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sábado, 8 de junho de 2013

A Independência das 13 Colonias Inglesas na América e o Processo de Ruptura

Guerra Revolucionária Americana (1775–1783)



Antes de tudo, com base no texto do historiador brasileiro Leandro Karnal, iremos destacar o por quê do interesse do reinol britânico nas colônias.

     A Revolução Industrial é, antes de mais nada, uma disciplina de trabalho (no século XVIII as pessoas passam a ser escravas do tempo sendo controladas pelo relógio), exploração máxima da mão-de-obra consequentemente provocando um aumento colossal da produção. Produção essa que provoca uma nova busca de mercados consumidores e de maiores necessidades de matérias-primas como algodão, ferro, carvão e etc. Sendo assim, as 13 colônias inglesas na América são vistas como fontes em potencial para erigir o processo industrial inglês. Ou seja, a Inglaterra já era a ‘‘Rainha do Mar mediterrâneo, com sua marinha de guerra era praticamente imbatível nos mares e agora seria a ‘‘A Personificação da Industrialização.’’

     Ao final do século XVII e a totalidade do século XVIII, foi marcado por sangrentas guerras nas europa e na América. Podemos analisar que essas guerras tiveram uma importância para o processo de independência das 13 colônias (Estados Unidos ainda não existia) em relação à Inglaterra. A primeira guerra ocorreu em meados no final do século XVII, foi a Guerra da Liga de Augsburgo, onde na Inglaterra se chamou de Guerra do Rei Guilherme, o principal objetivo da guerra foi a consequência da Inglaterra com relação a política expansionista do Rei Luís XIV (França), no começo a Inglaterra indiferente a essa política, muda de comportamento quando expulsa os protestantes franceses motivada por Luís XIV, quando o Rei Guilherme sobe ao trono do país declara guerra a França.
     No final da guerra, França e Inglaterra fecham um contrato, denominado Tratado de Ryswick (1697), onde estabelecia a devolução do Porto Royal para a França.
Entre 1703 à 1713, ocorreu a Guerra da Rainha Ana ou da Sucessão Espanhola, na época o Rei da Espanha, Carlos II havia falecido sem deixar nenhuma herança. A ideia da política de casamentos entre o reinol europeu acabava por deixar muitos reis sucessores em potencial. A Áustria tinha apoio da Inglaterra que era contra a França, onde seu objetivo era colocar no trono espanhol Filipe, neto de Luís XIV.
     Durante esse conflito, os ingleses enfrentaram duas frentes de batalha, uma que era no norte onde colonos franceses e os índios eram aliados (o mesmo ocorreu na Guerra do Rei Guilherme), e no sul, a Carolina do Sul enfrentava os espanhóis da Flórida.
     A atenção dos europeus em relação à América, juntava ou até mesmo impedia com os interesses dos colonos, os colonos do Sul queriam dominar o Mississipi, os do Norte queriam o domínio do comércio de peles e a posse dos bancos pesqueiros da Terra Nova. A Inglaterra a fim de ajudar os colonos, enviando uma tropa de 10 mil soldados para a América, acaba atrapalhando a luta das 13 colônias contra os franceses e os espanhóis.

 
O Tratado de Utrecht, que colocou fim à guerra, beneficiou também as 13 colônias, privativamente os do Norte. Os colonos adquiriram o controle da baía de Hudson e o domínio do comércio de peles da região.

     A Guerra da Orelha de Jenkins, acontecida em 1739 a 1742, agitou a vida na América posteriormente a Guerra de Sucessão Espanhola, utilizando o ataque espanhol ao navio do capitão Jenkins (durante o qual ele perde a orelha), os colonos atacaram possessões espanholas, dirigindo-se a Flórida e depois à Cartagena, localizada na Colômbia, três mil e quinhentos colonos foram comandados pelos oficiais ingleses, durante esses ataques, porém a febre amarela atacou-os no Caribe, apenas seiscentos colonos conseguiram sobreviver, acrescentando o ressentimento contra o exército inglês.     

     Já a Guerra da Sucessão Austríaca, que ocorreu em 1740 até 1768, que foi outro problema de sucessão e que provocaria um atrito entre as nações da Europa. A Inglaterra apoiava Maria Teresa, entretanto os franceses não aceitavam que uma mulher poderia assumir o trono. Na América, ficou conhecido como Guerra do Rei Jorge.

     Durante essa guerra, nas colônias, o forte francês de Louisbourg foi apanhado por uma expedição saída Boston. Quando foi assinado um tratado de paz (Tratado de Aix-La-Chapelle), a Inglaterra prometeu a devolução do forte para a França. Mais uma vez os interesses dos ingleses eram sobrepostos aos interesses dos colonos. A Guerra do Rei Jorge, ajudou também para a dispersão do interesse da França e da Inglaterra pelo vale de Ohio, interesse que era bastante importante no conflito seguinte.

     Dois anos do começo da Guerra dos Sete Anos na Europa (1756-1763), começava na América os conflitos denominados de Guerra Franco-Índia, o início do choque ligava exatamente às pretensões dos colonos de se expandirem sobre as áreas indígenas de Ohio.

     Em junho de 1754, organizaram uma conferência das colônias inglesas em Albany (Nova York), pela primeira vez, ocorre um plano de união entre as colônias, formado pelo bostoniano Benjamin Franklin, para dar mais força aos colonos na luta contra os inimigos, mas essa ideia de união desagradou a Inglaterra, que temia os efeitos posteriores dela.

     A Guerra Franco-Índia e a dos Sete Anos acabaram eliminando o Império da França pela América do Norte, derrotada na América e na Europa, a França entrega para a Inglaterra uma parte de suas propriedades no Caribe e no Canadá.

      De várias formas, a Guerra dos Sete Anos é a principal e mais importante de todas as guerras do século XVIII, do mesmo jeito nas outras guerras os interesses ingleses quase não eram parecidos com os interesses dos colonos da América.

     Com a derrota da França, as invasões francesas acabaram se afastando, deixando os colonos menos dependentes do poder militar inglês para sua defesa.

     A Guerra dos Sete Anos tinha estabelecido uma presença militar nas colônias, a coroa decidiu manter um exército regular na América, a um custo muito alto por ano. Para a sustentação do exército, os colonos passaram a aumentar seus impostos, virando uma situação desagradável para os colonos.
     No final da Guerra dos Sete Anos, também trouxe outros problemas entre os colonos e os índios, vencido o inimigo francês, os colonos queriam uma expansão mais forte entre os montes Apalaches e o rio Mississipi, áreas tradicionais de grandes tribos indígenas, o resultado disso foi uma nova fase de conflitos entre os índios e os colonos. Várias tribos unidas numa confederação devastaram inúmeros fortes ingleses com táticas de guerilha, contra essa rebelião liderada por Pontiac, os ingleses usaram vários recursos, incluindo espalhar varíola entre os índios.

     Apesar da derrota os índios, o governo britânico decidiu apaziguar, em setembro de 1763, o rei Jorge III proibiu o acesso dos colonos, a várias áreas dos Apalaches e o Mississipi, o decreto de Jorge III reconhecia a soberania indígena sobre as áreas.

     A Declaração de 1763, é uma origem de grande importância para a revolta colonial à Inglaterra, porque fere os interesses de expansão dos colonos, tanto os que exploravam as peles quanto os que plantavam fumo viam nessas terras ricas, que o decreto agora reconhecia como indígena, uma ótima oportunidade de ganho, foi importante também porque representou uma mudança grande da Coroa inglesa em relação às colônias da América. O ano de 1763 marcou uma mudança na história das relações entre a Inglaterra e suas colônias.

