio Grande estava sendo descapitalizado, transformando numa estalagem do Império.
                            Cresce-se a essa situação uma estiagem em 1832, prejudicando toda a colheita e seca as pastagens, matando o gado. Em 1833, enchentes que alagam as terras baixas. Em 1834, uma praga de carrapatos atacam os animais.
                            A temperatura política começa a ferver no início de 1835, quando se instalou a Assembléia Legislativa. As hostilidades dos farroupilhas contra Fernandes Braga, culminaram, no dia 20 de setembro, com choques armados nos arredores de Porto Alegre. Feijó preferiu, entretanto, enfrentar Bento Gonçalves, enquanto Fernandes Braga Foge para o Rio Grande. O Governo Central nomeia Araújo Ribeiro, que não consegue tomar posse, então Bento Manuel Ribeiro abandona os farrapos e luta pelo governo. 
                            Em 1837, Bento Gonçalves conseguiu fugir.
                            A República de Piratini luta contra o Império. Tempo depois, Bento Gonçalves está de volta, liderando a guerra. Garibaldi aparece, funda-se em Santa Catarina a República Juliana.
                            Desde 1842 que o futuro duque de Caxias está no governo do Rio Grande, enviado pelo Império. É um grande organizador. Refaz o exército imperial, celebra acordos com Manuel Oribe. E ao seu lado está Bento Manuel Ribeiro.
                            Em 26 de maio de 1843, acontece a Batalha de Ponche Verde, que os farrapos vencem, comandados por Davi Canabarro. Em 1845, foi assinado um tratado de paz entre as tropas imperiais. Os farrapos aceitam o acordo. Eis alguns dos seus artigos:    
     - o indivíduo indicado presidente da Província é aprovado pelo Governo Imperial.
     - os oficiais republicanos que forem indicados passarão a pertencer ao Exército do Brasil no mesmo posto, e os que não quiserem pertencer ao Exército não serão obrigados a servir.
     - todos os cativos que serviram a República, terão direito à liberdade.
     - em toda sua plenitude, será garantida a segurança individual e de propriedade.
     - Governo Imperial tratará da linha divisória com o Estado Oriental.
                            Os farrapos evitam os escravos na suas tropas, porque em caso de vitória, podem causar mudanças na situação, mas na guerra, os farrapos incorporam os negros às tropas com vigilância especial. Os negros não chegavam a oficiais porque eram comandados por brancos.
                            Em 14 de novembro de 1844, acontece a batalha de Porongos que é a forma arranjada entre Caxias e Canabarro para exterminar os negros.
                            A Revolução Farroupilha termina com o extermínio de negros escravos, onde escondem-se dois heróis sob a capa da traição para entrar na história usando o poder.



PRAIEIRA - a luta das contradições


                            Foi a revolta dos liberais exaltados de Pernambuco que constituíam o Partido da Praia.
                            Em 1848, o partido dos liberais exaltados indispôs-se contra a situação de Pernambuco, onde o poder econômico era dominado pela aristocracia rural e pelos comerciantes portugueses. O povo em geral vivia em permanentes dificuldades econômicas.
                            Em 7 de novembro de 1848 começa a insurreição.
                            Foi na Revolução Praieira que , pela primeira vez no Brasil, as influências socialistas modernas se fizeram sentir. O Manifesto do Mundo, publicado a 1º de janeiro de 1849, revela a influência dos movimentos socialistas europeus e, sobretudo, da insurreição operária de 1848 na França. Apesar da omissão quanto ao trabalho escravo, entre as medidas propostas constavam o voto livre e universal, a liberdade de imprensa, o trabalho como garantia de vida para o cidadão, a extinção do Poder Moderador e a Reforma do Poder Judiciário para garantir os direitos individuais.
                            O líder da Cabanada, Vicente de Paula, tem papel destacado na perseguição aos praieiros Pedro Ivo e Caetano Alves.
                            O movimento começou em 7 de novembro de 1848 e foi sufocado em 4 de abril de 1849, com a rendição em Água Preta. Em 28 de novembro de 1851 o Império da anistia aos praieiros.


