Relatório de leitura do texto
‘‘O Escravo Negro na Vida Sexual e de Família do Brasileiro’’
Do livro: Casa Grande & Senzala – Gilberto Freyre
Breve Comentário do trabalho:
O objetivo desta obra é explanar uma análise
de leitura ressaltando a relevância do pensamento de Gilberto Freyre apontando
as inovações e as contribuições do texto ‘‘O Escravo Negro na Vida Sexual e de
Família do Brasileiro’’, capítulo de sua obra Casa Grande & Senzala.
Resenha do texto: ‘‘O Escravo
Negro na Vida Sexual e de Família do Brasileiro’’ - Gilberto Freyre.
O sociólogo Gilberto Freyre faz uma análise sobre a força motriz da
colonização lusitana no Brasil. Para ele, a força dessa colonização e o
resultado dela está na miscigenação.
Sua obra aponta para a formação sócio-cultural do Brasil através do
hibridismo entre três raças: O índio, o português e o negro. Esse último para
Freyre sobrepõe sua cultura ante as outras duas raças. Sua obra no entanto,
destaca a relação entre senhor e escravo.
No texto, é ressaltado que todos nós brasileiros carregamos no corpo ou
em nossa cultura do dia a dia algum estigma da influência africana. Freyre
começa o capítulo enfatizando a importância da ama de leite e sua relação com a
criança no período colonial e a proximidade que isso causava entre os dois.
O posicionamento geográfico, favoreceu ao negro posto ele teria uma
cultura ‘‘superior’’ a do indígena. Quanto aos historiadores do século XIX,
limitaram a procedência dos escravos importados para o Brasil ao estoque banto.
Algo que deveria ser corrigido, posto que foram muitas as espécies trazidas do
continente africano e cada qual tinha sua própria cultura o que fazia que o
continente africano fosse um tanto heterogêneo socioculturalmente.
Para Freyre, a formação brasileira foi beneficiada pelo melhor da cultura
negra da África, absorvendo elementos culturalmente elitistas na qual faltaram
na mesma proporção ao sul dos E.U.A.
Geográfica e climaticamente, o negro tem pré-disposição biológica para o
clima dos trópicos, se banhavam muito, possuem gosto e resistência ao sol,
enquanto os índios reverenciavam mais os dias de chuva. Se adaptaram melhor ao
trópico pois enquanto os índios eram mais cerimonialistas os negros eram mais
corteses e aglomeravam-se entre as outras raças com maior adaptabilidade.
Dominaram a cozinha brasileira devido a sua culinária que era muito bem
apreciada pelos portugueses.
Através de estudos antropológicos, Freyre apontou para o fato dos negros
terem grande memória, intuição e percepção imediata das coisas. Os africanos
vindos para o Brasil eram procedentes da cultura maometana (islamismo), cultura
‘‘superior’’ à dos índios e à maioria dos colonos brancos. Estes africanos
sabiam ler e escrever, qualidades semelhantes ao árabe. Nas senzalas da Bahia
no século XIX, havia mais gente lendo e escrevendo do que na casa grande. O
islamismo desenvolveu cultura forte nas Senzalas, hábitos como se vestir de
branco (africanos gostam de vestimentas colorizadas e não brancas como os
árabes), cultuar o dia dos mortos, jejum, rezas, etc. São todos resquícios do
estigma árabe.
Também as roupas das mucamas sofria a influência da cultura maometana.
Sua sexualidada era aflorada e portanto cabia a ela iniciar os mais jovens
dentro da casa grande (para Freyre, não existe escravidão sem depravação
portanto, a libertinagem do negro fazia regime simbiótico com sua condição de
escravo) característica desse modo de vida tanto nas senzalas como nas casas
grandes.
No que tange as questões religiosas, verificou-se entre nós uma profunda
confraternização de valores e de sentimentos. Predominantemente coletivistas,
os vindos das senzalas, aportavam mais o individualismo, e para o primitivismo,
os das casas grandes. ‘‘Os escravos tornados cristãos fazem mais progresso na
civilização’’, observou Koster.
Não foi só ‘‘no sistema de batizar negros’’ que se resumia a política de
assimilação, ao mesmo tempo que de contemporização seguida no Brasil pelos
senhores de escravos: consistiu principalmente em dar aos negros a oportunidade
de conservarem, à sombra dos costumes europeus e dos ritos e doutrinas
católicas, formas e acessórios da cultura mítica africana.
Em suma, O sociólogo possui uma visão adocicada do Brasil. Talvez porque
ele escreva com a mente de Pernambuco (os Estados do Brasil não eram
homogêneos), Freyre escreve com a mente de Pernambuco e o próprio assume que
sua obra era uma ensaio (p. 368, 2° parágrafo). O autor explana uma visão na
qual a cultura do negro é superior a do indígena e do português. O jeito
extrovertido, alegre, plástico e adaptável, o tornava mais ‘‘absoluto’’ nesse
critério de sobrevivência ao ambiente no qual ele foi inserido e portanto ele
era superior o hibridismo racial que resultou na miscigenação. Quando Freyre amiúde cita a tese de que o
negro seria ‘‘superior’’ ao indígena nem ao português , para nós historiadores,
soa um tanto com grau etnocêntrico. Talvez pela ótica em que o autor tenha
desenvolvido devido ao fato do próprio ter tido contato vivente com o modus viventi da casa grande, muitas
vezes também chamada de ‘‘casas de vivenda’’.
Por: Filipe Avelar.
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