     A Inglaterra se tornou posteriormente a Guerra dos Sete Anos, a grande potencia mundial e passou a desenvolver uma política crescente de domínio político e econômico sobre as colônias.
     A Lei do Açúcar, em 1764, representou outro ato dessa nova política, essa lei reduzia de seis para três o impostos sobre o melaço estrangeiro, mas estabelecia impostos adicionais sobre o açúcar, artigos de luxos, vinho, seda café e roupas brancas. Desde 1733 existia uma lei igual, entretanto os impostos sobre os produtos perdiam-se na ineficiência das alfândegas inglesas nas colônias.

     No mesmo ano, o governo inglês, cria a Lei da Moeda, proibindo a emissão de papéis de credito na colônia, que, ate então eram usados como moeda. O comandante do exército britânico na América, o general Thomas Gage, sugeriu e fez aprovar no mesmo ano a Lei de Hospedagem, essa lei determinava formas como os colonos deveriam abrigar os soldados da Inglaterra na América e fornece-lhes alimento.



A lei da Hospedagem e a lei da Moeda revelaram mudanças na política inglesa. O objetivo da Lei da Moeda era restringir a autonomia das colônias, e a Lei da Hospedagem desejava tornar as colônias mais baratas para o tesouro inglês.

     No entanto, somente na Lei do Selo, em 1765 , que percebemos uma resistência organizada dos colonos a esta onda de leis mercantilistas. A Inglaterra estabeleceu, em 22 de março de 1765, que todos os contratos, jornais, cartazes e documentos públicos fossem taxados, a leia caiu como uma bomba foram realizados vários protestos em Boston e em outras cidades, foi convocado no Congresso da Lei do Selo, em Nova York, os representantes das colônias que elaboraram a  Declaração dos Direitos e Reivindicações, esse documento foi de bastante interesse.
     Com a Lei do Selo, a Coroa havia incomodado a elite das colônias, a reação foi grande, houve um movimento de boicote ao comércio inglês, no verão de 1765, decaindo o comercio da Inglaterra, em quase todas as colônias. Em 1766, o Parlamento inglês teve que abolir a rigorosa lei.
     Em 1767, o ministro da Fazenda, Charles Townshend, decretou medidas que foram conhecias como Atos Townshend, que lançavam impostos sobre o vidro, corantes e chá. O resultado dessas leis foi de novos protestos, novos boicotes e declarações dos colonos contra as medidas, as leis acabaram sendo revogadas.

     Entretanto, em Boston, quase no mesmo tempo em que foram anulados os Atos Townshend, um choque entre americanos e soldados ingleses tornaria as relações entre as duas partes muito difícil. Protestando contra os soldados, um grupo de colonos havia atirado bolas de neve contra o quartel, o comandante, assustado, mandou os soldados defenderem o local, no entanto , acabaram atirando contra os manifestantes, cinco colonos morreram, seis outros foram feridos, mas conseguiram sobreviver, foi no dia 5 de março de 1770, ficou conhecido como O Massacre de Boston.
     De novo, entra em cena o chá, novamente surge o mercantilismo que a Inglaterra parece disposta a implantar nas colônias e novamente a reação dos colonos. Para favorecer a Companhia das Índias Orientais, que estava na falência, o governo inglês lhe concede o monopólio da vende do chá para as colônias americanas. Os colonos tinham o mesmo hábito britânico do chá, tal como na Inglaterra, o preço da bebida vinha baixando, tornando-a cada vez mais popular, com o monopólio do fornecimento de chá nas mãos de uma companhia, os preços subiram.