4 - O POVO VAI À LUTA
ÍNDIOS - a luta de quinhentos anos

                            É muito comum ouvir falar em Descobrimento do Brasil. Essa expressão refere-se ao fato de os portugueses terem encontrado uma terra que até então (1500) era desconhecida dos europeus. Em 1500, portanto, o Brasil foi descoberto para os europeus.
                            Todos sabiam que já viviam milhões de índios,  portanto, esta terra não era desconhecida e sem dono. Ela estava distribuída entre os numerosos grupos indígenas que a ocuparam. É verdade que a idéia de posse e propriedade, no caso dos índios, não tem mesmo sentido que tinha para os portugueses e que ainda tem para nós, ou seja, o sentido de propriedade privada.
                            O território pertencia aos índios, era ocupado por eles, assim, a presença dos portugueses foi uma ocupação, uma invasão. Os europeus julgavam que os povos “não civilizados” não tinham os mesmos direitos que eles, como o da posse das terras. Os europeus consideravam-se donos do mundo e achavam que todos os outros povos deviam seguir as leis que existiam na Europa. A hostilidade e as guerras dominaram o relacionamento entre portugueses e índios. Estes foram exterminados pela ambição e sede de lucros dos invasores que, achando-se no direito de ocupar a nova terra, foram destruindo tudo o que encontravam pela frente.
                            Ainda hoje existe a idéia de que os índios são seres inferiores, que não têm os mesmos direitos que os brancos. É essa a mentalidade que nos foi transmitida pelos colonizadores.
                            Seria muito mais fácil para eles justificar o extermínio dos índios se estes fossem considerados seres inferiores, sem nenhum direito, nem mesmo à vida.
                            O mundo do índio começou a desmoronar no momento do encontro com o branco. Este considerava-se superior, dono da verdade, com direito sobre a terra, a liberdade e a própria vida do índio. Os conquistadores europeus chegaram ocupando a terra do índio, obrigando-o a trabalhar em troca de objetos de pouco valor e matando quem resistisse.
                            Diante dos invasores portugueses, os índios reagiram violentamente, promovendo uma guerra sem tréguas contra o invasor branco, tentando expulsá-lo do Brasil. Essa foi a primeira reação dos indígenas quando perceberam as intenções dos portugueses, de tomar conta da terra, dominando tudo.
                            No confronto armado os índios levaram a pior pois viviam dispersos e não tinham como unir-se para enfrentar os invasores, suas armas eram menos poderosas que as dos portugueses, que já tinham aramas de fogo.
                            Não podendo vencer e expulsar os portugueses, muitas tribos indígenas tentaram conviver pacificamente com eles. Nesse caso, também os índios levaram a pior, porque, foram obrigados a abandonar os costumes de sua gente, e a trabalhar para os brancos como escravos, e ainda ficaram sujeitos a todas as doenças dos brancos, contra as quais seus organismos não tinham defesa.
                            Aqui também o resultado foi o extermínio do índio, embora de forma mais lenta do que na guerra.
                            Sem poder enfrentar o branco na guerra e não querendo conviver pacificamente com ele, muitos indígenas resolveram fugir para o interior do Brasil na tentativa de manter um modo de vida próprio, longe dos invasores.
                            Mesmo assim os índios se deram mal, pois os invasores organizavam expedições armadas para aprisioná-los com o objetivo de os escravizar.
                            Como se vê, de uma forma ou de outra, os índios saíram perdendo em sua luta contra os portugueses. Hoje, os poucos índios que restam, tentam manter em suas mãos as poucas terras que ainda possuem. Para isso estão lutando para que essas terras sejam demarcadas, isto é, tenham diversas bem claras, para impedir a invasão dos fazendeiros e das grandes empresas agropecuárias.