     Primeiro a população procurou substituir o chá por café e chocolate apara escapar do monopólio, na noite de 16 de dezembro de 1773, 150 colonos disfarçados de índios atacaram 3 navios no porto de Boston e atiraram o chá ao mar, foi a Boston Tea Party, cerda de 340 caixas de chá fora jogadas ao mar (motivo de debate entre os historiadores é como 150 homens brancos fizeram isso sem serem notados por nenhuma guarnição vigilante no local). Provavelmente utilizaram essa técnica para caso ocorresse alguma investigação os índios receberem a culpa pelo ocorrido.  
     A reação do Parlamento foi forte, foram decretadas leis que os americanos passaram a chamar de “leis intoleráveis”, a mais conhecida interditava o porto de Boston até que fosse pago o prejuízo causado pelos colonos. A colônia de Massachusetts foi transformada em colônia real, o qual emprestava grande poderes a seu governador.
     A Independência das 13 colônias, foi bastante influenciada por muitos autores do Iluminismo, um dos mais importantes para os colonos foi John Locke. O filósofo criou a ideia de um Estado de base contratual, esse contrato entre o Estado e os seus cidadãos teria por objetivo garantir os “direitos naturais do homem”, que Locke identificava como a liberdade, a felicidade e a prosperidade, para Locke a maioria tem o direito de fazer valer seu ponto de vista, e quando o Estado não cumpre seus objetivos e não assegura aos cidadãos a possibilidade de defender seus direitos naturais, os cidadãos podem e devem fazer uma revolução, ou seja, Locke também era favorável ao direito à rebelião.
     O filosofo inglês defendia a participação política para determinar a validade de uma lei, as leis que a Inglaterra implantava eram votadas sem que os colonos participassem da votação, por várias vezes os colonos se recusaram a aceitar leis votadas pelo parlamento, alegando direito de participar em decisões que os afetariam.
     É de grande interesse identificarmos na Declaração de Independência das 13 colônias, trechos que foram extraídos das ideias de Locke, o filosofo inglês, ao justificar um movimento em seu país, acabou servindo de base, quase um século depois, para um movimento contra o domínio da Inglaterra, a mesma Inglaterra que tanto amava.
     Quando a Inglaterra começou a sua política mercantilista, os colonos americanos passaram, de forma crescente, a protestar contra esses fatos. É importante lembrar que não havia na América do Norte, de forma alguma, uma nação unificada contra a Inglaterra, na verdade as 13 colônias não uniram por um sentimento nacional, mas por um sentimento antibritânico. Foi o crescente ódio a Inglaterra e não ao amor pelos Estados Unidos que tornava forte o movimento pela independência.
     As sociedades secretas foram uma das primeiras reações dos colonos contra medidas inglesas, uma das mais famosas foi Os filhos da Liberdade, que estabeleceu uma grande rede de comunicações, facilitando a articulação entre os colonos, eles também foram uma escola política, pois seus membros liam as principais obras políticas, para darem base intelectual ao movimento.
     Ocorreu também um grupo feminista nomeado Filhas da Liberdade, com o mesmo objetivo, as mulheres também organizaram Ligas do Chá com ideia de boicotar a importação de chá inglês, nas grandes cidades como Nova York e Boston, mulheres encabeçavam campanhas contra produtos elegantes importados da Inglaterra e incentivavam produtos feitos em casa, mais simples, entretanto mais “patrióticos”.
     Na Carolina do Norte, um grupo de mulheres chegou a elaborar um documento chamado Proclamação Edenton, dizendo que o sexo feminino tinha todo o direito de participar da vida política, mais tarde, quando a guerra entre colônias e a Coroa Britânica começou, as colonas demonstraram mais uma habilidade, foram administradoras das fazendas e negócios enquanto os maridos lutavam.
     Com a continuação das medidas para as 13 colônias, os colonos organizaram o Congresso Continental da Filadélfia, depois conhecido como Primeiro Congresso da Filadélfia, representantes de quase todas colônias acabaram elaborando uma petição ao rei Jorge, protestando contra medidas, depois de protestar contra medidas inglesas, os colonos encerraram o documento dizendo que prestavam lealdade a sua Majestade, o conservadorismo da elite colonial reunida no Congresso não foi suficiente para uma  generosa influencia de Locke no texto enviado ao rei.
     A reação inglesa foi duvidosa, ao mesmo tempo em que houve tentativas de conceder maiores regalias ao colonos, foi aumentando o numero de soldados ingleses na América, esse incremento da força militar acabou estimulando um inevitável choque entre as forças dos colonos e as inglesas.
     Em meio ao início de hostilidades deu-se o Segundo Congresso da Filadélfia, esse Congresso acabaria reunindo todas as colônias, inclusive a resistente Geórgia, inicialmente, apenas renovou seus protestos junto ao rei, que acabou se decidindo a declarar as colônias “rebeldes”, a opinião dos congressistas estava dividida enquanto panfletos como os de Thomas Paine (senso comum), pregavam enfaticamente a separação e atribuíam ao rei os males da colônia.
       No dia 10 de janeiro de 1776, o folheto “senso comum”, chega às livrarias da Filadélfia, em meio a agitações políticas do inverno de 1776, as 50 paginas desse folheto divulgado como anônimo teriam uma grande importância, fundamental como elemento de propaganda, suas afirmações firam sendo espalhadas pelas colônias com grande velocidade , como o nome já diz , Paine revelou um sentimento que era crescente entre os colonos, um senso comum e “bom”.
     A Inglaterra é negada em sua condição de mátria por seus erros, pregando o autor a separação.
Em 2 de julho de 1776, o Congresso da Filadélfia acaba decidindo a separação e encarrega uma comissão de redigir a Declaração da Independência, a Declaração fica pronta dois dias depois, em 4 de julho de 1776, com o surgimento de um novo país: Os Estados Unidos da América.
As tradições políticas e historiográficas norte-americanas elegeu alguns políticos como “pátrios” ou “pais fundadores”, eles figuraram, com rostos felizes, nas também notas de dólar. George Washington e Benjamin Franklin. Para a França absolutista do rei Luis XIV, os soldados que haviam lutado na Independência, voltaram para a Europa com ideias liberais e de republica, haviam lutado contra uma tirania na América e, de volta a pátria, reencontravam um soberano absolutista, no entanto, só 13 anos depois da Independência norte-americana a liberdade ocorrerá na França.
     Para o resto da América, os Estados Unidos serviriam como exemplo, uma Independência concreta e possível passou a ser grande modelo para as colônias ibéricas que desejavam se separar das metrópoles, os princípios iluministas, que também influenciavam a America ibérica, demonstraram ser aplicáveis em termos concretos. Soberania popular, resistência a tirania, fim do pacto colonial, tudo isso os Estados Unidos mostrava as outras colônias com seu feito.
     Para os índios, a Independência foi negativa, pois , a partir dela que aumentou a pressão expansionista dos brancos sobre os territórios ocupados pelas tribos indígenas.
     Para os negros escravos, foi um ato que em si nada representou, temos noticia de um grande aumento no numero de fugas durante o período da Guerra de Independência, Thomas Jefferson declarou que em 1778, a Virginia perdeu trinta mil escravos pela fuga, no entanto, nem a Inglaterra, nem os colonos se interessavam que a Guerra da Independência se tornasse uma guerra social entre escravos e latifundiários, os que de fato não ocorreu.
     Com todas as limitações, o movimento de independência significava um fato histórico novo e fundamental, a promulgação da soberania “popular” como elemento suficiente forte para mudar e derrubar formas estabelecidas de governo, e da capacidade, tão inspirada em Locke, de romper o elo entre governantes e governados quando os primeiros não garantissem aos cidadãos seus direitos fundamentais, existia uma firme defesa da liberdade, a principio limitada, mas que se foi estendendo em diversas áreas.


Para concluir, em sinopse, podemos dizer que o processo de independência das colônias beneficiou mais aos grandes comerciantes do Norte e aos latifundiários escravistas do Sul (muitos desses eram contrários a guerra como falamos anteriormente). No entanto, os princípios de liberdade expressos na declaração de independência e na Constituição transformaram-se, mesmo com o caráter excludente inicialmente atribuído a cidadania, na grande bandeira política das gerações posteriores que lutaram pela ampliação dos direitos de cidadania. Assim, mesmo com escravismo sobre negros e espoliação dos indígenas, o caráter revolucionário do movimento de independência dos Estados Unidos reside em uma questão: a partir dele, homens desprezados que ajudaram a construir o pais (negros, índios aculturados, brancos pobres, mulheres etc.), voltaram a sofrer as mesmas opressões de sempre que caracterizaria os EUA como uma nação evidentemente preconceituosa. Ao longo desse processo histórico, surgiram uma visão da liberdade e uma concepção da cidadania que se constituíram como o ponto de partida para a construção das modernas leituras sobre cidadania e democracia que são vigentes nos EUA atuais. Aqui interessa-nos, sobretudo, a formulação que será dada ao conceito de cidadania e suas repercussões na edificação daquilo que os norte-americanos entendem como cidadania e democracia nos dias atuais. O mais espantoso é o estaria por acontecer 85 anos após a independência dessas 13 colônias, pois a lenta discussão preparatória acerca da Constituição atormentava e atrapalhada o prosseguimento de outras medidas. Unidade em torno de um governo centralizadamente forte ou liberdade para as colônias agirem de forma mais autônoma? Essa problemática tinha sido erguida ainda antes da Independência e continuou protelada e mal resolvida até o final do século XIX, acabando no que eclodiria no evento que causou mais mortes aos americanos do que as duas guerras mundiais, a Guerra Civil Americana (Guerra da Secessão 1861-1865) com quase 1 milhão de americanos mortos. 

Historiadores: Filipe Avelar, Driele Soares e Renan Mendes.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

A Ordem que Dominou o Novo Mundo


Educação Jesuíta na Colônia





 Para nos inteirarmos de toda a dinâmica da Companhia de Jesus é preciso antes entender toda conjuntura histórica em que ela se erigiu, para que possamos analisar e compreender seus verdadeiros objetivos.
     A Europa se encontrava em muitos conflitos e entre eles podemos acentuar, sobretudo, os conflitos religiosos. O Renascimento Cultural e Humanístico e a Reforma Protestante (1521-1555) colaboraram para modificações e transformações no campo político, econômico, cultural e religioso no continente europeu, os quais envolveram líderes do reino (reis, príncipes, etc.) tanto de cunho católico como protestante. Apesar de todos os conflitos travados na Europa, a Reforma Protestante foi a que mais levantou perturbação e inquietação no seio da Igreja Católica e mobilizou uma atitude e ação imediatista para resolução deste ’’problema’’.
     O objetivo real e final dos padres da Contra Reforma era na verdade uma nova organização da estrutura interna, o que era reivindicado por muitos membros do corpo eclesiástico. Na Europa os jesuítas fundaram colégios para educar e instruir os filhos que eram membros das elites que tinha se enriquecido e aumentado seu status social durante o período mercantilista. A Companhia de Jesus surge com diversos propósitos, porém atrelado aos interesses mesquinhos e totalitaristas da Igreja e da Coroa. Quanto aos ‘’negros da terra’’ (forma lusitana de chamar os índios da colônia), o objetivo era catequizá-los e convertê-los a fé da ‘’única e verdadeira Igreja de Deus aqui na Terra’’. Para os filhos dos colonos a Ordem jesuítica tinha como projeto transformá-los em novos padres e os preparar para as universidades de Portugal, sobretudo para a mais ilustre e renomada da época que era a de Coimbra.
     Para alcançar através da evangelização os ‘’gentios’’ e os ‘’infiéis’’ os Jesuítas se organizaram de duas formas diferentes. Para alcançar o coração dos gentios era necessário viver com eles, mesmo os Jesuítas abominando o modo de vida dos nativos era preciso ‘’ajudá-los’’ cuidando de suas doenças, ensinando técnicas artesanais e agrícolas, com o intuito de catequizá-los. Com isso nasce as missões e os aldeamentos. Já com os infiéis era preciso atuar de forma distinta a dos gentios, dessa forma propuseram o batismo das crianças e a educação dos jovens, doutrinando-os assim a controlarem sua moralidade baseado na religiosidade européia (o que em nada tinha a ver com a realidade desse povo). Outra forma muito peculiar deles para catequizar e ‘’educar’’ era através de convencimento, um método tradicional (que chegava a ser cômico) ocorria através de uma tentativa de aproximação com os índios por meio de mímicas, saudações com gestos com as mãos e corpo, presentes e discursos (esse último quase sempre não se entendia nada pelos índios). Essas imensas dificuldades acabaram por fazer eclodir a ídeia reacionária dos padres de se criar os colégios.
     Os Jesuítas necessitavam de uma região (terreno) para iniciarem o processo educacional na colônia e isso só seria possível mediante a posse de terras e construções dos colégios. Esses por sua vez seriam de impacto colossal para a realização do objetivo da Ordem.
     Se tratando da historiografia brasileira, principalmente no que tange ao período colonial, o papel da Companhia de Jesus possui um lugar central. A ações do Jesuítas estavam subordinadas aos interesses econômicos e jurídicos da coroa portuguesa e foram apoiadas e outorgadas pela Igreja (incluindo a organização de aldeamentos indígenas). Com a segregação dos indígenas em suas grandes aldeias, os Jesuítas nos seios das populações aborígines desenvolveram uma influência destrutiva e profunda. Alteraram assim toda vida social dos índios. Esses povos acostumados a vida dispersa e Nômade, se degradavam quando compelidos a grande concentração e sedentarização absoluta e diária. Os ‘’soldados de cristo’’ atuaram mesmo que isso soe de forma paradoxal tanto de forma maléfica quanto benéfica, dependendo da ótica em que se analisará a sua aculturadora atuação na colônia. Mesmo sendo responsáveis pela destruição de uma cultura para impor sua cultura eurocentrista, os jesuítas foram os grandes responsáveis pela construção e propagação da língua geral, o tupi-guarani. Isso porque para os jesuítas uma grande barreira era a língua falada pelos nativos. Mesmo tendo muitas dificuldades com seus costumes nudistas, migrações nômades, rituais de antropofagia, etc.; A língua dos nativos era uma das grandes barreiras para a missão de convertimento.
     Direcionando sua cultura e seus ‘’ensinamentos’’ aos curumins, os jesuítas assim destruíam qualquer probabilidade de transmissão de valores, crenças, costumes e cultura dos índios mais velhos para os mais novos (posto que os ensinamentos dos ancestrais sempre foram muito respeitados entre os índios). Vale ressaltar que os jesuítas respaldavam seu método pedagógico no ‘’Ratio Studiorium’’ que se tratava de um documento antigo romano que servia para regulamentar o ensino nos colégios jesuíticos; Na verdade, um manual pormenorizado que indicava a responsabilidade, desempenho, subordinação e outros relacionamentos que envolvia a hierarquia escolar, professores e alunos, além de abranger métodos de organização e administração escolar.
O documento oficial era dividido em três disciplinas: Letras ou Humanidades, Filosofia e Ciências, Teologia ou Ciências Sagradas. Quanto às avaliações, era avaliado o nível de interesse do aluno na realização da tarefa, além do envolvimento e o desenvolvimento, isso era realizado diariamente.
  

Conclusão

     O ensino era uma simbiose entre a Catequese e o ensinamento das primeiras letras para disseminar a língua portuguesa como marca do conquistador no Novo Continente.
Essa forma de educação foi utilizada pelo reinol lusitano para que justificasse a tomada de posse das terras ‘‘brasílicas’’ e principalmente conseguir a aproximação indígena.
Visto por esse ângulo, o ensino jesuítico foi utilizado apenas e tão somente como instrumento para "amansar" e "domesticar" os indígenas que segundo os textos dos colonizadores, não tinham Deus, Ordem e nem Lei. Isto é, não tinham Religião, Nação e nem Justiça.
     Essa disciplina que os jesuítas passavam naquela época era ministrada no método: ler, escrever e contar, alguns historiadores também afirmam que os jesuítas ensinavam através de brincadeiras, jogos, etc. Ciência julgada como suficiente para "educar" os novos habitantes, acrescido da transmissão da Religião Católica Romana e também da linguagem. No entanto, era colossal que esses "educadores" ensinassem de forma alienante uma obediência e submissão, necessário para subjugá-los, explorá-los e cativá-los. O fato é tão verídico que se for examinado no mesmo texto veremos as estigmas dessa dicotomia entre dominador (português) e dominado (povos indígenas), não omitindo, no entanto o interesse pelo ouro e prata que poderiam ser encontrados no "Eldorado Brasileiro", bem como perceberemos se for relida a história que por ordem do Marquês de Pombal, os jesuítas foram praticamente expulsos do Brasil, uma vez que já haviam cumprido o grande interesse da coroa lusitana. 




                                                                                    Por: Driele Nunes e Filipe Avelar.



sábado, 17 de novembro de 2012

Racismo Norte-Americano está no sangue...



Secessão Nos EUA


      Após as guerras contra o México, a tomadas de território a oeste (o que culminou na dizimação da população indígena), o sentimento expansionista continuou presente dentro dos interesses Americanos por vários motivos (o sonho de construir um país de costa a costa exemplificaria um desses motivos), entretanto as regiões norte e sul apresentavam expectativas diversificadas quanto ao aumento territorial. O sul com seu sistema essencialmente escravista e agrícola e o norte fundamentalmente industrial e com uma nascente classe média, apesar das divergências entre as necessidades encontradas, ainda assim, demonstra-se um pensamento de comum acordo nas duas regiões, a concepção da superioridade branca, sendo esta inquestionável nos dois pólos dos E.U.A, deixando explicita que tanto no norte, porém de forma mais acanhada, quanto no sul o racismo se fazia presente e como resultado os negros eram mantidos excluídos das questões política.

 Porém no século XIX, surgiram questões que acentuaram a separação das regiões norte e sul, entre esses dilemas constata-se a superação do sul nas questões políticas devido a sua maior representatividade nas cadeiras do Congresso (pela lei uma parte da população escrava fazia parte desse cálculo), estendendo dessa forma a influência política dos sulistas, assim sendo uma das preocupações do sul era extensão da escravidão para os novos territórios anexados, de forma a perpetuar seu Imperialismo do algodão e manter a maioria de representantes dentro do governo federal.