NEGROS - a luta inconclusa


                            Um fator, decisivo para a substituição do trabalho indígena, foi a baixa produtividade.
                            Além de lutar tenazmente contra a escravidão, o índio era mau trabalhador, de pouca resistência física e baixíssima eficiência. Além disso, não sabia trabalhar metais, apenas atingira o estágio da pedra polida, e só conhecia métodos muito rudimentares de cultivo. Não podia, por isso, adaptar-se às técnicas requeridas na grande lavoura. A escravidão negra foi a solução alternativa.
                            Os negros não eram considerados pessoas, mas simples mercadorias, coisas. Por isso não eram contados como gente-dois homens, dez homens - mas vendidos em peças e em toneladas.
                            Eram as “peças das Índias”, “peças da  África”, as “toneladas de negros” representando os “sopros de vida”, “os fôlegos vivos”.  A própria forma como se comercializavam os negros africanos era reflexo da sua desumanização: não se vendia um negro, dois negros, vendiam-se peças; uma peça não significava um negro, como uma tonelada não significava mil quilos de negros.
                            O quilombo de Palmares durou 57 anos.
                            Palmares surgiu no início do século XVII e começou a crescer bastante por volta de 1630, onde o domínio holandês em Pernambuco e a subsequente resistência dos luso-brasileiros ao invasor resultaram na desorganização das lavouras com a fuga de escravos que se intensificou.
                            Quando conseguiam fugir reuniam-se em comunidades chamadas quilombos. O quilombo era formado por aldeias, chamadas mocambos.
                            Palmares chegou a ter milhares de habitantes negros e seu principal comandante foi Zumbi.
                            A Guerra dos Palmares foi uma das mais importantes do Brasil Colonial. De 1644, quando aconteceu o primeiro ataque, até 1695, quando o Zumbi foi assassinado, Palmares foi atacado mais de trinta vezes.
                            A morte de Zumbi, segundo Domingos Jorge Velho, teria acontecido em 20 de novembro de 1695.
                            Zumbi morreu, mas seus ideais de liberdade permaneceram vivos; novos quilombos foram organizados e os escravos continuaram lutando pela sua libertação.
                            Fugindo ao esquema das demais revoltas ocorridas durante o período regencial, uma rebelião de escravos sacudiu a Bahia em 1835. Havia muitos que pertenciam a nações de cultura islâmica, como os haussas e os nagôs.
                            O nome malê, alias, designava os negros que sabiam ler e escrever em árabe.
                            A profusão de periódicos abolicionistas correspondia à realidade de um movimento que estava longe de ser homogêneo. Varias correntes e opiniões contraditórias coexistiam no movimento. Os moderados cujo melhor exemplo é sem duvida a figura de Joaquim Nabuco temiam as agitações sociais e achavam que a luta pela abolição deveria se processar institucionalmente, entre as paredes do Parlamento.
                            Primeiro a captura na própria África, depois a travessia do Atlântico, nos tumbeiros, a venda no mercado de escravos, o trabalho pesado nas minas ou plantações, a perspectiva sempre presente dos castigos corporais e das humilhações, tal foi a acolhida prestada a um dos componentes do povo brasileiro, ao longo de quatro séculos de escravidão.
                            Aos poucos, os partidários da Abolição gradual começaram a ganhar terreno.
                            Finalmente, em 1888, os antiescravistas conquistaram a maioria do Parlamento, refletindo a nova correlação de forças, a sete de maio de 1888 o Congresso aprovava, por imensa maioria, um projeto de Lei. Assinado a 13 de maio pela regente do trono, Princesa Isabel, o projeto transformou-se na Lei Áurea. Entre tanto, ao contrário do que se esperava a abolição não significou a emancipação efetiva da população escravizada.
                            Sem medidas institucionais que promovessem a integração à sociedade, os negros foram entregues à própria sorte.
                            Na realidade, a abolição veio afastar alguns dos obstáculos ao desenvolvimento da economia brasileira, cujo pólo dinâmico se baseava cada vez mais no trabalho assalariado.