 Nas questões relacionada ao norte presencia-se a indignação sobre o projeto do governo voltado para as regiões de Kansas e Nebrasca, a lei Kansas-Nebrasca, que facultava aos estados se pretendiam ou não a aceitação do sistema escravocrata, o que permitiu uma revolta da parte dos  nortistas indignados por seu governo e congresso terem se rendido a escravocracia.
  A partir desse momento o Kansas transforma-se no principal palco dos embates políticos em torno das questões de controle político da região, salienta-se ainda a abertura que a região sofreu para os imigrantes que acabaram apresentando condutas a favor ou contra o sistema escravista. Nesse período os abolicionistas vindo da Nova Inglaterra mostra forte apoio aos Nortistas através do fornecimento de armas e dinheiro, porém em contrapartida uma parcela dos imigrantes demonstram seu apoio para os sulista através da venda de votos ilegalmente, o que tornou possível a criação de um Legislativo composto por escravistas eleitos por voto ilegal, revoltados os políticos do Kansas favoráveis ao solo livre separaram-se e formaram um novo Legislativo e elegem um novo governador.
 Na década de 1860, a escravidão surge como uma das principais questões nas eleições desse mesmo ano. E por resultado Abraham Lincoln (Republicano), que era a favor dos ideais de solo livre, trabalho e cidadãos livres ganha as eleições. Entretanto uma maioria sulista não seria favorável a vitória de Lincoln, que por eles era considerado um abolicionista, e apesar do apoio as questões de interesse nortista ainda assim alguns nortistas o tinham na concepção de um conservador por resultado de que ele não defendia abertamente uma luta para finalizar o regime escravista, não obstante o condenasse como um grande erro da humanidade.
  Devido a abolição de escravos em 1808, os sulistas começam a cogitar a separação do sul, porém Lincoln já havia declarado que não aceitaria uma secessão (separar o que está unido) e atacaria com força todos os que apoiassem a ideia de separação. Após uma convocação, a Carolina do Sul anulou sua ratificação da Constituição Federal, alguns políticos que procuravam uma reconciliação entre as regiões entram em desespero devido a essa situação. Em seguida os estados do Alabama, Flórida, Mississipi, Geórgia e Texas anunciam sua separação da União e formas os Estados Confederados da América e elegem Jefferson Davis como seu presidente.
 Os conflitos militares começam em Charleston (Carolina do Sul), onde se encontrava um forte de tropas da União que foi tomada pelos confederados sulistas que exigiram a saída imediata das tropas adversárias. A partir desse momento o atual presidente Lincoln envia reforço militar, dando inicio assim a guerra e nesse mesmo período mais quatro estados se retiram da união e integram-se ao território dos confederados.
 No inicio da guerra um sentimento de otimismo toma conta tanto do lado da União quanto do lado dos Confederados. A união por contar com uma superioridade tecnológica achava que enfrentariam uma guerra curta e fácil, enquanto que os confederados, por sua vez, mostraram-se esquecidos pela capacidade enorme de contingente e recursos que seu adversário possuía. Apesar da superior capacidade dos estados da união, o sul contava com grandes nomes das Forças Armadas Americanas o que possibilitou na sua resistência frente a ameaça nortista.
     O sul porém começou a encontrar dificuldades por conta da falta de recursos, o que acabou piorando seu desempenho dentro da guerra. Na esperança de conseguir obter melhores resultados e recursos, os estados confederados tentam buscar o apoio de alguma das nações européias, então os confederados começam a cancelar as exportações para Inglaterra na esperança que ela os apoie (o que se mostrou ser uma péssima idéia, posto que o ingleses tinha um grande estoque dos produtos fornecidos pelo Sul), o que acabou sendo “um tiro no próprio pé” pois os estados sulistas perderam lucros que poderiam obter se mantivessem a exportação do algodão. No mesmo período o atual presidente Lincoln proíbe a entrada e saída de produtos de primeira necessidade nos estados sulistas, assim devido a falta de recursos e bens, as fugas do serviço militar começam a se tornar frequentes, as vitórias conquistadas pelos nortistas, fazem com que senhores de escravos convoquem seus escravos para integrar parte das forças armadas.
 Em seguida o presidente Lincoln inicia de forma lenta, gradual e indenizatória a emancipação dos escravos na qual o governo pagaria a quantia equivalente ao valor do escravo para os fazendeiros. Esse sistema proposto por Lincoln serviu para reafirmar seu objetivo que era manter a União.