ALFAIATES - a luta pela liberdade    


                            Em 1798 foi fundada em Salvador uma sociedade cujo os integrantes dedicavam-se à tradução de textos de Rousseau e outros filósofos, divulgando ativamente os ideais republicanos na Bahia.
                            Apesar de seu caráter secreto, essa sociedade estendeu sua influência para além do círculo das elites ilustradas, atingindo as camadas médias e pobres, inclusive escravos da população baiana. A amplitude dessa influência se explica pela profunda crise econômica  e social por que passava Salvador no final do século XVIII.
                            Quando apareceram os manifestos, o Governador deu ordem para a devassa, ou seja, para que se fizessem investigações e prisões.
                            Aguilar Pantoja, havia traduzido livros franceses e trechos de Rousseau, ao seu lado Agripino Barata, que representa um dos intelectuais no movimento.
                            A liderança dos setores urbanos mais pobres cabia ao soldado mulato Lucas Dantas, pertencente ao batalhão das milícias.
                            A conjuração estendia-se dos escalões superiores aos estratos mais baixos da sociedade colonial.
                            O sistema colonial absolutista era condenado e pregava-se a necessidade de um levante que proclamasse a República e a Abolição, abrisse os portos brasileiros ao comercio mundial e pusesse fim às discriminações entre negros e brancos e a todos os privilégios existentes, garantindo-se a liberdade para desenvolver a industria e o comércio.
                            Muitos pretos e mulatos foram condenados à morte, pela forca, seguida de esquartejamento no dia 8 de novembro de 1799.


CABANAGEM - a luta do povo no poder


                            A Cabanagem foi uma grande revolta popular. Dela participaram pessoas vindas das camadas mais pobres da sociedade.
                            O primeiro líder dos cabanos foi o padre Batista de campos. Na luta contra o governo central, os cabanos juntaram-se aos fazendeiros e comerciantes locais, esperando conseguir melhores condições de vida. Como os cabanos queriam muito mais: comida, casa, trabalho, entraram na luta para valer.
                            No dia 6 de janeiro de 1835, o povo consegue unir-se para derrubar o governador Lobo de Sousa, matando-o e libertaram os presos políticos. Imediatamente foi constituído um novo governo, presidido por Félix Clemente Malcher.
                            Clemente Malcher é um conciliador, está com os cabanos devido ao ódio que tem aos portugueses. No entanto, a aliança entre os cabanos durou pouco, pois Malcher traiu o movimento, fazendo acordo com as tropas do governo. Por isso, os revoltosos o mataram e o substituíram por Francisco Vinagre, que assumiu o governo paraense.
                            Mas devido as guerras e guerrilha, na terra e no rio, Francisco Vinagre, sem condições de resistir, entregou-lhe o poder, sendo preso.
                            A este sucedeu, Eduardo Angelim, que ajudado por guerrilheiros como Bento Ferrão, vence as tropas de ocupação e chega ao poder.
                            Angelim manda fuzilar negros rebeldes e vai se refugiar no interior para continuar a luta.
                            Essa guerra cruel só terminou em 1840, quando os últimos cabanos se entregaram, sem terem conseguido atingir os objetivos pelos quais lutaram. À revolta dos cabanos contra as péssimas condições em que viviam, o governo respondeu apenas com violência e morte.



QUEBRA - quilos - a luta dos semi-líderes


                            Os sertanejos revoltaram-se com a introdução do sistema métrico no Brasil, pois, sentirem-se prejudicados pois, estavam sendo roubados nos pesos e medidas.
                            Então rebelaram-se, invadindo cidades saqueando armazéns e pegaram os pesos i metros e jogaram nos rios.
                            Na época do Quebra-quilos eram cobrados impostos, pois na medida em que o povo precisa de mais dinheiro, o governo cria mais imposto. Como em todo o País que adotou o sistema, em 1873 decidiu-se o governo imperial a obrigar o cumprimento da Lei, e os que não cumprissem seriam multados.
                            Em 1874 acontece a primeira ação dos quebra-quilos, em uma vila perto de Campina Grande, na Paraíba.
                            A partir daí, começa a violência não só com os pesos e medidas, mas sim com os impostos e a vida miserável.
                            O Quebra-quilos nasce de um movimento sem líderes. Na visão dos camponeses o imposto era um papel, a lei, queimando-se a lei, acabava-se os impostos.

CANUDOS - a luta pela utopia real 


                            Nascido em Quixeramobim, Ceará, em 1828, Antonio Vicente Mendes Maciel teve uma infância privilegiada para uma criança do sertão.
                            Filho de um comerciante estudou latim, francês, aritmética e geografia. Seu destino foi diferente. Com a morte do pai, casou-se e passou a exercer o comércio. Mas não era essa sua vocação.
                            Em breve, cheio de dúvidas, abandonou o negócio e ganhou o sertão. Um novo choque lhe estava reservado. fugindo com um soldado de polícia, sua mulher o abandonou. Casa-se de novo com Joana e quem tem um filho.
                            Deixa ambos em 1865, e passa a vagar pelos sertões acompanhando missionários.
                            Seu prestígio já estava consolidado. Um grupo de fiéis o acompanhava sempre, ajudando-o na reconstrução de igrejas e muros de cemitério. Mas a medida que a forma do beato aumentava, a hierarquia eclesiástica começou a preocupar-se. Não demorou muito para que se multiplicasse as perseguições. O beato foi preso em 1876 e, para ser solto, teve de prometer que abandonaria suas pregações. A promessa não foi cumprida. No ano seguinte, o conselheiro e seus adeptos estavam de volta aos sertões da Bahia.
                            Em 1893, conselheiro desafiou ostensivamente a República. Na praça central do município de Bom Conselho queimou as tábuas onde estavam afixados os editais que anunciavam os novos impostos a serem cobrados pelo Governo. Foi nessa época que, tendo sua prisão decretada e vendo-se obrigado a fugir das volantes, achou que chegara a hora de criar sua própria comunidade.
                            O lugar escolhido foi a fazenda de canudos, à beira do rio Vaza-Barris, que se encontrava abandonada. Sob a autoridade do Conselheiro, os fiéis logo se organizaram. Todos os bens pessoais deveriam ser entregues à comunidade. A forma do arraial sagrado de Belo Monte, como passara a chamar-se a provação, espalhou-se com rapidez.
                            Era uma comunidade ideal, voltada para o bem comum, verdadeira utopia em pleno sertão baiano, à parte e à revelia do Brasil oligárquico e republicano. Isto a condenou à destruição.
                            Em outubro de 1896, quando foram avisados de que na cidade próxima de Uauá estava uma tropa com a missão de aprisionar o Conselheiro e dissolver o arraial, os jagunços de Canudos não se surpreenderam. Havia muito que o beato previra uma guerra que precederia o fim do mundo, com profundas transformações.
                            Assim, guiados pela fé, os jagunços não esperaram pelo ataque, partiram ao encontro da tropa, que apanhada de surpresa, foi totalmente destroçada.
                            Os políticos da República não puderam tolerar uma derrota tão humilhante. Canudos passou a ser retratada como uma “fortaleza monarquista” a ameaçar a estabilidade do regime. Em dezembro de 1896, uma segunda expedição, apoiada pelo Exército, foi enviada contra o arraial.
                            Era comandada por um major, Febrônio de Brito, e dispunha de armas moderas. Novamente as tropas subestimaram a força e a habilidade dos jagunços. Usando táticas de guerrilha, estes surpreenderam a expedição muitas vezes pelo caminho. E de tal forma conseguiram desorganizá-la que, ao chegar a Canudos, a munição já era escassa e os soldados estavam exaustos. Sem condições de combater, o major ordenou a retirada.
                            Foi organizada uma terceira expedição, sob o comando do coronel Moreira César. Com toda munição suficiente e conhecendo as táticas que o inimigo empregara das outras vezes, o coronel confiava numa vitória fácil.
                            O percurso até Canudos não apresentou dificuldades, e a expedição penetrou no arraial de Belo Monte. Era o que os jagunços esperavam.
                            Tocaiados em cada casa, em cada beco, em cada esquina, os homens do Conselheiro combateram, espalhando o pânico entre os soldados, desnorteados naquele labirinto de vielas.
                            Quando Moreira Cessar caiu morto, a tropa debandou, numa retirada vergonhosa.
                            A lenda de Canudos agitava a opinião pública em todo o País. A notícia de mais uma derrota infligida pôr fanático esfarrapados a uma moderna divisão do Exército acirrou o ânimo dos militaristas, que exigiam retaliação.
                            Comandada pelo general Artur Oscar de Andrade Guimarães, a quarta expedição. Pelo caminho, a tropa foi castigada inúmeras vezes pelas guerrilhas dos jagunços; antes de chegar a canudos, já perdera 1200 homens, mas vieram reforços. A luta continuou por muitos meses e durante todo esse tempo novos soldados foram sendo incorporados à força combatente.
                            A última batalha foi travada a 5 de outubro de 1897.
                            Morto pouco antes, o Conselheiro não chegou a ver o aniquilamento de seu povo.
                            Era o fim de um sonho, ou, nas palavras de Euclides da Cunha, de um episódio na série reservada “para as loucuras e os crimes da nacionalidades...”