No ano de 1861, foi aprovada a “Lei do confisco”, de modo que qualquer propriedade que fora usada em favor dos confederados (como gado, algodão, matérias primas e escravos) que caísse em posse dos nortistas seria confiscada imediatamente; O que provocou uma fuga coletiva de escravos das fazendas, pois já sabiam que do lado da União poderiam alcançar a liberdade. Com a pressão exercida por políticos radicais do norte, a escravidão foi abolida dos territórios do Distrito de Colúmbia e nesse mesmo período é aprovada a segunda lei do confisco que torna livre todo escravo capturado ou fugido.
 Com a aprovação do “Homestead Act”, introduzido para evitar a concentração de estrangeiros no leste e diminuir a taxa de desemprego, acabou permitindo que Lincoln voltasse a controlar todo o país e impedir a sua fragmentação.
 Após uma série de conflitos o Norte, mais desenvolvido e com benefícios proporcionados pela guerra tais como a expansão econômica, fortalecimentos das indústrias, sobretudo, têxtil e bélica com os combates tendo ocorrido principalmente dentro do território sulista, acabou derrotando o sul que ficou desmotivado e desmoralizado para prosseguir com a guerra. A guerra de secessão foi o conflito armado que mais causou prejuízo aos Estados Unidos (morreram mais de 970 mil pessoas (cerca de 3% da população americana na época), porém um sentimento buscando justificar ou encobertar o horror da guerra vai surgir nos americanos como uma consequência da Emancipação dos Escravos.
  Após a guerra de secessão os Estados Unidos encontrava-se preso dentro de um dilema político, pois não saberia como realizar a reconstrução do país dentro de um consenso entre o congresso e a presidência, causando, sobretudo ao fato de não concordarem entre si em como deveria acontecer a reintegração dos estados perdedores. A reconstrução poderia acontecer de duas formas: De forma mais radical (apoiada pelo congresso), onde os fazendeiros não obteriam a garantia de indenização pela perda de escravos e a readmissão dos estados sulistas seria por meio da liderança de políticos leais a união, além de quererem que os negros tivessem os direitos básicos da cidadania norte americana, e a reconstrução de forma mais controlada (apoiada pela presidência) onde os escravos libertos não teriam nada a mais que a sua liberdade, o que despertou o desejo dos proprietários sulistas de utilizar mão de obra de ex-escravos de forma compulsória.
  A tensão entre congresso e a presidência começou antes do término da guerra, causada principalmente pelo fato do presidente Lincoln utilizar do seu poder para reintegrar estados confederados que jurassem fidelidade a união, o que provocou uma insatisfação dentro do congresso que acreditava que a reintegração dos estados confederados deveria, dentro da perspectiva dos congressistas, acontecer por decisão do congresso, uma vez que os estados confederados haviam prejudicado o seu direito de pertencer a união.
 Dentro do congresso existiam grupos que tentavam fazer oposição aos planos do presidente Lincoln, abolicionistas radicais que exigiam como pré-condição para a readmissão dos estados sulistas o alistamento eleitoral dos negros (na esperança que com a adoção dessa medida aumentasse a sua base política com os votos dos libertos gratos pela medida), sem contar nos que fizeram planos contra os projetos de Lincoln por não acreditarem no arrependimento dos estados do sul.
Em julho, o congresso unido contra as propostas do presidente Lincoln cria sua própria lei de reconstrução a lei Wade-Davis, que exige o juramento de fidelidade a união por mais da metade do eleitorado sulista para que o projeto de reconstrução pudesse ter inicio. Em sequência, aqueles jurassem que nunca apoiaram a confederação voluntariamente poderia votar numa eleição para delegados de uma convenção constitucional. O que permitiria um esvaziamento do poder político do sul, Lincoln, porém, invalidou a lei, recusando a assiná-la antes do recesso dos congressistas, o que acabou os irritando.
  Após o assassinato de Lincoln, o presidente Andrew Johnson assume o cargo apesar das dificuldades encontradas com o pós-guerra.
Os negros com o fim da guerra conseguiram a sua liberdade, porém isso não significou sua inclusão social dentro do país, os negros no pós-guerra não conseguiram suas próprias terras, além de terem sido obrigados a trabalhar com seus ex-senhores por meio de contratos que previam baixo pagamento e garantiam a segurança do empregador.
 Descontentes com as medidas impostas, os negros exigiram o direito de trabalhar por pequena quantidade de terra de forma que pudessem manter sua independência, isso lógico que com a garantia de uma porcentagem dos lucros da colheita para o proprietário. Apesar da relutância em aceitar esse sistema, os proprietários de terra ficaram satisfeitos com o esse novo modelo de contrato, pois quase não exigia muito capital e o arrendatário assumia todo o risco da colheita. Vale ressaltar que graças a esses contratos gerou-se uma relação de servidão, posto que os trabalhadores tinham que contrair débito até a venda da colheita resultando em dívidas que na maioria das vezes não conseguiam ser quitadas.
 Em maio de 1865, o presidente Johnson deu início ao seu esquema para distanciar os fazendeiros sulistas do poder, através da administração de governos provisórios com o objetivo de declarar ilegais as emendas confederadas, repudiando dívidas assumidas pelos sulistas e sancionando a décima terceira emenda. Após todas essas medidas a reconstrução estava completa, porém com a aprovação das convenções sulistas, o presidente Johnson pareceu consentir com que elas determinassem o estatuto civil e político dos negros. Sendo assim os códigos negros (Black Code), que limitavam a liberdade dos ex-escravos em diversos aspectos. Entre as medidas adotadas por essas leis estava a de que os negros não tinham permissão de escolher seus empregadores. O que acabou fazendo com que os nortistas rotularem essas medidas como uma “escravidão disfarçada”.
 O conflito entre presidente e congresso continuou de forma a se assimilar com o que deveria ser a reconstrução. Em junho de 1866 a décima quarta emenda constitucional é aprovada e estende o direito de cidadania para todos aqueles que nasceram em âmbito nacional. A emenda foi endossada pelo próprio presidente Johnson, exceto pelo Tennessee que a rejeitou.
 O congresso, em 1867, deu início a “reconstrução radical” com o objetivo de confiscar e redistribuir grandes latifúndios e vigiar com tutela federal que os negros recebessem educação (como se isso fosse um favor que o governo estivesse fazendo para os negros). Esse método de reconstrução ficaria em vigor só até a ratificação da décima quinta emenda, que proibiria a descriminação por “raça, cor ou anterior condição de servidão”.
 Após a aprovação da décima quinta emenda, foram criados meios de barrar a universalidade social de seu conteúdo dentro do pleito eleitoral. Cinco anos depois os sulistas adotam a Lei Jim Crow, adotada rapidamente por todo o território sulista, que seguia a ideologia de “separados, mas iguais”, o que acaba ocasionando no distâciamento de negros e brancos (paradoxo separar o que é homogêneo).
Com a vitória de Hayes nas eleições de 1877 começa o período de redenção no país, onde os governos radicais sulistas caem e passam o controle para os democratas brancos. Este grupo acreditava em práticas liberais e na supremacia branca.
 Apesar de todos esses fatores mesmo após o inicio da fase de redenção do pós-guerra civil, os Estados Unidos não conseguiram chegar num consenso de como administrar e reerguer seu país, devido principalmente pelas desavenças que ocorriam entre congresso e presidência na qual uma buscava se mostrar mais poderosa que a outra, além de um modo que sabiam como proceder com os escravos emancipados em seu território, usando nessa situação o uso de políticas voltadas para o privilégio da supremacia branca.

Por: Filipe Avelar e Driele Nunes.


 

sábado, 13 de outubro de 2012

Politicagem no ''Sonho Americano''



Cinco Coisas que Você Precisa Saber Sobre as eleições nos EUA





Um mês antes de os americanos irem às urnas, em 6 de novembro, a BBC explica cinco questões centrais a essas eleições:

1. Economia, o grande tema

Cerca de 80% dos eleitores dizem que a economia terá grande influência na maneira como vão votar, segundo uma pesquisa publicada na semana passada pela empresa Rasmussen Reports.

"O assunto mais importante é a economia, e empregos são apenas uma parte - muito importante - disso", disse o fundador da empresa, Scott Rasmussen. "E não é algo que preocupa apenas os desempregados - 28% dos trabalhadores temem perder seu emprego em breve".
"E tem o mercado imobiliário. Apenas 47% dos que possuem casa própria acham que a casa vale mais do que a hipoteca, o que é um índice inacreditável nos EUA. Nos ensinaram que íamos crescer, comprar uma casa e ver seu valor subir", disse. "Tantas pessoas se sentem traídas."
Os ex-presidentes Jimmy Carter e George Bush (o pai), que governaram durante um único mandato cada, deixaram a Casa Branca em períodos de deterioração econômica. Tanto que a campanha o sucessor de Bush, Bill Clinton, tornou famoso o slogan "É a economia, estúpido".
O desemprego continua acima dos 8% há 43 meses e a dívida federal passou dos US$ 16 trilhões, levando muitos comentaristas a se perguntarem por que Obama não está atrás nas pesquisas. Ou a questionarem se a economia seria mesmo um tema tão importante quanto os eleitores dizem ser.
Os números não são apenas negativos, disse Rasmussen. "Os americanos não sentem que estão melhores do que estavam há quatro anos, mas tampouco sentem que estão piores, é por isso que a eleição está tão competitiva."
Mas o fato de o presidente liderar as pesquisas não quer dizer que a economia não seja uma questão importante, acrescentou. Muitas pessoas que rejeitam Obama não estão certos de que Romney faria melhor.
Além disso, muitos americanos ainda culpam o antecessor George W Bush pelos problemas econômicos.





2. Apenas alguns Estados realmente importam


Tudo depende dos chamados swing States (Estados-pêndulo), onde se trava a verdadeira batalha. Isso porque grande parte dos Estados Unidos é democrata ou republicana, e há pouca probabilidade de mudanças nesses locais.
Ohio, cujo índice de desemprego está abaixo da média nacional, tem a reputação de líder nacional: em cada eleição desde 1960, o Estado vem selecionando o candidato vitorioso nas eleições presidenciais.
Os gastos de ambos os partidos com suas campanhas nesse Estado, com 18 votos de colégios eleitorais, chegam a dezenas de milhões de dólares.
Residências situadas em Ohio vêm recebendo chamadas telefônicas automatizadas falando sobre as campanhas duas vezes por semana nos últimos seis meses. E todas as noites o horário nobre na televisão é dominado por anúncios políticos.
"Morei em seis Estados diferentes e nunca vi tal saturação na TV, rádio e outras mídias", disse Tim Gaddie, de 37 anos, estudante da Bowling Green State University, em Ohio.
"Na última eleição, estava em Indiana e aqui o envolvimento é definitivamente maior. A coisa mais irritante são os telefonemas, mas também têm seu lado bom. Acho bom que as pessoas se importem, se envolvam e queiram ter uma discussão".
Existem dois Estados Unidos durante a campanha eleitoral: um onde é difícil escapar do bombardeio dos slogans e mensagens das campanhas e outro onde a vida segue quase normalmente.

3. O eleitorado está mudando

A cada mês, 50 mil hispânicos ganham o direito ao voto nos Estados Unidos. A comunidade ultrapassou a marca dos 50 milhões em 2010 e corresponde hoje a 16,3% da população nacional.
Que significado terá o crescimento da população hispânica para os Estados Unidos?

Esta é a primeira eleição em que ambos os candidatos apareceram em canais de televisão em língua espanhola, participando de um fórum sobre imigração.
Em 2008, Obama obteve 68% dos votos da população hispânica e deve conseguir mais ou menos o mesmo apoio dessa vez, disse Gabriel Sánchez, especialista em política hispânica da Universidade do Novo México.
"A questão não é se Romney pode conseguir votos latinos suficientes para vencer, mas se o comparecimento dos latinos vai ser alto o suficiente para o presidente vencer."

Conscientes de que a linha dura de Romney em relação à imigração pode estar custando caro em matéria de votos, republicanos influentes como Jeb Bush pediram que o candidato modere o tom quando falar sobre esse assunto.


4. Não se trata apenas de Estados Unidos

A política externa ainda é tida como um assunto de segundo plano entre eleitores americanos, embora o assassinato, no mês passado, do embaixador americano na Líbia, Christopher Stevens, tenha empurrado o tema mais para cima na agenda da campanha. Agora, Irã, Israel e Afeganistão estão sendo amplamente discutidos na imprensa americana.
Romney, acusado de oportunista ao atacar Obama após a morte de Stevens, disse que o presidente tem sido muito brando no trato com o Irã e que traiu Israel.
Ele também jurou que vai falar duro com a China em relação ao que chamou de "manipulação da moeda", aumentando as chances de que haja uma guerra de comércio.
"Em um eleitorado tão grande e diverso como o americano, haverá sempre um assunto quente de política exterior", disse Shaun Bowler, professor de ciência política da Universidade da Califórnia em Riverside.
"Por exemplo, você talvez veja árabes americanos muito motivados por discussões sobre a questão palestina, ou cubanos americanos motivados por políticas em relação a Cuba. No clima atual, ainda há espaço para que a política externa desempenhe um papel."

Outros temas que podem "trazer a política externa para o centro das discussões", diz ele, são o programa nuclear do Irã e a reação de Israel, o conflito na Síria ou atentados terroristas.


5. Quem quer que seja o vencedor, prepare-se para mais impasses políticos

A eleição no dia 6 de novembro não escolherá apenas o presidente dos Estados Unidos: Todos os assentos na Câmara dos Representantes (deputados) e um terço dos assentos no Senado estão sendo disputados.
Se por um lado essas disputas não têm recebido muita atenção, por outro podem ser decisivas para o sucesso do presidente eleito, seja ele Obama ou Romney.
Os republicanos controlam a Câmara e os democratas controlam o Senado. Então, a não ser que uma dessas instituições mude de lado, os impasses recentes podem continuar. O número de leis aprovadas em 2011 foi tão pequeno que criou-se o termo "do-nothing Congress" (em tradução livre, Congresso do faz nada).
Essa inércia - que ganhou proeminência no ano passado, quando o Congresso americano não conseguiu chegar a um acordo de longo prazo sobre o teto da dívida pública do país - contribuiu para baixos índices de aprovação do Legislativo pela opinião pública.

Temas centrais em debate nos EUA

Economia

Ética do Governo

Impostos

Saúde

Políticas Energéticas

Educação

Previdência Social

Imigração

Segurança Nacional

Fonte: Rasmussen


Dez importantes estados-pêndulo

Com base em sua população, cada estado possui um número de votos de colégios eleitorais

Quase todos os estados trabalham com um sistema do tipo 'o vencedor leva tudo'

Flórida (29 votos)

Pensilvânia (20)

Ohio (18)

Carolina do Norte (15)

Virgínia (13)

Wisconsin (10)

Colorado (9)

Iowa (6)

Nevada (6)

New Hampshire (4)

O presidente é eleito com 270 votos dos colégios eleitorais

A resposta soberana do Brasil contra a arrogância dos EUA

O Brasil respondeu à altura ao representante de Comércio Exterior do governo dos EUA, Ron Kirk, que enviou ao Itamaraty uma carta impertinente e mal educada criticando as medidas tomadas pelo governo para proteger a economia nacional.
Na carta, os norte-americanos pedem ao Brasil que volte atrás nessa decisão, considerada por eles como "protecionista". Ron Kirk argumentou que as medidas "vão contra os esforços mútuos" de liberalizar o comércio no âmbito mundial, "erodem" as negociações comerciais multilaterais e prejudicariam "significativamente" as exportações dos EUA em áreas "cruciais" da sua pauta de exportações. "Os aumentos de tarifa significativamente restringem o comércio a partir dos níveis atuais e claramente representam medidas protecionistas", escreveu.
Além da crítica às medidas tomadas por um governo cioso da soberania nacional, a carta trouxe algumas ameaças muito claras, falando em “responder na mesma moeda”, e manifestando, “em termos fortes e claros”, a preocupação dos Estados Unidos em relação às medidas tomadas pelo Brasil (e também pelo Mercosul).
A resposta brasileira foi uma clara e direta reafirmação da soberania brasileira e de repúdio contra a arrogância. Segundo o Itamaraty, a carta é "injustificável" e "inaceitável". "Não gostamos nem do conteúdo nem da forma. Consideramos injustificadas as críticas, não têm fundamento", disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores. Trata-se, enfatizou, de uma forma de comunicação que “não é aceitável, não ajuda e não reflete” o “bom relacionamento" entre os dois países.
No passado, os governos brasileiros foram, quase sempre, submissos às pressões vindas de Washington, principalmente durante os mandatos de Fernando Henrique Cardoso.

Isso mudou, como a resposta do Itamaraty confirma e o Brasil não aceita mais a bisbilhotice estrangeira nos negócios nacionais. A tomada de decisões em defesa da economia brasileira não ultrapassou os parâmetros estabelecidos pela Organização Mundial do Comércio (OMC), uma vez que a nova alíquota média para taxar as importações, que passou dos 12% para 25% para produtos industrializados estrangeiros, está muito abaixo do limite de 35% estabelecido por aquela entidade.
As novas alíquotas representam medidas de defesa contra medidas predatórias dos países ricos e dos EUA que, elas sim, ameaçam o desenvolvimento brasileiro. São medidas necessárias e soberanas, e o julgamento sobre sua conveniência cabe apenas às autoridades brasileiras. A reação dos EUA contra elas, considerada “absurda” pelo ministro da Economia Guido Mantega, revela uma pretensão de mando e submissão superada, que o Brasil não aceita, nem pode aceitar.