INTRODUÇÃO



                            Tudo tem uma história. Muitas das coisas que nossos antepassados usavam e faziam já não existem mais; outras modificaram-se, algumas permanecem como eram.
                            Pois bem: a História estuda os fatos do passado e tenta verificar suas causas (por que ocorreram) e suas conseqüências (os acontecimentos que provocaram).
                            Ao mesmo tempo, procuramos saber como todos os elementos se alteraram ao longo do tempo e por quê. Ou seja, pesquisamos os acontecimentos importantes que marcaram a vida dos povos, dos países, das cidades, que fatores influíram em tais acontecimentos e o que resultou deles.
                            A História é contada principalmente por meio do estudo dos documentos escritos, que podem ser lidos e entendidos pelo historiador.
                            Se um povo deixou apenas sinais não escritos sobre sua vida, trona-se difícil para o historiador contar com precisão a História desse povo. Como o historiador não presenciou os fatos do passado, ele precisa basear-se em documentos. mas deve ter muito cuidado, porque esses documentos podem não dizer a verdade. Por isso, ele compara diversos documentos, procurando ver até que ponto eles dizem a mesma coisa. Por exemplo: uma partida de futebol pode ser contada de forma diferente pelos torcedores de um ou outro time. Diante de um caso assim, o historiador se preocuparia com os fatos concretos (quem foram os participantes dos jogo, quem foi o juiz, quem marcou os gols etc...). Não confiaria só na opinião de uma pessoa, que poderia estar querendo apenas mostrar as vantagens de seu time.
                            Muitos livros de História do Brasil, por exemplo, começam sua narrativa no ano de 1500, quando os portugueses tomaram posse do território brasileiro. Há livros que mal se referem ao índios, que eram milhões na época do Descobrimento. A maioria dos livros de História também deixa de explicar a tragédia do extermínio dos índios, que hoje não passam de 250.000 indivíduos ou mais, ainda ameaçados pela invasão de terras onde vivem.
                            Nesse trabalho, preocupei-me em narrar os fatos que foram mais importantes para o povo, que é o principal herói de nossa História. Essa História, assim contada, inclui os índios e a população pobre, e não se resume a mostrar uma lista de datas, fatos e nome de heróis.
                            Afinal, nós fazemos também a História do Brasil.


CONCLUSÃO


                            Nada pior do que histórias mal contadas e que nos obrigam a decorar. Num livro de História do Brasil, os problemas de uma história mal contada torna-se grave, pois, faltam pedaços na História e a mesma não convence.
                            Esse tipo de História torna-se chata e cansativa porque fala de um mundo que não nos diz respeito, um mundo do qual nós, o povo, não participamos.
                            Aqui, o que o autor pretendeu foi em mostrar uma história onde aparecem os conflitos de classe, as contradições sócio-econômicas que existiram e que, de algum modo, persistem em nossos dias.
                            A história apresentada nesse trabalho deve ser vista como algo definitivo e categórico .
                            O passado é algo complexo que deve ser interpretado, reconstruído pelo historiador.
                            O propósito não é fazê-lo aceitar passivamente as interpretações do passado, e sim discutir, questionar e que use mais a reflexão do que da memória.
                            O que se espera dessa História do Brasil, é que para uma Geração consciente possa ajudá-lo entender melhor a realidade brasileira em evolução e a participar conscientemente da sociedade em que vivemos.