 


quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Sociedade das Nações e suas negociações de ''paz''



O ''Sucesso'' da ONU



   Parece que quanto mais tempo passa, mais o povo vai se alienando mediante aos fatos.
   E os Estados Unidos da América continuam se sentindo ‘‘escolhidos por Deus’’ para ‘‘salvar’’ o mundo e realizar o desejo de ser a ‘‘polícia do mundo’’. Para que possamos entender um pouco esse pensamento ‘‘anti EUA’’ torna-se necessário fazermos uma pequena viagem ao passado Yankee.
   Comecemos falando do genocídio indígena durante os séculos de colonização, disfarçado sob a máscara de uma guerra justa, ou guerra indígena. Pura barbárie! Historiadores afirmam que 90%, repito, 90% da população indígena foi dizimada. Não só ao entrar em contato com o homem branco (epidemias) como também pelo massacre e opressão pela parte dos brancos racistas. Lembremos da Doutrina Monroe que estabeleceu o imperialismo americano na América, impedindo que os ingleses o fizessem, mas sem nos esquecermos das atrocidades em Cuba, Nicarágua, El Salvador. ‘‘América para os Americanos’’, ou melhor enfatizando,os EUA "salvaram os povos vizinhos do domínio europeu" transformando os países latino-americanos em seu quintal de exploração econômica e dominação cultural.
   A Guerra de Secessão dentro dos EUA (1861-1865) foi o conflito que causou mais mortes ao povo norte-americano num total estimado de 970 mil pessoas (cerca de 3% da população americana na época).
   Bom ressaltarmos aqui também o papel americano no pós Primeira Guerra Mundial,  porque foi como o "salvador do mundo" que os americanos se posicionaram, provocando dependência econômico-financeira por parte dos países europeus. A sua política de omissão perante o massacre imposto pelos Nazistas aos povos da europa (os EUA não mexerem com Hitler pois ele estava ‘‘limpando’’ a europa da ‘‘ameaça comunista’’). Claro! Os EUA sempre foram a ‘‘personificação do bem’’ enquanto a URSS era a ‘‘personificação do mal’’ e eles tentaram mostrar isso para o mundo quando os soviéticos invadiram o Afeganistão.
   E a ONU? Historicamente, a Organização das Nações Unidas teve como organização precursora a Liga das Nações. A Liga (ou Sociedade) das Nações surgiu em consequência dos horrores da Primeira Guerra Mundial e foi a primeira tentativa de consolidar uma organização universal para a paz. Acreditava-se que futuros conflitos só poderiam ser impedidos se fosse criada uma instituição internacional permanente, encarregada de negociar e ‘‘garantir a paz’’. O principal precursor da idéia fora o presidente norte-americano Woodrow Wilson (1856–1924).
   A Liga das Nações, porém, fracassou por defeitos de origem. Não dispunha de um poder executivo forte, nem contava com representantes da União Soviética e dos Estados Unidos – a nação de seu idealizador. O governo de Moscou não era aceito, e Washington não ingressou na organização por rejeitar o Tratado de Versalhes. Mesmo nos melhores tempos, o número de membros não passou de 50. Já em 1923, tornou-se evidente a fraqueza da Liga, quando os franceses invadiram a região alemã da Renânia, para cobrar reparações de guerra.
   Um dos poucos êxitos da organização foi o pacto de segurança firmado entre Alemanha, França, Grã-Bretanha e Bélgica, além da resolução diplomática de alguns conflitos internacionais. Genebra, porém, nada pôde fazer para impedir a crise econômica mundial, no final da década de 20. A miséria geral impulsionou as forças nacionalistas que se opunham ao Tratado de Versalhes.
   A invasão da Manchúria pelo Japão, em 1931, foi uma prova do fracasso da Liga das Nações. Condenado um ano e meio depois pelo ato de agressão, o Japão abandonou a organização. A Alemanha seguiu o mesmo caminho a 14 de outubro de 1933. Adolf Hitler, interessado apenas em armar seu país, usou uma série de pretextos para abandonar a conferência de desarmamento e ridicularizar a Liga das Nações.
   As invasões da Abissínia pela Itália, em 1935, e da Finlândia, pela União Soviética, em 1939, revelaram que a Liga das Nações não passava de uma organização de fachada. Seu último ato foi expulsar a URSS, que havia sido admitida como membro em 1934. A esta altura, porém, a Segunda Guerra Mundial já estava a pleno caminho, o que frustrou de vez as intenções pacifistas dos idealizadores da Liga das Nações.
   Mas precisamos dar uma ‘‘pulada’’ no tempo e irmos mais adiante para que possamos analisar as atrocidade e barbáries cometidas não só pelos EUA mas também pela ONU (com sede em Nova Iorque) para realizarem assim seu projeto de hegemonia. Uma assombrosa ‘‘necessidade’’ que essa nação possui é a de criar inimigos. No passado foram os ingleses, espanhóis, mexicanos, guerra civil, URSS. Mais recente foi o ‘‘Eixo do Mal’’ composto por Irã, Iraque e Coréia do Norte, etc. A economia dos EUA sempre foi a base da guerra. A arrogância é a característica mais marcante do governo dos Estados Unidos da América.
   Ok, então vamos iniciar nossa série de ‘‘perguntas’’ acerca das ações e omissões da ONU nos lembrando da época do Governo de George Walker Bush.

   Na época da invasão do Afeganistão pelas Forças Armadas dos EUA em outubro de 2001, Bush bateu à porta do inferno a pretexto de capturar o ‘‘diabo’’, sem se importar se o resto do planeta virasse um purgatório. Na época, até a morte se tornou um perigo porque na falta de prova que Deus existia, o belicista texano decidiu bancar o Todo-Poderoso, mas quase levou a nação americana para as trevas.
   Num cenário dantesco, havia quem se preocupasse com o futuro das Nações Unidas, como se ainda houvesse esperança nas alternativas diplomáticas. Nunca houve! E bastam algumas poucas perguntas para se concluir que nunca haverá.
  
O que fazia a ONU no massacre da Guerra da Coréia e Guerra do Vietnã? Onde estava a ONU quando a Rússia (então União Soviética) invadiu a Checoslováquia (1968) e mais recentemente a Chechênia (1999)? Quando a França espancou a Argélia? Quando a África do Sul aprisionou Nelson Mandela, por 27 anos, para exterminar sem resistência a maioria negra? Quando a Indonésia arrebentou o Timor? Quando a Sérvia trucidou a Croácia, Bósnia e Kosovo? Quem intervém na luta sangrenta entre palestinos e israelenses? Onde estavam Kofi Anan e Butros Ghali durante os massacres em Angola, Congo, Etiópia, Ruanda, Sudão e Uganda? Como o ex-oficial nazista Kurt Waldhein pôde ser secretário-geral das Nações Unidas?
   Trata-se de omissão criminosa diante de matanças com mais de 4 milhões de corpos – vítimas de uma combinação letal: o mau uso do poder do dinheiro e a banalização da força das armas. O jogo sujo se deve ao FRACASSO DA DEMOCRACIA e à fraqueza da humanidade, cúmplice e refém do colonianismo, imperialismo e totalitarismo.
   De todos os temores impostos por mais guerras covardes e estúpidas que a ‘‘polícia do mundo’’ fará, deve-se poupar o medo de que a ONU desapareça. Afinal onde ela estará quando os EUA deflagrar de vez a Terceira Guerra Mundial?

Filipe Avelar